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Hora de comprar? Busca por compra de imóvel supera aluguel

Para especialistas, a elevada taxa de juros ainda demanda cautela de quem precisa financiar um imóvel

As buscas pela compra de imóveis têm crescido no Brasil. De acordo com um levantamento feito pelo Google, as pesquisas por compra e venda cresceram 12,2% no início de 2024. As buscas por aluguel cresceram menos – 8,3% no período. Nos estados do Tocantins, Piauí e Espírito Santo, o crescimento de buscas por compra e venda de imóveis superaram os 20%.

Além do aumento de buscas na internet, a economia real também tem mostrado o movimento. Em 2023, as vendas de novos imóveis tiveram alta de 32,6% no País, segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Com mais de 163 mil unidades comercializadas, o ano marcou o maior volume de vendas desde o início da série histórica, há 10 anos.

“Apesar das altas taxas de juros nos últimos anos, houve certa recuperação econômica, com a redução do desemprego e aumento da renda média, que pesam tanto quanto [os juros] e explicam essa maior demanda”, diz Bruno Milech, planejador financeiro pela Planejar, Associação Brasileira de Planejamento Financeiro.

Mercado cresce, mas de forma desigual

Para Luiz França, presidente da Abrainc, parte do impulso do ano passado veio de programas do governo. “Frente a um desafiador início de ano no contexto macroeconômico, com repercussões em diversos setores, os ajustes nos indicadores econômicos e as melhorias substanciais no programa Minha Casa, Minha Vida desempenharam papéis determinantes no bom desempenho do setor no último ano”, afirmou.

Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção do FGV IBRE, também cita o Minha Casa, Minha Vida como um fator que impulsionou as vendas no ano passado.

“O resultado do último ano reflete uma reação que aconteceu principalmente no último trimestre, e foi muito puxado pelo mercado econômico”, diz. O aumento do limite do valor dos imóveis elegíveis ao MCMV para R$ 350 mil atraiu novamente o interesse das incorporadoras.

“Com esses recursos, o financiamento do FGTS e o interesse das incorporadoras, esse se tornou um mercado muito atrativo, com taxas de juros bem inferiores ao restante do mercado, mesmo comparando com as linhas que usam recursos da poupança”, diz Castelo.

Para segmento de imóveis para média renda, cenário ainda é desafiador

Por outro lado, para as famílias que não se enquadram no programa do governo, as taxas de juros para financiamento imobiliário no mercado ainda são altas, lembra a coordenadora do FGV IBRE.

“Se você vai comprar um imóvel usado, em que já busca o financiamento com o banco, ainda vai encontrar taxas elevadas”, diz ela. “O funding da poupança vem sofrendo com os saques. Existe uma regra que determina que parte dos recursos da poupança sejam direcionados ao mercado imobiliário, mas a maioria dos bancos já tem volumes de financiamento imobiliário superiores”, afirma.

E segundo ela, mesmo com a expectativa de que a Selic encerre o ano entre 8,5% e 9%, isso ainda pode trazer dificuldade para as famílias. “Ainda vejo cenário mais desafiador para essa parcela da população que precisa financiar o imóvel”, diz.

Luiz França, da Abrainc, por outro lado, é mais otimista. “O mercado de médio padrão começa a ganhar força quando a Selic cai abaixo de dois dígitos”, diz. Ele afirma também que existe um grande potencial de valorização dos imóveis, ainda que haja dependência do crescimento da economia brasileira a do aumento da massa salarial.

Quais cuidados tomar ao comprar um imóvel?

O planejador financeiro Bruno Milech lembra que é necessário tomar alguns cuidados na hora de fazer uma aquisição de um bem de valor importante como um imóvel.

O primeiro passo, diz ele, é confirmar se o vendedor é confiável. “Se você está comprando um imóvel novo, precisa entender de quem está comprando, qual a solidez da construtora”, diz.

Além disso, Milech afirma que é preciso avaliar todos os custos, não apenas o valor da prestação. Os gastos, lembra ele, não se resumem ao valor do imóvel, mas do mobiliário e dos gastos que as pessoa terá de arcar como proprietária, como o IPTU.

E é preciso se preparar com cautela, afinal, ele lembra que “durante algum tempo, pode ser que a pessoa conviva com uma situação em que é inquilina e pagadora de um financiamento”. Sobre o valor da parcela do financiamento, o planejador sugere que não deve superar 25% da renda líquida mensal.

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