Fundos de Investimento

Os 10 Fiagros que mais renderam em 2024 até agora

Inspirados nos FIIs, Fiagros continuam crescendo no mercado brasileiro ao investir no agronegócio

Campo de trigo com uma maquina de colheita ao fundo. Foto: Pixabay
O patrimônio líquido dos Fiagros cresceu 153,6% nos últimos 12 meses e atingiu R$ 35 bilhões ao final de março. Foto: Pixabay

Os Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagros) são investimentos voltados ao financiamento privado de um dos principais setores da economia brasileira, o agronegócio.

Inspirado nos Fundos Imobiliários (FIIs) e adaptado para a realidade rural, o Fiagro pode investir em uma variedade de ativos, como títulos de crédito ou valores mobiliários da cadeia agro, direitos creditórios do agronegócio e cotas de fundos de investimentos que apliquem mais de 50% de seu patrimônio nesses ativos.

O patrimônio líquido desse tipo de fundo cresceu 153,6% nos últimos 12 meses e atingiu R$ 35 bilhões ao final de março. Dentre as diversas opções, alguns deles vêm se destacando em 2024. Confira!

10 Fiagros com melhores desempenho em 2024 – até 15 de maio

RankingNomeTickerGestãoRetorno em 2024
1INTER AMERRA FIAGRO FIIIAAG11Inter Asset16,42%
2SPARTA FIAGRO FIICRAA11Sparta Fundos de Investimento10,10%
3NEX CRÉDITO AGRO FIAGRO FIINEXG11Nex Gestão de Recursos9,13%
4SUNO FIAGRO FIISNAG11Suno Asset4,37%
5051 AGRO FAZENDAS III FIAGRO FII IMOBFZDB11051 Capital4,13%
6CAPITANIA AGRO STRATEGIES FIAGRO FIICPTR11Capitânia Investimentos2,32%
7051 AGRO FIAGRO FIIFZDA11051 Capital2,25%
8GREENWICH AGRO FIAGRO FIIGRWA11Greenwich Investimentos2,09%
9JGP CRÉDITO FIAGRO FIIJGPX11JGP2,07%
10AZ QUEST SOLE FIAGROAAZQ11AZ Quest Investimentos1,17%
Fonte: Quantum Finance

O levantamento da Quantum Finance trouxe os 10 maiores rendimentos entre os Fiagros em 2024, até 15 de maio. Nele, os fundos IAAG11, CRAA11 e NEXG11 tiveram os melhores desempenhos, com rendimento de 16,42%, 10,10% e 9,13%, respectivamente.

Segundo o head de Fundos Listados & Alternativos da InvestSmart, Rafael Bellas, o IAAG11 se destaca-se por uma estratégia bem definida que visa maximizar retornos ajustados ao risco ao investir predominantemente em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), que compõem 93,5% de seu portfólio. O fundo tem como objetivo entregar retornos na faixa de CDI + 3% a CDI + 4% ao ano.

Já o SPARTA FIAGRO FII, de acordo com ele, tem sua estratégia de investimento focada em ativos de créditos ligados à cadeia agroindustrial. “O fundo tem como meta de retorno superar o CDI+2,0% ao ano, uma abordagem que tem gerado resultados sólidos, evidenciados por um rendimento recente que alcançou 128% do CDI líquido de impostos para o investidor pessoa física”.

Bellas afirma ainda que a estratégia inclui uma gestão ativa, que permite ao fundo ajustar suas alocações para otimizar os retornos e minimizar os riscos, destacando-se pela robusta seleção de ativos e uma política eficiente de distribuição de rendimentos.

Por fim, o NEXG11 tem investimentos em uma diversidade de ativos financeiros ligados ao agronegócio, incluindo Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).

“A estratégia do fundo é selecionar ativos que oferecem não só diversificação setorial e geográfica, mas também qualidade de crédito e estruturas de garantia robustas”, diz.

O head de fundos listados e alternativos da InvestSmart ainda aponta que os 3 destaques beneficiam-se da isenção de IR para pessoas físicas nos rendimentos distribuídos, o que aumenta a atratividade para investidores individuais.

Cenário atual

Para Vitor Duarte, CIO da Suno Asset, os fiagros sofreram um pouco no último ano após vários dos fundos apostarem em produtores alavancados que não estavam preparados para períodos desafiadores.

“Essa fatia é muito pequena, mas como os fiagros foram nessa camada, eles acabaram tomando 5%, 10%, 15%, 20% de algum tipo de inadimplência. Com isso, eles sofreram mais do que a indústria agrícola em geral”, afirma. 

Duarte ainda ressalta que esse movimento levou muitos investidores a saírem dos fiagros, o que causou queda nos preços das cotas até mesmo de fundos que não sofreram com inadimplência.

“Os fiagros são parte do agro, mas não são necessariamente uma pizza com as mesmas fatias do que o agro brasileiro. Cada um tem um pedaço, um recorte. Tem o fundo que é muito concentrado em cana, tem o fiagro energético, tem o muito concentrado em produtor, tem o fiagro que tem de tudo um pouco, e etc”, destacou. 

Além disso, Rafael Bellas ressalta que a saúde financeira dos emissores dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) — uma das principais formas de investimento dentro dos Fiagros — é crucial. “Esses certificados são atrelados à capacidade de pagamento dos produtores rurais e empresas do setor agro, que por sua vez depende da dinâmica dos preços das commodities no mercado à vista e futuro”.

Para ele, o mercado de Fiagros também está evoluindo em termos regulatórios e de oferta de produtos. Com o desenvolvimento de novos fundos e a entrada de novos investidores, espera-se que o setor ganhe maior profundidade e sofisticação, ampliando as oportunidades de investimento e, potencialmente, atraindo mais capital para o agronegócio brasileiro.

“Portanto, o cenário atual é de crescimento e de adaptação, à medida que mais investidores começam a compreender e a explorar as peculiaridades e as vantagens desse tipo de investimento. Para aqueles que estão considerando investir, é essencial fazer uma avaliação detalhada e considerar tanto as oportunidades quanto os riscos associados ao setor agrícola”, completa.

Perspectivas para o segundo semestre

Ainda de acordo com o CIO da Suno, o cenário macroeconômico, com a perspectiva de um patamar de juros altos por mais tempo no Brasil e nos EUA, colabora com os Fiagros. Em suas respectivas reuniões mais recentes, o Fed decidiu por manter mais um vez os juros entre 5,25% e 5,50%, enquanto o Copom diminuiu a velocidade dos cortes e baixou a Selic em 0,25 p.p. a 10,50%. Isso é bom para os Fiagros, já que a maioria tem ativos indexados ao CDI.

Apesar de concordar com o cenário otimista, Bellas alerta que mudanças climáticas severas e preços desfavoráveis no mercado externo têm pressionado a lucratividade e a sustentabilidade financeira no setor.

Como funcionam os rendimentos do Fiagro?

No caso de Fiagros que investem em títulos e valores mobiliários, a renda se origina dos fluxos de pagamentos desses ativos ou ainda pela diferença entre o seu preço de compra e de venda (ganho de capital).

Vale ressaltar que o Fiagro pode ser constituído sob a forma de condomínio aberto ou fechado para emissões feitas com registro no balcão, e somente condomínio fechado para emissões feitas no mercado listado.

Para saber ainda mais sobre investimentos e educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3.