Seu salário diminuiu? Saiba como priorizar e reorganizar o orçamento
Ter clareza sobre os gastos e saber definir o que dá ou não para cortar no orçamento é essencial para se adequar à nova realidade
Élida Oliveira, especial para o Bora Investir
Fechar as contas todos os meses não é uma tarefa fácil para grande parte da população, especialmente entre moradores de cidades grandes, onde o custo de vida é mais alto. Por isso, quando ocorre uma redução do salário ou do orçamento familiar, é importante reavaliar os gastos, elencar quais são as prioridades e, assim, não ficar com saldo negativo.
A redução do salário pode ocorrer por iniciativa da empresa, caso ela esteja passando por uma dificuldade financeira. A medida está prevista na CLT (Convenção de Leis Trabalhistas) e tem o propósito de evitar demissões, mas só pode ser implantada após acordo com o sindicato dos trabalhadores.
Já a redução do orçamento familiar pode acontecer em situações diversas, como quando o profissional autônomo perde clientes ou precisa reduzir as horas de trabalho, uma mudança de emprego, quando há divórcio e a renda deixa de ser a soma de duas pessoas, ou ainda quando chega a aposentadoria e não há uma previdência complementar.
Nestes casos, é preciso reavaliar as despesas para priorizar os gastos.
Raio X do orçamento
Tatiane Viana, educadora financeira, mentora e professora da Eu me banco, afirma que, nesses casos, é preciso informar toda a família sobre a situação atual, de forma clara, para que todos fiquem cientes de que será preciso reequilibrar as contas.
Depois, é preciso ter clareza sobre o orçamento. A educadora financeira sugere que as despesas sejam listadas em uma planilha de computador ou com papel e caneta. Ao fazer esse levantamento, será possível identificar quais são os gastos fixos e essenciais e quais são os gastos variáveis e supérfluos.
Como priorizar
Depois de identificar os principais gastos, a dica é priorizar o que não dá para cortar e identificar onde dá para economizar. Além disso, é preciso identificar os custos fixos e variáveis para saber quais contas vão chegar todos os meses e quais vão surgir apenas em determinadas ocasiões do ano.
O que não dá para cortar são os gastos chamados de essenciais. Depois de listar as contas, crie uma categorização para as despesas, identificando aquelas que são essenciais.
Contas relacionadas à moradia, alimentação, transporte, água, luz e internet são elementos comuns em quase todos os orçamentos. Em seguida, podem entrar plano de saúde, condomínio, educação, entre outros.
Em geral, esses gastos são difíceis de cortar, embora possa haver um esforço de economizar em alguns deles.
Já os gastos variáveis são aqueles que surgem em determinadas épocas do ano, como pagamento de impostos, compra de material escolar, presentes para aniversários da família.
Os gastos supérfluos são aqueles que podem ser ajustados, como academia, banho do pet, salão de beleza, compras.
“Para os gastos essenciais, nem sempre é possível cortar, mas entender o orçamento é crucial. Veja se consegue negociar a escola das crianças, por exemplo. Se não, considere uma escola pública. Com a internet, procure um plano mais barato, mas que atenda às suas necessidades”, sugere a educadora financeira.
Reorganizando o orçamento
Olhar para os próprios gastos e identificar quais são dispensáveis e quais são indispensáveis é um exercício de autoconhecimento e desapego. Em geral, todos os orçamentos parecem ter somente itens essenciais – inclusive os supérfluos podem ser considerados essenciais se servem para trazer bem-estar para aquela pessoa.
No entanto, considere que a situação é temporária e que há gastos que podem ser reavaliados – se não cortados, apenas reduzidos.
Para ajudar a reorganizar o orçamento, algumas técnicas sugerem dividir as contas em percentuais fixos, como 50%, 30% e 20%. Isso significa distribuir a receita líquida em:
- 50% para despesas essenciais;
- 30% para gastos não essenciais;
- 20% para reserva financeira ou projetos futuros.
Ao somar as despesas essenciais e perceber que elas superam 50% da sua renda, observe se é possível economizar nas outras áreas.
“Os métodos de divisão da renda ajudam a organizar suas finanças e são válidos, mas não são regras fixas. Adapte-os para entender se seu orçamento está equilibrado. Se os gastos essenciais estão acima de 50%, você terá menos espaço para lazer e investimentos”, explica Viana.
Reserva de emergência
É sempre importante pensar em manter uma reserva financeira para situações que exijam uma renda de emergência. Essa reserva deve ser montada em situações quando não há estresse financeiro, para que você possa usufruir dos recursos quando o inesperado acontecer.
Para montar a reserva de emergência, estime quais são seus custos fixos mensais e tenha como objetivo guardar uma quantia que seja referente a, no mínimo, seis meses de gastos. Guarde o que for possível todos os meses, até chegar a essa quantia.
Enquanto os recursos estão sendo guardados, destine esses valores para investimentos que tenham liquidez imediata, assim você poderá ter acesso ao dinheiro sem precisar esperar. Um carro ou um imóvel, por exemplo, não podem ser considerados reservas de emergência, porque precisam ser vendidos para liberar o dinheiro – o que pode demorar algum tempo.
“Para aumentar o orçamento, viva sempre um degrau abaixo do seu teto financeiro. Assim, estará preparado para possíveis reduções”, afirma a educadora financeira.
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