Criptoativos

Por que os brasileiros são os maiores investidores de bitcoin na América Latina?

O maior volume de compra, de acordo com o estudo, ocorre na primeira semana de cada mês, o que indica uma correlação entre o investimento e a data de pagamento de salários

O investidor brasileiro é apontado como um dos que, em média, tem maior proporção de bitcoin dentro do próprio portfólio, considerando a região da América Latina. O avanço da discussão sobre regulação do setor, como o Marco Legal dos Criptoativos e a consulta pública feita pelo Banco Central para lançar luz sobre os ativos digitais e organizar o mercado, é apontado como razão para isso, segundo entidades da área.

O maior volume de compra dos bitcoins, de acordo com o estudo, ocorre na primeira semana de cada mês, o que indica uma correlação entre o investimento e a data de pagamento de salários.

Os dados fazem parte da segunda edição do relatório “Panorama Cripto na América Latina”, da Bitso, com dados do primeiro semestre deste ano. Outros resultados chamam atenção, como o aumento de memecoins, que alcançaram a segunda posição nas preferências de compra do investidor.

O estudo mostra ainda que, na América Latina, o investidor agrega cada vez mais as criptomoedas às suas estratégias financeiras. Alguns analistas apontam que isso pode trazer mais diversificação para o portfólio, desde que esteja bem estruturado.

No Brasil, o bitcoin atualmente representa 60% do portfólio de criptoativos dos investidores, um aumento de dois pontos porcentuais na comparação com o semestre anterior. Segundo o estudo, isso mostra a percepção do bitcoin como reserva de valor consolidada.

“Além do bitcoin, há uma tendência crescente de aquisição de altcoins e memecoins na América Latina. O Brasil possui a maior concentração de altcoins da região, representando 18% das carteiras”, diz trecho do documento.

O que é halving do bitcoin?

Um dos motivos para esse crescimento e procura pelos criptoativos tem a ver com o halving do bitcoin. Segundo Bernardo Srur, presidente da ABCprito, o halving acontece a cada quatro anos e limita a emissão da criptomoeda, o que impacta de forma positiva o valor de mercado. O último halving aconteceu em abril deste ano.

Além disso, a aprovação de ETFs de bitcoin e Ethereum pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (a Sec) também deu um impulso para o mercado de cripto. Já no Brasil, Srur cita mais alguns fatores que contribuíram para esse crescimento: “Os avanços regulatórios com o projeto de lei de segregação patrimonial, consulta pública do Banco Central, avanços do DREX e expectativa da revisão normativa da CVM que, hoje, rege o mercado de tokenização. Além disso, o mercado vem se organizando de forma ainda mais rápido no Brasil, reflexo disso foi a autorregulação de tokenização lançada pela ABcripto neste ano”, afirma.

Mudança do perfil do investidor

O estudo da Bitso mostra ainda que o investimento em criptomoedas era visto, no passado, como uma aposta para recursos financeiros excedentes, mas, hoje, eles fazem parte do planejamento financeiro regular de diferentes investidores entusiasmados com esse mercado.

“Essa mudança de postura reflete um afastamento daquela visão especulativa, que havia no passado, em direção a uma mentalidade mais estratégica. A inclusão de criptoativos no portfólio já não é vista como uma simples aposta de risco, mas sim como uma oportunidade de diversificação e potencialização dos retornos”, diz Thales Freitas, CEO da Bitso Brasil, no estudo. “Conforme essas práticas vão se tornando mais comuns, os padrões de negociação tendem a se estabilizar e as transações ficam mais consistentes.”

Regulação

A discussão em torno da regulação do bitcoin e dos ativos digitais no Brasil também contribui para atrair o interesse dos investidores, conforme as regras vão ficando cada vez mais claras. É o que observa Srur em relação à organização do mercado que, segundo ele, ajuda a trazer mais segurança jurídica em um setor ainda a ser desbravado.

“Estamos avançando nos principais pilares: ter uma regulamentação clara, oferecer educação financeira e infraestrutura tecnológica robusta. No caso da regulamentação, o Brasil necessitava de um ambiente regulatório que oferecesse segurança jurídica sem sufocar a inovação – e avançamos muito desde 2023, com a aprovação do decreto que regulamentou o Marco Legal dos Criptoativos.”

Ele ainda ressalta que as associações e programas educativos do setor podem ajudar a sociedade, especialmente o público de investidores, a compreender as vantagens das criptomoedas, e uma infraestrutura tecnológica para garantir as transações de forma segura.

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