Macroeconomia está organizada, mas é preciso reformas microeconômicas, diz secretário da Fazenda
Para Marcos Pinto, isenção de IR para títulos incentivados cria distorções no mercado
Para o secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, o Brasil vive um momento positivo na macroeconomia, mas pode (e deve) usar esse momento para promover reformas que melhorem a produtividade do país. O secretário participou do B3 Week nesta terça-feira (09), e detalhou sua visão sobre o cenário brasileiro. Falou também sobre as propostas de acabar com a isenção de imposto de renda para títulos incentivados.
“Acho que estamos em um bom momento da economia brasileira. Quando você olha os números, percebe que a economia está indo muito bem. O PIB tem crescido ao ritmo de 3% [ao ano] há três anos, surpreendendo a todos. A inflação está abaixo da média vista desde a estabilização da nossa economia com o Plano Real. O desemprego está em seus níveis mais baixos desde a estabilização da economia, abaixo de 6%. E a renda, em particular para as pessoas que mais precisam do governo, está crescendo em ritmo acima da inflação”, disse.
Mesmo com esse olhar positivo, o secretário lembra que há desafios – especialmente a elevada taxa de juros. Atualmente, a Selic está no maior patamar em duas décadas, o que dificulta, inclusive, o manejo da dívida pública, disse Marcos Pinto.
Mesmo assim, ele destacou que o governo tem trabalhado no lado fiscal para chegar a um equilíbrio. “Conseguimos entregar déficit de 1% do PIB, e acho que estamos caminhando para atingir déficit 0% no fim desse mandato. Isso demanda trabalho em receita e em corte de despesas, e o governo está comprometido com isso, tentando fazer o ajuste fiscal de forma que não machuque a economia e a população”, disse.
Com essa avaliação, Marcos Pinto vê a possibilidade de aproveitar o bom momento para promover reformas. “A macroeconomia está organizada, e para ajudar nisso, acho que temos feito reformas microeconômicas para atingir o problema de produtividade. A produtividade no Brasil não melhorou como gostaríamos nos últimos 20 anos. Para isso, deveríamos continuar investindo em reformas que deram certo”, afirmou.
Marcos Pinto destacou o grande crescimento do mercado de capitais, com o valor total de títulos de securitização alcançando R$ 1 trilhão recentemente.
“É uma completa transformação de um mercado em 20 anos, resultado de diversas pequenas reformas. E os princípios foram simples: proteger investidores, criar um ambiente seguro, regras claras e promover o cumprimento da lei”, disse. Pela primeira vez, destacou o secretário, o mercado de capitais é o principal financiador de empresas no Brasil, superando os bancos.
Entre essas reformas vistas por ele como necessárias, o secretário destacou a necessidade de simplificar o sistema tributário no Brasil. “Temos R$ 2 trilhões em investimentos isentos de imposto de renda. O resultado disso é que o governo deixa de arrecadar R$ 14 bi”, disse.
Mas além da questão de arrecadação, Pinto destacou os efeitos dessas isenções no mercado de capitais. “O resultado disso é que os juros de longo prazo estão subindo, pela demanda está indo em direção esses títulos. Outros setores estão pagando mais juros como resultado dessas exceções”, afirmou.
O secretário citou ainda a MP 1.303/2025, em tramitação, que altera as alíquotas de imposto de renda sobre investimentos. “Se a MP for aprovada, teremos uma única alíquota de 17,5%. Isso tornara muito mais fácil para investidores navegarem no sistema tributário. Permite aos investidores compensar de forma mais eficiente prejuízos e lucros. Deveríamos ter um sistema tributário simples, neutro, que permita aos investidores escolher onde querem investir”.
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