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Quais são as etapas do pregão da B3?

Para organizar o pregão e garantir estabilidade no mercado, a B3 divide o pregão em etapas distintas

O investidor iniciante na bolsa já deve ter percebido que só se pode vender e comprar ações durante algumas horas do dia: o pregão.

Diferentemente da maioria das bolsas do mundo, a B3 oferece mais do que a listagem das ações das empresas: também estão entre as suas incumbências a negociação, liquidação, custódia e, principalmente, ser a contraparte central do mercado financeiro. Ou seja, a bolsa também se responsabiliza por questões de segurança e estabilidade do mercado.

Para garantir que tudo ocorra bem durante as negociações e o mercado oscile dentro de uma margem de normalidade, existe uma série de mecanismos. Um deles são as etapas do pregão: o cancelamento de ofertas, pré-abertura do mercado, negociação, call de fechamento e after market.

Quer saber o que dá e o que não pode ser feito em cada um deles? Bora entender!

O que é o pregão?

O pregão é o período que uma bolsa de valores permite que seus investidores comprem e vendam ações.

Também chamado de “sessão”, o pregão é o momento destinado ao lance de ofertas por todas as ações negociadas na bolsa. Normalmente, começa cedinho e acaba no final da tarde. Também não é raro que sua duração seja estendida ou abreviada em razão de feriados locais ou eventos de grande escala. 

Os horários de começo e término de um pregão são mutáveis. Em geral, a bolsa os define baseado nos momentos de maior atividade do mercado local ou das economias mais líquidas do mundo – que, quase sempre, são as referências dos demais mercados. 

Por que o pregão é dividido?

A B3 foi a primeira bolsa do mundo a oferecer toda a cadeia de negociação de ações, garantindo a liquidação das operações. Isso quer dizer que, mais do que permitir que a população invista, a bolsa de valores do Brasil é responsável por garantir que as transações sejam seguras.

Por isso, há uma camada a mais de cautela por aqui em comparação com outras bolsas pelo mundo afora.

“Mesmo com toda essa preocupação, a B3 tem conseguido expandir o mercado brasileiro e acompanhar o crescimento do número de investidores da bolsa”, avalia Thiago Armentano, analista-chefe de ativos globais do Simpla Club.

Além da repartição das negociações, a B3 tem mecanismos para identificar ofertas preenchidas com preços fora dos padrões – e rejeitá-las, de maneira a evitar manipulações de preço. “Esses mesmos mecanismos são responsáveis por identificar que o preço de um papel está oscilando muito e colocar esse papel em leilão, para garantirmos que ele está sendo negociado pelo preço justo e não foi um erro de execução que causou a oscilação”, explica Fabio Perdiz, superintendente de monitoramento da negociação da B3.

Quais são as divisões do pregão?

Conheça abaixo as cinco etapas do pregão:

Cancelamento de ofertas

Antes mesmo da abertura do mercado, a fase de cancelamento das ofertas inicia o dia na bolsa. Neste período, os agentes do mercado cancelam as ordens de compra e venda que “dormiram” de um dia para o outro.

Às vezes, antes do pregão se encerrar, algumas ações não são liquidadas – isto é, ninguém as compra pelo valor sugerido pelo ofertante ou não aparece nenhuma proposta de venda no valor sugerido pelo comprador. E aí, elas “sobram” de um pregão para o outro. 

Mas, entre o fim de uma sessão e o início de uma nova, muita coisa pode mudar. E, talvez, aquela proposta não faça mais sentido. Por isso, a fase de cancelamento de ofertas possibilita que os participantes do mercado retirem as ordens que já não reflitam suas percepções sobre o mercado.

Pré-abertura

Depois, vem o leilão de pré-abertura dos negócios. É como se fosse uma prévia: não há nenhuma transação concretizada, mas os agentes do mercado podem dar lances nas ações. Cada uma dessas ações será recolhida e, juntas, formarão o preço do ativo. Aí, sim: o pregão começará, com as ações já em um patamar definido no que também é conhecido como “pré-mercado” ou “pré-market”. 

Vale lembrar que a pré-negociação do mercado à vista é diferente da abertura do mercado de contratos futuros de ações. Os dois podem ser um “esquenta” de como será a negociação das ações de verdade. Mas a diferença principal é que, no mercado de futuros, as negociações já estão acontecendo – tem gente comprando e vendendo contratos. No pré-mercado, não.

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Normalmente, a abertura do mercado de futuros é lida como uma “previsão” do dia no mercado à vista, já que, rigorosamente, ela acontece uma hora mais cedo do início das negociações à vista. 

E, apesar destes dois segmentos negociarem ativos diferentes, as empresas representadas pelas ações ou pelos contratos futuros são as mesmas. Por isso é possível prever, na abertura dos futuros, como o mercado à vista vai reagir a uma notícia da noite passada.

Abertura e negociação

Com o fim do leilão prévio, os investidores passam a ler informações o tempo inteiro e, com elas, tomam decisões sobre comprar ou vender as ações X, Y e Z. As negociações acontecem em tempo real e ininterruptamente, até que o pregão acabe ou, fatalmente, algo saia do controle.

Caso o mercado registre uma oscilação maior do que o normal, a bolsa pode ativar o mecanismo do “circuit breaker”. Trata-se de um mecanismo que as Bolsas de Valores dispõem para interromper imediatamente o pregão toda vez que os índices atingirem uma queda pré-determinada. 

No caso da B3, ocorre quando o Ibovespa tem uma queda de 10% em relação ao fechamento do pregão anterior. Nesse caso, as negociações são paralisadas por 15 minutos. Caso a queda alcance 15%, a paralisação do Ibovespa será de uma hora.

E aí, quando a poeira baixar, os negócios são retomados em leilão para, de novo, se chegar a um consenso de quanto aquele papel vale. Depois, continuam até o encerramento do pregão, no final da tarde, para serem retomados só na manhã seguinte. 

Call de fechamento

Os últimos 15 minutos do pregão são parecidos com os primeiros 15 que o antecedem. Na call de fechamento, as ações do Ibovespa entram em leilão, de novo, para se determinar o valor final delas. Ou, melhor, a qual preço fecharam. 

É claro que cada agente do mercado vai ter uma opinião diferente sobre uma ação em especial. Por isso, é natural que as ofertas de compra e venda variem.

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Mas, para gerar um valor razoável e inteligível, o leilão de fechamento soma todas as ordens e as faz interagir entre si. O resultado final é o que o mercado acha mais adequado para o preço desta ou daquela ação.

“É um momento muito importante para nós e para o mercado, porque é esse leilão que definirá o preço de fechamento dos papéis e é por esse preço que todas as carteiras de investimento serão contabilizadas”, adiciona Perdiz.

After-market

Ficou sabendo de algo que pode valorizar a ação amanhã, mas o pregão já acabou? Quer salvar sua carteira de investimentos após a call de fechamento? Calma! Mesmo depois do fim do pregão regular, é possível comprar e vender certas ações no after market, o “pós-mercado”.

Porém, só é possível adquirir ações que integram o Ibovespa. Elas também precisam ter sido negociadas durante o período normal do pregão, e com um preço que tenha oscilado menos de 2%. No after, as operações têm um limite de R$ 900 mil por CPF, e só podem ser feitas no mercado à vista ou fracionado.

E, aí, o pregão está, oficialmente, encerrado.

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