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Dívida na praça? Saiba o que pode ser bloqueado na sua vida em caso de inadimplência

Inadimplência pode dificultar o acesso a crédito e até, em situações excepcionais, levar ao bloqueio de documentos

De acordo com o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas da Serasa, em maio deste ano o número de inadimplentes no Brasil passou de 72 milhões. Estar endividado pode resultar em uma série de consequências negativas, como a perda de bens e dificuldades em obter novos empréstimos ou financiamentos.

Marlon Glaciano, planejador financeiro e especialista em finanças, afirma que a pressão constante para pagar dívidas pode causar estresse significativo e afetar tanto a saúde mental quanto a física, além de prejudicar relacionamentos pessoais. “Problemas financeiros também limitam a capacidade de poupar e investir para o futuro, dificultando a realização de objetivos de longo prazo”.

“Sabemos que os juros no mercado brasileiro são estratosféricos, então, a dívida vai aumentar significativamente. Por consequência, a pessoa inadimplente tem o nome negativado no SPC e no Serasa”, aponta Carlos Castro, planejador financeiro e CEO da SuperRico

Segundo o CEO da SuperRico, isso, além de reduzir o score de crédito, vai limitar o acesso a outras linhas de crédito, complicando inclusive uma estratégia de desalavancagem, que é trocar uma dívida mais cara por uma dívida mais barata

As consequências da inadimplência

Castro destaca que, a depender do tipo de dívida, o inadimplente corre o risco de ter a suspensão dos serviços, como no caso de contas de luz e água. 

“Em último caso, por meio de processos judiciais, pode-se chegar a ter até a penhora de bens. São casos de dívidas com financiamento de um carro ou de um imóvel, em que [o devedor] pode, inclusive, perder o bem”, ressalta.

Glaciano destaca que quando alguém está endividado e enfrenta ações legais dos credores, diversos ativos podem ser bloqueados ou confiscados para garantir o pagamento da dívida, incluindo contas bancárias, parte do salário, bens (como casas, terrenos e veículos) e até outros itens de valor, como móveis e eletrônicos. 

“Além disso, recebíveis do devedor, como aluguéis, podem ser redirecionados para os credores por ordem judicial. Essas medidas visam recuperar o valor devido, embora itens essenciais para o trabalho e uma parte mínima do salário geralmente sejam protegidos por lei”, afirma ele.

A pessoa negativada pode perder a CNH ou passaporte?

No Brasil, a negativação de uma pessoa endividada não resulta diretamente na perda da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou do passaporte. No entanto, em casos específicos e extremos, como a falta de pagamento de pensão alimentícia, o juiz pode determinar a suspensão da CNH e do passaporte como forma de coagir o devedor a quitar a dívida. 

Marlon Glaciano destaca que essas medidas são excepcionais e aplicadas em situações em que outras tentativas de recuperação do valor devido foram esgotadas.

O que fazer em casos de bloqueios por dívida?

Agora, caso a pessoa já esteja lidando com as consequências da inadimplência, é hora de pensar em alternativas para sair dessa situação. Neste caso, a primeira ação deve ser buscar a renegociação com os credores para tentar acordos mais favoráveis de pagamento.

“Analisar o orçamento pessoal para identificar e cortar despesas pode ajudar a liberar recursos para o pagamento das dívidas. Além disso, explorar formas de gerar renda extra pode acelerar o processo de quitação das obrigações financeiras e a recuperação do controle sobre os ativos bloqueados”, afirma Glaciano.

Buscar ajuda profissional também é uma alternativa interessante para aqueles que estão com problemas por bloqueios. Consultar um advogado ou um especialista financeiro para entender os direitos e as opções legais disponíveis é um ponto essencial.

“Atualmente, há profissionais que atuam especificamente com os endividados, até em virtude da lei do superendividamento. Então, apoio jurídico também será necessário para que a pessoa possa se reorganizar e se restabelecer”, completa Carlos Castro.

Por fim, Glaciano ainda reflete que a necessidade de destinar grande parte da renda para o pagamento de dívidas reduz a qualidade de vida, ao limitar o acesso a lazer, educação e saúde. “Portanto, é crucial adotar medidas proativas para gerenciar e resolver dívidas, buscando orientação profissional quando necessário”.

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