Índices

Qual o melhor setor de 2023? Conheça o desempenho dos índices setoriais no ano

Setor imobiliário é impulsionado por cortes da Selic, mas consumo ainda sofre com juros altos

Várias companhias se destacam ao longo do ano por seus desempenhos na bolsa. Porém, dentro de uma visão mais geral, também podemos avaliar os setores que sobressaem em 2023.

Para facilitar essa compreensão, a B3, a bolsa de valores brasileira, criou índices setoriais que funcionam como carteiras teóricas com ativos listados que correspondem àquela área, como por exemplo, Imobiliário, Financeiro, Agro e mais.

Assim, suas altas e baixas não refletem apenas uma empresa (apesar de seus desempenhos influenciarem o resultado), mas reportam o movimento de todo um setor no mercado.

O levantamento feito pelo consultor de dados financeiros, Einar Rivero, a pedido do Bora Investir, traz os desempenhos dos índices setoriais no ano até 14 de novembro.

Conheça os desempenhos dos índices de cada setor no ano até aqui:

SetorCódigo12 meses até 14Nov23 %Em 2023 até 14Nov23 %
ImobiliárioIMOB29,8539,01
FinanceiroIFNC17,9318,39
Utilidade PúblicaUTIL8,5412,92
IbovespaIBOV8,8412,24
Energia ElétricaIEEX8,6212,21
AgronegócioAGFS-2,745,46
IndustrialINDX-4,753,55
Materiais básicosIMAT-4,24-0,71
ConsumoICON-13,63-2,40
Fonte: Einar Rivero, Consultoria de dados financeiros

Dentre os oito índices criados pela B3, três deles têm rendimento acima do desempenho do Ibovespa, que cresceu 12,24% em 2023. O Índice Imobiliário (IMOB B3), lidera a lista, seguido pelo índice do setor financeiro e o de utilidade pública.

O levantamento ainda traz dois indicadores que estão no negativo neste ano: o índice do setor de materiais básicos e o de consumo.

Queda da Selic impulsiona setor imobiliário

O grande destaque dos setores ficou por conta do IMOB, que tem desempenho positivo de 39,01% em 2023. Segundo Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos, apesar da queda nos meses de agosto, setembro e outubro, o setor imobiliário se beneficiou da expectativa pelo corte de juros no Brasil nos primeiros meses do ano. Atualmente, o desempenho do setor é estimulado pelo ambiente de maior apetite por risco em novembro.

O segundo setor com maior rendimento é o financeiro. O Índice Financeiro (IFNC B3) acumulou alta de 18,39% no ano até aqui. Já o terceiro com desempenho acima do IBOV, o Índice Utilidade Pública (UTIL B3), subiu 12,92%.

Sene afirma que diante de um ano de maior volatilidade, o setor financeiro se destaca positivamente por conter empresas com lucros mais estáveis e entrega de resultados consistentes, mesmo diante da mudança do patamar dos juros.

“O mesmo ocorre com o setor de utilidade pública, que se destaca positivamente por ter empresas menos cíclicas e setores mais estáveis, como o setor de energia elétrica e o de saneamento básico”.

De acordo com Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, nos índices as companhias que se destacaram foram Cury, no imobiliário, e Banco do Brasil, no financeiro. Assim como, a CEMIG no de utilidade pública, que subiu seu EBITDA em 28% no último trimestre.

Varejo e China impactam

Entre os setores que não conseguiram desempenhar bom papel no ano estão o Índice de Consumo (ICON B3), que recuou -2,40%, e o Índice de Materiais Básicos (IMAT B3) que cedeu 0,71%.

A analista da Nova Futura Investimentos aponta que o setor de consumo está sendo um dos mais penalizados em 2023, devido a preocupações com relação ao desempenho das varejistas no Brasil. 

“O caso Americanas acendeu um sinal de alerta até mesmo para as demais companhias do setor. Além disso, são empresas que ainda estão apresentando resultados fracos e aquém do esperado pelo mercado e têm dificuldade na recuperação nesse período pós pandemia”, diz ela. 

Já em relação ao setor de materiais básicos, Bruna Sene ressalta que o índice sofreu por ter em sua composição companhias como Vale, Suzano e CSN, que recuaram no início do ano por preocupações com relação ao desempenho da economia chinesa.

“O desempenho da Vale, por exemplo, ação com maior peso dentro do índice de materiais básicos, está fortemente ligado à economia da China, devido à alta demanda chinesa por minério de ferro. Diante de um cenário onde a China vinha apresentando dados fracos e ainda não havia anunciado estímulos mais consistentes, a ação foi penalizada. Porém, é importante destacar que houve uma virada nesse cenário nos últimos meses”, ressalta. 

Perspectivas de curto prazo para os setores

Sene ainda vê com cautela a projeção para o setor de consumo nos próximos meses, mas diz que algumas oportunidades de curto prazo podem surgir, inclusive em outras áreas como no ramo imobiliário e de materiais básicos.

Isso se deve ao “momento de maior apetite por risco por parte dos investidores em novembro, e forte entrada de capital estrangeiro no Brasil”.

Belitardo também não vê com otimismo o setor de consumo, mesmo com as previsões no aumento do varejo com as datas comemorativas de fim de ano.

“O setor segue pressionado pelas altas taxas de juros e baixo poder de compra. Assim, só deve haver melhora do desempenho quando ocorrer deflação, pois esse setor dificilmente consegue repassar aumento de preços ao consumidor”, alerta.

Como investir

Como são carteiras teóricas, não há ativos específicos de cada índice. Contudo, é possível investir nos mais diversos setores da bolsa através dos ETFs, fundos de índices que replicam o desempenho do indexador. Conheça todos os ETFs disponíveis na bolsa!

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