Crowdfunding: o que é e como funciona o financiamento coletivo
O crowdfunding é um método de financiamento coletivo que tem por objetivo arrecadar recursos para projetos
Enquanto grandes companhias buscam financiar seus projetos por meio de IPOs e Follow-on, pequenas e médias empresas (PMEs) têm optado por trilhar caminhos alternativos, como o do financiamento coletivo, o chamado crowdfunding.
O modelo permite que investidores contribuam financeiramente para projetos, iniciativas ou empresas, em troca de recompensas e/ou participações do negócio no futuro. De fácil adaptação, é hoje utilizado em diversas áreas, como no desenvolvimento de produtos inovadores, projetos artísticos, campanhas filantrópicas e até mesmo no suporte a empresas em estágios iniciais.
Como funciona o crowdfunding?
O crowdfunding é feito em plataformas onlines, autorizadas pela CVM, onde empreendedores apresentam suas ideias, contam sobre seus planos e mostram quanto precisam para realizar e como as pessoas podem contribuir.
Na página do projeto, os idealizadores estabelecem uma meta financeira e um prazo para a arrecadação dos fundos. Os criadores geralmente oferecem uma explicação detalhada sobre o projeto, seu objetivo, como os fundos serão utilizados e o que diferencia sua proposta.
Do outro lado, investidores interessados entendem como podem contribuir com quantias variáveis. Em troca, muitas vezes, recebem recompensas relacionadas ao projeto, como produtos, experiências exclusivas ou até mesmo participação societária.
Atualmente, mais de 60 plataformas de crowdfunding reguladas pela CVM realizam captações primárias junto aos investidores. A Resolução CVM 88, atualizada em 2022, permite a realização de transações subsequentes desses ativos.
Tipos de Crowdfunding
Como mencionado, as finalidades de quem solicita um Crowdfunding são variadas e é possível encontrar financiamentos online que vão desde gestores que procuram dar início a uma Startup, até autores que buscam recursos para lançar suas obras.
No entanto, diante de tantas possibilidades, não é difícil apontar alguns tipos de financiamento coletivo bem comuns quando o assunto é crowdfunding. Eles são:
Crowdfunding Solidário
O principal objetivo dessa modalidade de crowdfunding é proporcionar a doação para auxiliar uma determinada causa social.
Com isso, enfatiza a sensação de fazer parte de um time que promove o bem-estar de outras pessoas e projetos.
Crowdfunding Pontual
Neste tipo de crowdfunding, os autores do projeto determinam uma meta a ser atingida até uma data específica. É dentro deste prazo estipulado que eles divulgam o projeto para angariar a ajuda financeira dos interessados em contribuir.
O Crowdfunding Pontual é uma solução viável para iniciativas que envolvem o universo da arte, do entretenimento e da cultura, como, por exemplo:
- Desfile de moda
- Lançamento de games
- Divulgação de filmes
- Espetáculos musicais e teatrais
- Publicação e divulgação de livros
- Palestras
Crowdfunding de Assinatura
É o tipo que possui um perfil permanente, pois o projeto nunca é finalizado. O principal intuito é manter um trabalho constante e perene envolvendo a colaboração das pessoas.
Na maioria das vezes em que esse método de financiamento é realizado, o principal meio de pagamento é efetuado mensalmente.
Entre as principais iniciativas que apresentam bons resultados com esse tipo de crowdfunding é possível mencionar:
- Blogs
- Podcasts
- Sites
- Canais de vídeos
Crowdfunding Imobiliário
Conforme o próprio nome já aponta, esse tipo de crowdfunding é voltado para o segmento dos imóveis. O funcionamento dele consiste basicamente em reunir recursos de vários investidores para financiar coletivamente um projeto imobiliário. Em troca, eles recebem uma parte do valor das vendas ou da renda dos aluguéis daquele empreendimento, conforme o que estiver acordado.
Por meio do crowdfunding, os investidores podem financiar várias etapas que são fundamentais na incorporação imobiliária, como, por exemplo, a fase de lançamento de um empreendimento.
Benefícios e riscos do crowdfunding
De acordo com Igor Chrispim Romeiro, CEO da Efund Investimentos, o maior risco para um investidor desses modelos é o de perder todo o dinheiro investido ou assinar um contrato de responsabilidade jurídica sobre o projeto financiado.
