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O que é resiliência financeira? Veja como ela ajuda no bem-estar

Pressões inflacionárias ao redor do mundo e no Brasil, aliadas aos juros altos, colocam em xeque a habilidade de superar choques financeiros negativos. Veja como se proteger

Palestra da ENEF na B3 sobre resiliência financeira. Foto: Cauê Diniz/ Divulgação
Palestra da ENEF na B3 sobre resiliência financeira. Foto: Cauê Diniz/ Divulgação

Ter resiliência financeira significa ter capacidade de superar choques financeiros negativos. E, atualmente, não faltam choques para colocarmos em prática essa habilidade.

São pressões inflacionárias ao redor do mundo e no Brasil causadas por problemas geopolíticos que impactam preços de produtos; e também os juros altos, que encarecem o custo de empréstimos e financiamentos.

Para explicar como a resiliência financeira ajuda a conquistar bem-estar financeiro, a primeira palestra da 10º edição da Semana de Educação Financeira (ENEF), transmitida da sede da B3, reuniu Nathalie Vidual (CVM), superintendente de proteção ao investidor da CVM; Paulo Roberto Pinto, secretário do Regime Próprio e Complementar do Ministério da Previdência Social; e o coordenador-Geral de Estudos e Monitoramento de Mercado da da Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacom), Victor Hugo do Amaral Ferreira; entre outros.

O que é resiliência financeira e como obtê-la?

Vidual aponta que o caminho para obter resiliência financeira é entender as próprias despesas, o orçamento familiar, que é adequado gastar menos do que recebe e mapear objetivos, inclusive estimando qual patrimônio se deseja construir. Também passa por conhecer quais aspectos podem impactar nas finanças e na qualidade de vida.

Segundo a executiva, precisamos basicamente de três coisas para conquistar resiliência financeira: disciplina, consistência e cultura de investimento de longo prazo. “A resiliência financeira não é algo estático: é um atributo que construímos ao longo do tempo, por meio de decisões diárias relacionadas ao consumo, investimentos e patrimônio”.

Quanto mais cedo começar, mais fácil é criar hábitos financeiros saudáveis e atingir a resiliência, conclui. “Não precisa guardar um grande montante todos os meses. Mas poupar um pouco já ajuda”.

A importância da previdência social

Pinto, do Ministério de Previdência Social, destacou a importância da previdência para a conquista desse bem-estar financeiro. Ele ressaltou que a aposentadoria do INSS por idade é apenas um dos seguros oferecidos dentro de um pacote de benefícios, que inclui o salário-maternidade, a aposentadoria por invalidez, auxílio-doença, auxílio-acidente e pensão por morte.

Ou seja, a previdência proporciona proteção ao trabalhador tanto em momentos de crise individual (doença, incapacidade e morte) como coletivo, a exemplo da pandemia da covid-19. “No período a previdência social preservou renda e subsistência para milhões de famílias e também tomou medidas extraordinárias, como a antecipação do pagamento do 13º para aposentados e do auxílio por incapacidade temporária (auxílio-doença)”.

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Ainda assim, segundo Pinto, apenas 70% da população ocupada entre 16 e 59 anos contribui para a previdência social. “Nos preocupam os 30% que estão desprotegidos”. Entre eles, conta, 19% sãos idosos. “Quando o trabalhador contribui para a previdência social ele adquire um seguro que garante proteção contra diversas ocorrências, e não apenas garante renda na aposentadoria”.

Ele demonstra o reforço que os benefícios dão apontando que, caso não houvesse previdência social, o nível de pobreza média do país subiria de 32% para 45%, considerando um rendimento familiar de R$ 606, de acordo com dados de 2021. O aumento seria mais expressivo entre idosos, onde subiria de 10%, em média, para 60%.

Nova lei protege superendividados

O processo de democratização do crédito teve consequências no país e deixou uma grande parcela a população não apenas endividada, mas superendividada. Consumidores nesta condição não conseguem garantir o mínimo essencial para sobreviver no orçamento, pois estão atolados em empréstimos.

Mas Amaral, da Senacom, aponta que a lei 14.181 visa proteger e prevenir essa condição. “A lei sabe que o consumidor não faz isso de má-fé: ele está em situação na qual a prevenção falhou e passou pelo que definimos como acidentes da vida. Ela garante que o superendividado resgate sua dignidade econômica”.

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O tratamento do problema envolve uma fase conciliatória e judicial, caso a primeira etapa não solucione o problema. “Ciente do que deve e da renda que tem, o consumidor pode estabelecer quanto pode comprometer da renda sem prejudicar o mínimo essencial e conseguir ao mesmo tempo quitar suas dívidas. O plano tem prazo de cinco anos”.

Com relação à prevenção, a lei garante responsabilidades a quem concede crédito. Os bancos passam a ter o dever de aconselhamento quando seus clientes ameaçam comprometer o mínimo essencial com empréstimos. “Proteger o consumidor superendividado é importante, pois permite resgatar a economia do país”.

Para saber ainda mais sobre investimentos e educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3.