Organizar as contas

Quanto custa contratar um consultor financeiro para arrumar as minhas contas?

Serviços de um consultor financeiro incluem planejamento para sair das dívidas, organizar o orçamento ou ter assessoria personalizada para investir

Consultora financeira
Um consultor financeiro pode atuar tanto na gestão financeira quanto na orientação de investimentos. Foto: Pexels

Por Élida Oliveira, especial para o Bora Investir
Quem tem dificuldades de se organizar financeiramente pode contar com a ajuda de um consultor financeiro para sair do vermelho, arrumar as contas, encontrar meios de economizar e, até mesmo, começar a investir

Esse profissional pode atuar tanto na gestão financeira quanto na orientação de investimentos. Ele também pode se apresentar como planejador financeiro ou assessor financeiro – o que os diferencia é a certificação para atuar, mas as áreas de abrangência são as mesmas, segundo a Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro).

São esses profissionais que vão dar um jeito no orçamento familiar e propor estratégias presentes e futuras, dependendo da necessidade do cliente – e não precisa ser muito rico nem gastar demais para contar com essa ajuda.

Qual o perfil de quem contrata um consultor financeiro pessoal?

Qualquer pessoa pode contratar um consultor financeiro pessoal. Não é preciso ter grandes quantias de dinheiro para gerir, basta querer se organizar para contar com o olhar especializado desse profissional.

“O trabalho de um consultor é abrangente, não fica restrito somente à área financeira ou aos investimentos do cliente. A gente faz um levantamento geral do momento atual do cliente e o ajudamos a se preparar para as próximas etapas da vida”, explica Andrea Crespi, assessora de investimentos do Grupo Fractal e planejadora financeira CFP pela Planejar.

Mesmo quem está com dívidas pode contratar um consultor financeiro?

Pode parecer contraditório gastar ainda mais para sair das dívidas, mas para Nayra Sombra, sócia da HCI Invest e planejadora financeira CFP pela Planejar, o consultor financeiro pode ajudar a definir estratégias para o devedor sair do vermelho.

Esse profissional poderá auxiliar na negociação de dívidas, indicando os melhores termos, como uma redução de taxas de juros, ou pagamentos mais longos, por exemplo. Nayra explica que esse profissional também pode ajudar a encontrar opções de crédito mais baratas, consolidando dívidas, indicando empréstimos com garantias ou programas de refinanciamento.

“Um consultor financeiro pode ajudar a desenvolver um plano de pagamento estruturado e realista, que leve em consideração as prioridades financeiras do cliente e sua capacidade de pagamento. Isso pode ajudar a evitar a acumulação de mais dívidas e a recuperar o controle financeiro de forma gradual e sustentável”, afirma Nayra Sombra.

Como o consultor financeiro trabalha?

Em geral, a atuação do consultor financeiro pessoal envolve quatro passos importantes, que incluem a avaliação, o estabelecimento de metas, o desenvolvimento do plano financeiro e o monitoramento da execução, explica Nayra Sombra. 

Na avaliação financeira, a análise inclui receitas, despesas, ativos e passivos, o que permite ter uma visão completa da situação atual para identificar áreas de melhoria.

Em seguida, vem o estabelecimento de metas financeiras, em conjunto com o cliente. Nessa etapa, são propostas metas financeiras claras e alcançáveis, que podem incluir algo como economizar para a aposentadoria, comprar uma casa, pagar dívidas ou financiar a educação dos filhos, por exemplo.

Depois, o profissional desenvolve um plano financeiro personalizado. Aqui, não existem fórmulas prontas. É preciso avaliar caso a caso, de acordo com a realidade de cada cliente. “Isso pode envolver a alocação de ativos, a diversificação da carteira de investimentos, o planejamento tributário e a gestão de riscos”, explica Nayra.

Ao fim, é feito um monitoramento do andamento e execução deste plano. Nesta etapa, o que foi traçado no papel precisa funcionar no dia a dia – e o consultor fica de olho nas dificuldades que possam surgir ao longo do caminho, para fazer ajustes e garantir que o plano atinja as metas definidas. 