“Por outro lado, ele tem acesso a investimentos que podem trazer grandes retornos à sua carteira, retornos acima dos investimentos tradicionais e que antes eram exclusivos a poucas pessoas”, afirma.
B3 e o crowdfunding
A B3, bolsa do Brasil, irá disponibilizar uma solução de ativos tokenizados para plataformas de crowdfunding. A solução desenvolvida pela bolsa possibilitará a tokenização dos Contratos de Investimento Coletivo (CICs) e dos ativos emitidos nas plataformas de crowdfunding durante as captações primárias.
Esses tokens poderão ser negociados posteriormente pelas plataformas que utilizam a tecnologia da B3, com liquidação financeira via PIX, controle de titularidade e rastreabilidade das operações, oferecendo aos investidores a facilidade e segurança na compra e venda de suas participações.
Na última terça-feira (2), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizou a B3 a oferecer essa tecnologia. Desenvolvida em parceria com a B3 Digitas, especializada em produtos para ativos digitais, a solução é customizável e poderá atender qualquer plataforma de financiamento coletivo.
Como funcionará
As plataformas poderão oferecer aos investidores um ambiente personalizado, prático e seguro para a negociação subsequente de ativos. Dessa forma, as plataformas não precisarão criar sua própria tecnologia do zero, garantindo a realização das captações primárias e transações subsequentes em um único lugar.
A B3 ofertará a infraestrutura para tokenização e negociação de ativos e não atuará como contraparte central nem interferirá nas operações feitas, que continuarão sendo gerenciadas pelas plataformas de crowdfunding, assim como o relacionamento com startups, empresas e investidores.
“Estamos trazendo para o mercado uma solução adaptável às necessidades de cada cliente, ágil e segura, que possibilita ao setor de crowdfunding oferecer um ambiente para que os investidores possam transacionar sua participação em startups e pequenas e médias empresas. O uso de plataformas de financiamento coletivo muitas vezes é o primeiro passo das empresas no mercado de capitais”, diz Jochen Mielke de Lima, CEO da B3 Digitas.
Para o desenvolvimento dessa solução, a B3 contou com o apoio de duas das maiores plataformas de investimentos em startups do país, Kria e EqSeed.
Camila Nasser, cofundadora e CEO do Kria, explica que estão muito entusiasmados com a parceria com a B3. “Desde quando começamos o Kria, em 2014, o maior desafio que encontrávamos com os investidores dizia respeito à liquidez dos ativos. Agora estamos dando um passo certeiro para o desenvolvimento de um mercado de investimentos de crowdfunding com maior liquidez, o que trará mais segurança aos investidores e com certeza impulsionará nossas captações, com uma infraestrutura robusta e segura. Estamos convictos que essa parceria é um marco não só para nosso negócio, mas para o mercado como um todo”, diz.
“O movimento da B3 comprova a relevância e o potencial do mercado de crowdfunding de investimento. A EqSeed se orgulha de ser escolhida pela B3 para trabalhar nessa solução em conjunto, fato que reforça nosso protagonismo no mercado. A B3 se apresenta como a parceira ideal para implementar uma solução tokenizada que facilita transações secundárias – aumentando liquidez e atraindo cada vez mais investidores ao mercado”, diz Greg Kelly, CEO da EqSeed.
Importância das PMEs
As pequenas empresas e startups têm sido um motor importante na geração de oportunidades de emprego e renda. Um levantamento recente mostrou que elas foram responsáveis pela abertura de mais de 1,1 milhão de postos de trabalho no ano passado, representando 80% das vagas criadas com carteira assinada.
“A solução tecnológica da B3 chega para atender a uma necessidade crescente das empresas por financiamento, especialmente aquelas com faturamento de até R$ 40 milhões. Uma das maneiras dessas companhias financiarem seu crescimento tem sido as plataformas de equity crowdfunding”, afirma Flavia Mouta, diretora de Emissores da B3.
De acordo com a B3, esse lançamento reforça o compromisso da companhia com o crescimento de startups e pequenas e médias empresas, que desempenham papel fundamental no desenvolvimento da economia.
“Além disso, intensifica a democratização do mercado de capitais, possibilitando que mais companhias acessem financiamento por meio de uma abordagem inovadora”, completa.
Para saber ainda mais sobre investimentos e educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3.