Organizar as contas

De guarda-chuva a esteira de academia: o que é possível alugar em vez de comprar

Os produtos são cada vez mais variados; consumidor adere ao hábito da locação em busca de economia de dinheiro e espaço

Quem nunca comprou um guarda-chuva de um camelô depois de ser pego de surpresa, na rua, por uma chuva inesperada? Ou desistiu de fazer uma atividade física porque não suporta ambiente de academia e está com o dinheiro curto para investir em uma esteira de primeira linha. Ou ainda, desistiu de lavar a calçada depois por não ter onde guardar um bom lava-jato de alta pressão.

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Demandas como as descritas surgem a todo momento na vida das pessoas. Para atender a essas necessidades empresas têm investido em modelos de negócio em que não é preciso ter dinheiro para comprar, mas sim para alugar por tempo de uso diferentes produtos.

Oferta diversificada

A variedade de produtos cresce na mesma velocidade do interesse dos brasileiros por essa alternativa mais barata, mas além de economizar locar por tempo de uso ela também atende a outra necessidade, como a falta de espaço nos imóveis para quem não sabe mais onde armazenar compras.

Hoje, a lista de produtos para locação inclui, por exemplo, itens da área de saúde, bem-estar, bricolagem e até guarda-chuva e bolsa de luxo. Sem deixar de fora, é claro, categorias mais tradicionais, como os trajes para festa e carros.

Veja alguns produtos que estão disponíveis para o aluguel:

  • Equipamentos hospitalares, como macas, cadeiras de rodas;
  • Bolsas de luxo;
  • Guarda-chuva;
  • Equipamentos esportivos, como esteiras e bicicletas;
  • Roupas de festa, como smokings e vestidos de noiva;
  • Extratora para limpeza de sofás e tapetes;
  • Playstation;
  • MacBook;
  • iPhone;
  • Prancha de surf;
  • Itens para decoração e festas;
  • Carro;
  • Mala de viagem.

Soprador de folhas atrai interessados em alugel

Altino Cristofoletti Junior, CEO da Casa do Construtor, fundou a empresa há 30 anos. Logo no início, ele e o sócio perceberam que havia oportunidade em ampliar o escopo da loja e atender a profissionais e empreiteiras que queriam apenas alugar equipamentos usados em atividades na construção civil. Não demorou muito para surgir outra demanda, a doméstica. Com isso, novos produtos passaram a ser oferecidos na rede de franquias para atender também a esse nicho.

Atualmente, entre os produtos mais procurados na rede de franquias, que conta com 600 lojas, estão a lavadora de alta pressão, extratora, aspirador, soprador de folhas e cortadora de grama. Os aluguéis são por um período mínimo de um dia. Quem quiser levar um soprador de folhas para casa pagando uma diária, por exemplo, vai gastar, em média, R$ 74,44.

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Segundo Cristofoletti, com as pessoas mais tempo em casa durante a pandemia, a demanda aumentou. “A pessoa física não ligada tanto para esses acessórios ligados à construção, mas isso mudou com o início da pandemia, porque a casa ganhou um novo significado. Virou o espaço para estudo, trabalho, alimentação e lazer, que fez com que o sentimento fosse de tentar gerar melhorias”, detalha.

O empresário viu que precisaria aproveitar a oportunidade de mudar o portfólio para esse público. Por exemplo, ao incluir as extratoras, usadas para limpar sofás e tapetes, entre as opções para aluguel. Já os robôs aspiradores ainda não tiveram muita procura.

Recursos finitos

Outra razão para o interesse crescente pelo aluguel em vez da compra é a disseminação do conceito de economia compartilhada, principalmente entre os mais jovens. Sob a reflexão de que os recursos financeiros e naturais são finitos, cada vez mais pessoas preferem ter um produto apenas na hora de usá-lo em vez de deixá-lo no fundo de um armário.

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Normalmente quem chega a uma das lojas de Cristofoletti ou a outras empresas que oferecem o aluguel de mercadorias traz certa desconfiança. Será que o produto vai funcionar? E se quebrar, o que fazer? Como usar pela primeira vez? Na Casa do Construtor, o problema foi resolvido com a inclusão de um folheto com instruções de uso. Se o item locado tiver algum tipo de problema (desde que não seja por mau uso), a rede se responsabiliza por fazer a troca.

Máquina de guarda-chuva

Nathan Janovich e Freddy Marcos, fundadores da Rentbrella, investiram em vending machines para quem precisa de um guarda-chuva. A operação está distribuída por 6 estados e já passou as 20 cidades, como São Paulo, além de Nova York e Londres. Atualmente, são cerca de 900 pontos (ou máquinas) e 60 mil guarda-chuvas compartilhados.

“As primeiras 24 horas de uso são sempre gratuitas, em cada utilização, em todas as nossas operações. No segundo e no terceiro dia sem a devolução será cobrada uma taxa no valor de R$ 2 por dia”, explica Marcos. Caso não haja devolução, ao final do terceiro dia, cobra-se uma multa adicional de R$ 34 e o usuário pode ficar com o guarda-chuva.

Sábados, domingos e feriados não são considerados dias de uso, portanto não há cobrança. “Atualmente 98% das utilizações são gratuitas, ou seja, as pessoas devolvem dentro de 24 horas”, segundo Janovich.

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O serviço é gratuito graças ao modelo de negócio adotado pelos fundadores. As máquinas de guarda-chuva são patrocinadas por empresas que viabilizam o serviço. É o caso da Unimed Nacional, que tem sua marca em, aproximadamente, 350 pontos em São Paulo.

“Acreditamos que esse modelo de negócio contribui para incentivar cada vez mais a cultura do compartilhamento, a sustentabilidade, auxiliando na redução do lixo urbano”, ressalta Janovich. Além disso, diz o empresário, a marca atua sob um viés sustentável – os tecidos dos guarda-chuvas são fabricados a partir de garrafas PET recicladas. Após o fim do ciclo de vida do guarda-chuva, seus tecidos são usados para fazer outros materiais, como ecobags, estojos, mochilas e malas de maternidade, destinados a ONGs e escolas.

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