Após baque da pandemia, FIIs de shopping lideram captações desde o ano passado
Segmento teve valorização acima do IFIX em 2023; agora, fundos precisam alocar capital levantado
Desde o segundo semestre de 2023, os fundos imobiliários de shoppings levantaram cerca de R$ 7 bilhões em novas emissões de cotas ou novos FIIs. Segundo Rodrigo Selles, da Genial, foi o segmento que mais cresceu. Durante o FII Experience 2024, evento organizado pela Suno, Selles discutiu as perspectivas para o segmento de FIIs de shopping com Isaac Marcovistz, da BB Asset, e Alexandre Machado, da Hedge.
Alexandre destacou que, além do grande número de novas follow-ons, as emissões têm sido expressivas. “Um fator que explica isso é a performance que o segmento teve no ano passado”, diz. “O IFIX rendeu 15,5%, e os FIIs de shopping renderam quase 32%. Certamente isso acaba por motivar investidores a participar dessa classe”, completou.
Marcovistz concordou que o momento está favorável para captações. “As condições de mercado e econômicas favorecem a colocação de novas ofertas”, disse. A gestora lançou neste mês um fundo imobiliário de shoppings, com a captação de mais de R$ 900 milhões. “Os FIIs vêm mostrando resiliência e a velocidade de recuperação do segmento pós-pandemia foi importante”, afirmou.
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Resiliência e inovação
Para Machado, o desempenho recente do segmento de shoppings mostra a capacidade de adaptação da indústria brasileira. “Vemos empresas gringas que vêm para o Brasil olhar benchmark”, comentou.
Ele lembrou, no entanto, que os momentos mais favoráveis para emissão, quando as gestoras conseguem grande demanda pelas novas cotas no mercado, “geralmente são associados a momentos de maior escassez de bons ativos”, um ponto que merece atenção. “Mas o mercado de ativos ainda não foi inflacionado, acho que teremos uma boa safra [de captações]”.
Atualmente, o fundo lançado pela BB Asset ainda mantém 100% do capital em caixa. O objetivo, segundo Marcovistz, é adquirir participação em shoppings já mais estabelecidos e que estejam gerando receita. “Tudo depende do perfil do fundo que se quer colocar no mercado. Nosso objetivo é buscar ativos de maior porte”, disse.
+ 15 FIIs que pagaram dividendos acima da Selic no último ano
Rodrigo Selles questionou também sobre a possibilidade de ter fundos imobiliários focados na construção e desenvolvimento de novos shoppings. Segundo ele, isso representa uma dificuldade, já que o desenvolvimento leva cerca de três anos, período em que o capital alocado não traria rendimentos. “Os fundos em geral são muito precificados em função dos dividendos que geram, e há uma iliquidez grande [no período de construção]”.
Machado, da Hedge, concorda que a construção tem peculiaridades, e que, para o segmento de shoppings, é ainda mais complexa.
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