Organizar as contas

Não recebeu o 13° salário? Veja o que fazer

O 13° salário pode ajudar a desafogar dívidas e impulsionar planos para o futuro

Cofrinho em forma de porco, em pedaços e sobre um monte de moedas
Apesar de saber que o mercado financeiro oferece perdas e ganhos, ninguém que entra nele está preparado o tempo todo para ter prejuízos. Foto: Adobe Stock

O objetivo principal do 13° salário, que é garantido por lei para quem trabalha no regime CLT, é cobrir as despesas extras de final de ano. Por isso, em alguns lugares ele é chamado de gratificação natalina ou subsídio de Natal. O valor pode chegar a até um salário mensal completo. Mas o que fazer se você tem o direito ao 13° e ele não for pago? 

“No Brasil, uma grande parte das pessoas utiliza o 13° para pagar as dívidas que foram feitas no decorrer do ano, o que acaba sendo um alívio para a situação financeira que se arrasta há vários meses”, conta Eduardo Reis Filho, educador financeiro e especialista em investimentos da Ágora

Por isso, a falta de pagamento do salário extra pode ser uma tragédia para o planejamento financeiro de alguém endividado. A situação é ao menos desconfortável, pois muita gente já estava esperando o valor extra. Bora entender o que fazer!

O que fazer se o 13° não for pago?

Se o valor recebido for menor por motivo de erro de cálculo da empresa, a orientação de Reis é que procure o RH para esclarecimentos e, na melhor das hipóteses, um acerto de contas. O melhor é que a solicitação seja feita via e-mail ou pelos canais oficiais da empresa, de modo que a mensagem tenha valor oficial e possa ser utilizada como prova, se necessário.

Se o RH não ajudar, é preciso acionar o sindicato da empresa ou da classe trabalhista para registrar uma denúncia. Se, mesmo assim, a requisição não andar, o próximo passo é fazer uma denúncia pelo canal do Ministério Público do Trabalho. Lá o trabalhador poderá fazer a queixa que, se não for atendida, servirá de base para um processo trabalhista.

“Agora, se o recebido foi menor de acordo com sua avaliação e os cálculos estiverem corretos, temos dois cenários: o primeiro é que você não deveria ter comprometido um valor sem ter certeza dele. Nesse caso, não adianta chorar pelo leite derramado. O segundo cenário é se adaptar à realidade caso tenha gastado mais do que a receita. A saída é utilizar uma parte das suas reservas ou até mesmo buscar alguma solução de crédito que se adeque a sua realidade de pagamento”, afirma o especialista. 

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Ele ressalta que o produto correto de crédito faz toda a diferença. Para prazos mais curtos, o cheque especial pode ser uma saída com menos burocracias que um contrato de crédito específico. Mas se a conta será paga ao longo de vários meses, a recomendação é fazer uma pesquisa por melhores linhas de crédito pessoal.

Como o 13° salário é calculado?

O valor do 13º pode chegar a se igualar ao salário, desde que o funcionário tenha ficado 12 meses na empresa, de janeiro a dezembro.

Nos casos em que o funcionário tenha começado a trabalhar depois, o valor do 13° será calculado de acordo com o número de meses trabalhados. Funciona assim: cada mês de serviço equivale a 1/12 do total do salário extra.

Se você entrou em março, por exemplo, receberá 10/12 do salário regular. Suponha que o salário seja de R$ 3 mil. Dividido por 12, o valor de cada mês trabalhado é de R$ 250. Para saber quanto vai receber, basta multiplicar os R$ 250 (valor equivalente a cada mês trabalhado) por 10 (número de meses trabalhados). Ou seja, o 13º nesse caso seria de R$ 2.500. Uma graninha, né?

Vale lembrar, no entanto, que há descontos no 13º salário, como imposto de renda, FGTS e INSS.

Devo incluir o 13° no meu planejamento financeiro?

Para que o recurso seja utilizado da melhor maneira possível, é importante que seja gasto com as necessidades e desejos verdadeiros, mas também de acordo com as estratégias traçadas no planejamento financeiro.

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Recebi o 13º salário: o que faço primeiro com esse dinheiro extra?

“Devemos listar todas essas contas e analisar se faz sentido parcelar ou pagar à vista com desconto. Uma parte do 13º pode ser destinado para ‘desafogar’ as contas do início do ano para não começarmos 2024 com novas dívidas”, afirma.

Como gastar bem o salário extra?

A prioridade de qualquer dinheiro extra é quitar as dívidas ou reduzir o saldo devedor. Mas, se você não está endividado, o 13° pode servir para impulsionar a poupança de longo prazo e para realização de objetivos. 

“Para aqueles que já atingiram o equilíbrio das contas no dia a dia e já poupam para o futuro, sempre tem um mês ou outro que fica apertado e não se consegue investir o proposto. O 13° pode compensar essa diferença”, diz Clay Gonçalves, planejadora financeira CFP pela Planejar

Ela também afirma que o valor pode ser um aporte extra na previdência, seja para aumentar o saldo ou para completar as aplicações necessárias para os 12% da renda tributável no PGBL.

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