Organizar as contas

Desenrola: tudo sobre o novo programa de renegociação de dívidas do governo

Ministro da Fazenda quer renegociar um total de R$ 50 bilhões em pagamentos atrasados. 70 milhões de brasileiros estão inadimplentes, segundo a Serasa

Mulher olhando assustada para uma folha contas e endividamento. Foto: Adobe Stock
O endividamento é um problemas cônicos decorrentes das taxas de juros elevadas. Foto: Adobe Stock

O número de brasileiros com o nome sujo voltou a crescer no país e atingiu 70,09 milhões de brasileiros em janeiro, segundo a Serasa. Apenas entre dezembro e o primeiro mês de 2023, foram 600 mil pessoas a mais com o nome restrito no país. A faixa etária entre 26 e 40 anos é a mais afetada, representando 34,8% do total dos inadimplentes.

Diante desse quadro, o governo federal deve lançar o programa ‘Desenrola’, para a renegociação de dívidas das pessoas físicas. A medida é uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e tem sido desenvolvida pela equipe econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Qual o objetivo do programa Desenrola?

O foco do programa é a renegociação das dívidas de até R$ 5 mil de trabalhadores com renda máxima de dois salários mínimos – incluindo beneficiários do Bolsa Família. Essas pessoas terão descontos maiores por conta de aportes que serão realizados pelo Tesouro Nacional. No entanto, segundo o ministro, todos os brasileiros negativados podem participar do Desenrola. Quem tiver dívidas acima de R$ 5 mil, não vai poder refinanciar todo esse montante.

Para assegurar juros mais atraentes e garantir uma possível inadimplência nos refinanciamentos, o governo terá um fundo garantidor de aproximadamente R$ 10 bilhões, segundo Haddad. Esse dinheiro virá do Fundo de Garantia de Operações (FGO) – o mesmo do Pronampe – que foi criado pelo governo passado na pandemia para financiar micro e pequenas empresas.

O ministro da Fazenda afirmou que o valor vai ajudar na renegociação de R$ 50 bilhões de dívidas contraídas por 37 milhões de pessoas físicas. Atualmente, a maior parte dos débitos (66,3%) dos brasileiros são com varejistas e empresas de água, luz, gás e telefonia.

“70% das famílias endividadas está no setor de crediário e serviços públicos. Grande parte dessas pessoas têm renda até dois salários. O Desenrola Brasil vai ajudar as famílias a encontrar uma solução para esses problemas, permitindo que voltem ao mercado de crédito”, disse Fernando Haddad.

O especialista da Valor Investimentos, Charo Alves, afirma que o programa de renegociação de dívidas é positivo, mas alerta que pode trazer efeitos indesejados para a economia.

“A preocupação é que o programa pode ser um veículo a mais de inflação. Ao favorecer crédito – no momento que os preços estão voltando a subir – gera um impulso a mais para a inflação”.

Como funcionará o Desenrola para credores?

Os credores que quiserem acessar o programa para renegociar as dívidas dos clientes, precisam conceder altos descontos com prazos de refinanciamento que podem chegar a 60 meses. Importante lembrar que o programa não envolve dívidas com o setor público, apenas junto ao setor privado.

Segundo o ministro da Fazenda, o Desenrola será lançado após a conclusão da plataforma que vai reunir devedores e credores.

“Validamos com o presidente o desenho do projeto Desenrola. Ele autorizou a contratação do desenvolvimento do sistema, que é complexo porque envolve credores privados. Os credores vão entrar num programa pelo tamanho do desconto que se dispuserem a dar aos devedores, justamente aqueles que estão com o nome e o CPF negativado no Serasa ou empresas semelhantes”, disse Haddad.

+ Mutirão da Febraban renegocia dívidas bancárias durante mês de março

Para Charo Alves, o Desenrola é apenas uma ponta em um grande pacote de medidas que o governo precisa adotar para destravar a economia.

“O principal ponto dessa peça vai ser a reforma tributária. Isso sim vai equilibrar melhor e dar uma noção para o mercado e para a economia do controle fiscal em 2023”, conclui o especialista da Valor Investimentos.

Onde será feita a renegociação?

A renegociação das dívidas será realizada através de um programa que ainda está em desenvolvimento pela equipe do governo. O sistema é complexo de ser implementado porque precisa concentrar na mesma plataforma devedores, credores e bancos.

+ Será que você está superendividado? Faça o teste para saber

O sistema será operado por empresas que registram o histórico de pagamentos das pessoas – como a Serasa e o SPC, por exemplo. Pelo lado do consumidor, haverá um site onde será possível consultar as dívidas e negociá-las através do CPF.

O Desenrola será implementado por meio de medida provisória. O secretário de reformas econômicas da pasta, Marcos Barbosa, vai conduzir o programa que busca dar alívio para as famílias e ao mesmo tempo aumentar o consumo e ajudar na economia.

Para saber ainda mais sobre investimentos e educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3.

Sobre nós

O Bora Investir é um site de educação financeira idealizado pela B3, a Bolsa do Brasil. Além de notícias sobre o mercado financeiro, também traz conteúdos para quem deseja aprender como funcionam as diversas modalidades de investimentos disponíveis no mercado atualmente.

Feitas por uma redação composta por especialistas em finanças, as matérias do Bora Investir te conduzem a um aprendizado sólido e confiável. O site também conta com artigos feitos por parceiros experientes de outras instituições financeiras, com conteúdos que ampliam os conhecimentos e contribuem para a formação financeira de todos os brasileiros.