Contas remuneradas: como elas funcionam e quando valem a pena
Entenda como funciona essa opção de investimento, que exige atenção à rentabilidade e aos prazos
As opções de contas remuneradas têm se proliferado com o aumento dos bancos digitais e fintechs. Quem tem pouca disciplina para investir e prefere deixar o dinheiro parado na conta corrente pode encontrar na modalidade uma alternativa para mudar de hábito e começar a investir.
Normalmente, a alternativa oferecida ao cliente é o CDB (Certificado de Depósito Bancário) com o rendimento atrelado a um percentual do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).
Mas como esses tipos de investimentos funcionam e quando eles valem a pena? Vem que te explicamos!
Proteção do dinheiro
Lai Santiago, economista comportamental, explica que essa pode ser uma opção adequada para quem deseja, além de evitar que o dinheiro fique parado na conta, preservar o capital e ter uma opção mais segura.
“Esses investimentos costumam oferecer uma rentabilidade superior à poupança e é muito recomendada também para reserva de emergência e objetivos de curto prazo, como uma viagem ou a compra de um item mais caro”, explica a especialista.
O principal indicador de atratividade do produto é o percentual de rendimento sobre a taxa do CDI, que acompanha as movimentações da taxa de juros básica do Brasil, a Selic. Mas o cliente deve se atentar para outros fatores, segundo a superintendente de clientes do banco BV, Heloísa Ifanger, como o valor mínimo de investimento, a liquidez do CDB oferecido e o vencimento da aplicação.
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Como avaliar a atratividade desse tipo de produto?
De acordo com Lai Santiago, os dois critérios principais são:
- Taxa de rendimento: O percentual do CDI oferecido é relevante, pois determina a rentabilidade do investimento. Quanto maior a taxa em relação ao CDI, melhor, desde que renda ao menos 100% do CDI.
- Liquidez: Avalie a liquidez do investimento, ou seja, a facilidade de resgatar o dinheiro quando necessário. CDBs com liquidez diária são mais flexíveis. Para reserva de emergência, por exemplo, o ideal é que o investimento tenha liquidez diária ou imediata.
A superintendente de clientes do banco BV lembra que ter o dinheiro atrelado ao CDB também é uma forma de diversificação dos investimentos por se tratar de um tipo de produto de investimento específico.
“O CDB pós-fixado é um produto de renda fixa, de baixo risco, e conta com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Porém, é importante consultar as regras do FGC. O CDB pode ajudar o cliente a acelerar a conquista de seus objetivos, como juntar dinheiro para constituir uma reserva de emergência, realizar uma viagem, pagar os estudos ou comprar um imóvel”, pontua Heloísa.
Caixinhas para os objetivos
Lai sugere que seja feita uma distinção entre o que é cada objetivo e separe cada um em investimentos diferentes. Dessa forma, analisa, fica mais fácil de acompanhar o progresso em cada um deles. A cautela evita também o que a economista comportamental classifica como “assaltar a reserva de emergência para comprar itens que não são estritamente essenciais”.
O BV oferece a opção da separação do dinheiro guardado por objetivos específicos por meio da criação de “envelopes de investimento” no app da conta digital. Cada objetivo financeiro do cliente pode ter um envelope com uma finalidade diferente.
Serviço semelhante é oferecido pelo PagBank no produto chamado Cofrinho, segundo André Souza, diretor executivo da Conta Digital e Investimentos do PagBank. Ao lado do saldo da conta, o cliente verá a opção ‘Guardar’. Clicando ali, o cliente escolhe o valor que deseja guardar e a qual objetivo deseja atrelar.
Segurança antigolpes
Ter o dinheiro aplicado em uma conta remunerada, segundo Lai, protege o valor de golpes, como clonagem da conta e furto de celular. “Se o valor estiver na conta corrente, o golpista consegue acessar mais facilmente os recursos, enquanto em um CDB a gente pode estabelecer uma barreira maior para o resgate, o que pode ser tempo suficiente para acionar o banco e bloquear a conta”, aponta.
Lucas Fonseca, head de investimentos do Mercado Pago, explica que os CDBs possuem prazos e rentabilidades diferentes. Por isso, é importante que o investidor avalie a sua necessidade. “Por exemplo, para o curto prazo, para aquele dinheiro do dia a dia, há opções de títulos com liquidez diária, que não vão comprometer a rentabilidade caso o investidor precise utilizar esse recurso”, completa.
O executivo explica que há outras características a serem observadas. Cada CDB tem um valor mínimo para investimento. As taxas de rentabilidade variam de acordo com questões como prazo e risco. Os certificados podem ainda ser pós-fixados (acompanham a taxa do CDI) ou pré-fixados (o investidor sabe exatamente qual será o rendimento no momento da compra do título) ou também indexados ao IPCA (o valor investido rende acima da inflação).
Quando os CDBs atrelados ao CDI podem perder atratividade
De acordo com Lai Santiago e Heloísa Ifanger há dois cenários que possibilitam essa situação:
Queda na taxa básica de juros (Selic): Este produto pode perder atratividade frente a outros investimentos, principalmente em cenários de redução da taxa de juros básica do Brasil.
Aumento na inflação: Se a inflação subir, a rentabilidade real do investimento pode ser afetada, especialmente se o CDB não oferecer uma taxa de CDI alta o suficiente para compensar a perda de poder de compra.
A economista comportamental orienta que não se coloque todo o recurso disponível em um único CDB. Considere alocar uma parte do seu capital em CDBs, mas também diversifique com outros produtos, como ações, fundos de investimento, títulos públicos, entre outros, de acordo com sua situação financeira e metas de curto, médio e longo prazo”, orienta a economista.
O percentual recomendado para investir em CDBs ou qualquer outro tipo de ativo depende do seu perfil de investidor, objetivos financeiros e tolerância ao risco, explica a economista. Geralmente, segundo Lai, é aconselhável diversificar os investimentos em diferentes tipos de ativos para reduzir o risco.