Organizar as contas

O que é estresse financeiro e como lidar com ele

O estresse financeiro tem impacto sobre a saúde mental e, consequentemente, a saúde física, produtividade e também vida pessoal

Está ansioso, deprimido, dormindo mal, comendo mais e sua maior preocupação é com o valor da fatura do cartão de crédito ou os boletos? Você pode estar com estresse financeiro.

O estresse financeiro tem impacto sobre a saúde mental e, consequentemente, sobre a saúde física, produtividade e também a vida pessoal. Isso pode fazer com que, caso o problema não seja bem tratado, leve um orçamento já apertado a piorar se a perda de produtividade provocar desemprego.

“Há o risco de um ciclo vicioso. O estresse financeiro pode tirar o foco até mesmo de oportunidades de rendimentos”, diz Claudia Yoshinaga, coordenadora do Centro de Estudos em Finanças (FGV-Cef).

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Mas engana-se quem pensa que apenas pessoas endividadas sofrem desse mal, aponta o psiquiatra Arthur Guerra, autor do livro “Você aguenta ser feliz?”, em parceria com Nizan Guanaes. “Atendo clientes que vivem sob a pressão de que perderão todo o seu patrimônio. Outros ganham bem, mas gastam demais e se sentem pressionados”.

O fenômeno, na visão de Guerra, é impulsionado pelas redes sociais. “Há uma frustração constante de que estamos ficando para trás. Gastamos e nunca é suficiente: sempre tem algo a mais para comprar. E não sabemos esperar. O salário aumenta e sobe também o padrão de vida: a pressão continua ali”.

Como cortar o ciclo

A falta de propósito sobre para onde será direcionada a renda impulsiona o estresse financeiro. Por isso, Guerra recomenda estabelecer prioridades. “Costumo perguntar a meus clientes: você quer ganhar dinheiro para que? Ter um padrão de vida melhor, um seguro-saúde? Prefere ter um estilo de vida mais saudável ou ganhar mais dinheiro e ficar ansioso?”.

Para ele, é importante buscar ajuda especializada, interagir com a família e amigos e ter qualidade de vida. “Ter uma boa saúde mental inclui um padrão de vida razoável, fazer exercícios, ter sono adequado, se ocupar com uma atividade profissional ou acadêmica e também cuidar das finanças”.

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O estresse, aponta, sempre irá existir. Contudo, é possível administrá-lo ou até neutralizá-lo para que não se torne um fator que provoque doenças no futuro.

Como forma de evitar piorar o estresse financeiro, Yoshinaga, da FGV, recomenda evitar tomar decisões financeiras em momentos de alta emoção, tanto euforia como desespero. “Nestes momentos os níveis de irracionalidade aumentam e nos levam a tomar decisões ruins”.

O conselho é respirar e demorar um tempo para tomar a decisão. “Vai fazer um investimento relevante ou comprar algo de valor alto? Pense até amanhã se quer mesmo tomar a dívida ou se é melhor evitar problemas no futuro”.

Planejamento financeiro é solução

O erro que mais leva ao estresse financeiro é não planejar de forma adequada o que fazer com os recursos que se tem, diz Guerra. “Ter um padrão de vida superior à renda levará às dívidas, o que fatalmente causará estresse e insônia”.

Segundo o psiquiatra, é comum que clientes que estão com estresse financeiro não queiram encarar o orçamento mensal. “Muitos sabem que ganham um bom salário e ficam constrangidos em saber que gastam tudo e não sobra nada para poupar e investir”.

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Existem ainda os chamados empurrõezinhos, pequenos lembretes que podem ajudar a chegar ao objetivo de colocar as finanças em ordem e dormir tranquilo. A mais importante talvez é receber o salário e já separar um valor para investir, diz Yoshinaga.

“Não é para entrar no cheque especial, mas adequar o orçamento ao que sobrar. É necessário inverter a lógica de que só é possível poupar se sobrar algum dinheiro. Se pensarmos dessa forma é capaz de nunca sobrar nada”.

A solução para o problema, pontua Yoshinaga, requer uma boa dose de paciência. “Se o estresse financeiro não começou do dia para a noite provavelmente também não irá se resolver dessa forma”.

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