De bônus, ao passar por todas essas etapas, o cliente acaba tendo aulas de educação financeira, porque o consultor explica os conceitos importantes para aquela pessoa, dá dicas de produtos de investimento e estratégias de gestão financeira para melhor gerenciar seus ganhos.

“O trabalho de um consultor financeiro pessoal é guiar e apoiar os clientes em sua jornada financeira, ajudando-os na tomada de decisões, alcançando assim, seus objetivos”, afirma a planejadora.

Quanto custa o serviço, em média?

O trabalho de consultoria financeira é definido diretamente com o cliente. Conforme os objetivos e prazos, são estabelecidos os valores do serviço, explica Andrea Crespi.

Os consultores podem cobrar por hora, pacote de serviços, ou porcentagem dos ativos sob gestão caso a intenção seja receber assessoria personalizada de investimentos, afirma Nayra Sombra.

Confira abaixo, em tópicos, alguns tipos de serviços e para quem eles são indiciados, segundo Nayra:

  • Por hora: Ideal para clientes que precisam de ajuda com questões específicas ou que desejam uma consulta pontual para esclarecer dúvidas. Os valores podem girar em torno de R$ 200 a R$ 800, dependendo da experiência e especialização,
  • Pacote de serviços: Incluem consultas e serviços específicos ao longo de um período de tempo definido, como um trimestre ou um ano. Os pacotes podem conter reuniões regulares, revisões de portfólio, planejamento tributário, entre outros. Os valores podem ficar entre R$ 1.000 e R$ 5.000 ou mais, dependendo da complexidade e abrangência dos serviços.
  • ⁠Porcentagem de ativos sob gestão: Voltado para quem quer apoio e estratégia personalizada de investimento. O consultor dedicado a uma assessoria personalizada está motivado a ajudar o cliente a aumentar o valor de seus investimentos ao longo do tempo, porque ele cobra uma taxa sobre o valor bruto, que varia entre 0,5% e 2% ao ano.

“O cliente pode contratar um consultor para fazer um contexto financeiro atual, ajudando no dia a dia das finanças presentes e futuras, onde chamamos fase de acumulação de capital. Posterior a isso, na fase de proteção do patrimônio já adquirido, o consultor pode ajudar na preservação e sucessão de patrimônio”, afirma Andrea Crespi.

Como escolher um profissional?

O recomendado é que se procure profissionais com certificação. Há cursos preparatórios para atuar na área e, mesmo que essa certificação não seja obrigatória, ela acaba sendo um norte para quem busca um profissional qualificado.

Duas instituições no país atuam nas certificações: a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) e Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros).

Na Anbima, é possível buscar por profissionais que atuam na área de investimentos, com certificação CEA (Certificação de Especialistas em Investimento). 

Na Planejar, estão os profissionais que atuam com investimentos e planejamento financeiro, com certificação CFP (sigla em inglês para Certified Financial Planner), com abrangência internacional.

Além disso, o indicado é buscar o histórico profissional e as referências do consultor com clientes anteriores, sugere Nayra Sombra.

Outra iniciativa que pode ajudar na escolha é marcar reuniões iniciais com os consultores para alinhar objetivos e estratégias – nesta etapa, será possível verificar se o perfil do consultor está alinhado com o do cliente, e se ele demonstra interesse genuíno em conhecer as necessidades e motivações de quem irá atender.

“Use essa oportunidade para fazer perguntas sobre sua abordagem para o planejamento financeiro, sua experiência com clientes [de perfis] semelhantes ao seu e sua capacidade de fornecer soluções personalizadas e orientação eficaz”, sugere Nayra Sombra. 

Além disso, é importante fechar um contrato em que os termos e condições do acordo estejam claros para ambos os lados, incluindo responsabilidades e políticas de rescisão. Por exemplo: o que acontece se o plano de ação for implementado, mas os objetivos não forem alcançados? Quais possíveis ajustes poderão ser feitos? Como será feito o monitoramento da execução do projeto? Nesta etapa, é importante esclarecer todas as dúvidas para não chegar ao fim da jornada frustrado e sem atingir os objetivos.

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