Viver de renda: quanto preciso investir para ter rendimento de R$ 3 mil ao mês?
Ter uma renda para a independência financeira deve ser o principal objetivo dos investimentos, dizem especialistas
Não precisar trabalhar para ter uma renda no fim do mês ou receber uma boa quantia apenas com o rendimento dos próprios investimentos. Parece impossível, mas não é. Viver de renda é um dos grandes desejos de quem começa a investir. Mas, apesar de real, essa possibilidade exige disciplina, comprometimento e paciência.
O diretor da Suno Wealth e Suno Consultoria, Ivens Gasparotto, diz que existem dois grandes objetivos para quem começa a investir: a reserva de emergência e a independência financeira. Para ele, a segunda é a forma mais bacana e inteligente para se viver. “É um objetivo primordial, talvez o mais importante que a gente tenha quando pensa na nossa trajetória financeira”, afirma.
Quanto investir para ter renda de R$ 3 mil/mês?
Para Gasparotto, não há muito segredo para conseguir chegar a uma renda mensal de R$ 3 mil em rendimentos, além de começar o quanto antes. Segundo ele, o único caminho é juntar patrimônio e investi-lo em ativos geradores de renda, como ações que pagam dividendos, fundos imobiliários (FIIs) e ativos de renda fixa, como o Tesouro IPCA+.
Recorrer a ativos de diferentes tipos para chegar ao objetivo também é uma orientação de Josias de Matos, analista de equities da Toro Investimentos. “O ideal é ter uma carteira diversificada, o que ajuda a mitigar o risco dos investimentos e pode auxiliar a aumentar ganhos, conseguindo aproveitar bons momentos de diferentes classes, como o caso da renda fixa neste momento”.
Ambos os especialistas seguem a mesma lógica: para atingir a meta, pensam em uma média anual de rendimentos em 6% ao ano, que consideram possível. Partindo disso, você precisaria de um patrimônio de R$ 600 mil para ter uma renda de R$ 36 mil, que, dividida pelo ano, daria R$ 3 mil mensais.
Tanto Gasparotto quanto Matos ressaltam que essa é uma análise fria e superficial, sem entrar no mérito de outros fatores como impostos sobre os investimentos, periodicidade do pagamento de dividendos (nem todas as empresas pagam dividendos mensais) e circunstâncias que podem afetar o rendimento médio e exigir um aporte maior para garantir a renda de R$ 3 mil mensais.
Como evitar pedras no caminho da independência financeira
Agora que você já percebeu que ter uma renda passiva é possível – para quem consegue poupar e investir até chegar ao valor –, precisa saber também que há pontos de atenção no processo.
O primeiro ponto é traçar a estratégia de acordo com seu perfil de investidor. Segundo Gasparotto, às vezes as pessoas se empolgam com o mercado de ações em alta ou adotam como estratégia única o recebimento de dividendos sem dar a atenção devida ao perfil pessoal nas finanças. “Não é porque você vai comprar ações e fundos imobiliários com foco em renda que essas ações e fundos imobiliários, por exemplo, vão parar de oscilar. Por isso, a primeira preocupação é adequar os seus investimentos ao seu perfil de investidor e entender o que você está fazendo”, afirma.
O segundo ponto é sempre avaliar as empresas antes de investir, principalmente no caso da renda variável. “Analisar a saúde financeira das empresas e dos FIIs a fim de reduzir os seus riscos é essencial”, diz o analista da Toro Investimentos.
Como montar uma carteira de dividendos?
O primeiro passo para montar uma carteira de dividendos parte do conselho acima, de começar pela avaliação da empresa cujas ações você pretende comprar. Afinal, ao adquirir uma ação, você se torna um sócio, ainda que minoritário, do negócio.
“Analisar as suas dívidas, seu histórico de lucros, quais as vantagens comparativas de cada negócio e sua capacidade de repassar aumentos de custos (para manter a margem de lucro) são todos fatores importantes para levar em conta, para além de quanto a empresa tem pagado de proventos a seus acionistas”, alerta Matos.
O diretor da Suno Wealth e Suno Consultoria também alerta que não é porque uma empresa pagou muito dividendo no passado que ela vai, necessariamente, pagar no futuro. “Tem que buscar
entender quais são as empresas que têm a propensão a pagar mais dividendos no futuro, que é quando você vai receber esse dividendo”.
Como ter renda com Fundos Imobiliários (FIIs)?
Quem investe em fundos imobiliários (FIIs) também recebe dividendos, que vêm de aluguéis, da receita de incorporação, do ganho de capital na venda dos imóveis, ou, ainda, de juros de títulos e valores mobiliários. É claro que sempre pode haver uma combinação desses fatores se o fundo for híbrido.
Todas essas questões dependem do tipo de FII em que o investidor coloca seus recursos, assim como a periodicidade do pagamento. Por lei os fundos têm a obrigação de distribuir no mínimo 95% dos lucros semestralmente. Porém, é comum achar FIIs que pagam os proventos mensal ou trimestralmente, essa informação é dada na lâmina ou DIE (Documento de Informações Essenciais) do fundo.
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