Objetivos financeiros

Três hábitos financeiros que prejudicam seu sucesso

Conheça histórias reais que ilustram os três principais hábitos e erros financeiros comuns entre os investidores iniciantes.


Cintia Frankfurt

@falando_em_investir

Fundadora do Falando em Investir, analista CNPI e consultora CVM. Possui ampla expertise em planejamento financeiro e investimentos. Por meio de sua consultoria, orienta as pessoas a investir com segurança, ajudando-as a alcançar seus sonhos e objetivos de vida.


Se tem algo que aprendi ao longo das minhas conversas diárias sobre dinheiro e investimentos é que, independentemente das histórias, objetivos pessoais ou nível de conhecimento, algumas atitudes parecem sempre se repetir. E, o que é curioso, é que esses comportamentos que muitos consideram sensatos podem, na verdade, estar sabotando sua vida financeira.

Com isso em mente, decidi compartilhar histórias reais que ilustram os três principais hábitos financeiros que percebo serem erros comuns entre os investidores iniciantes. Vamos dar uma olhada em cada um deles:

Erro #1: Procrastinar

Nossa vida é uma correria, certo? Sempre parece que o tempo foge das nossas mãos e, por isso, precisamos priorizar nossas escolhas com sabedoria. 

Para entender melhor, vamos conhecer a Marina. Ela é advogada, tem 39 anos, é solteira e não tem filhos. Seu trabalho é sua vida e, com essa agenda apertada, começar a investir fica em segundo plano. Curiosamente, ela é uma poupadora exemplar: tem mais de 1 milhão de reais na poupança!

Marina estava ciente de que seu dinheiro poderia render mais se investido de forma mais estratégica. Então, ela decidiu encontrar um espaço em sua agenda e procurou a minha consultoria de investimentos. Após três reuniões, ela tinha um plano claro em mãos. No entanto, o trabalho voltou a dominar seu tempo e seus investimentos foram deixados de lado.

Somente após dois meses ela resolveu retomar sua ideia inicial e aos poucos começou a tirar seu planejamento financeiro do papel.

Apesar de finalmente tomar uma atitude, Marina cometeu um erro muito comum: adiou seus investimentos por muito tempo. 

O problema, neste caso, é duplo. Em primeiro lugar, ao adiar a ação, Marina perdeu oportunidades. Construir uma estratégia de investimento hoje e adiar sua implementação pode fazer com que muito do que estava recomendado não faça mais sentido, pois o mercado é dinâmico e as condições mudam muito com o passar dos meses. 

Além disso, seu dinheiro ficou por um bom tempo na poupança, rendendo abaixo do potencial, ou seja, a cada dia que passava sem investir, ela perdia dinheiro.

O aprendizado? Existem áreas da nossa vida, como saúde e dinheiro, que influenciam muito as demais e por isso não podem ser negligenciadas. 

Por isso, não deixe para amanhã o que você pode investir hoje, especialmente se você já tem um bom planejamento financeiro em mãos. Cada momento conta, e quanto mais você demora para agir, mais oportunidades podem passar.

Erro #2: Confiar cegamente nas indicações dos gerentes e assessores de investimentos

Quem tem conta em corretora provavelmente já foi abordado pelo assessor e recebeu alguma indicação de investimento. Por mais atraente que pareça, não caia na armadilha de seguir indicações sem fazer a devida análise. 

Essa lição ficou clara para a Roberta e o Renato, um casal com três filhos pequenos e uma série de objetivos pela frente. Até recentemente, eles mantinham todo o seu patrimônio na poupança. 

Com a noção de que poderiam obter melhores retornos, eles abriram uma conta em uma corretora e seguiram cegamente as indicações do assessor.

O resultado? A maior parte dos investimentos escolhidos não estava alinhada com suas metas financeiras. Investimentos de longo prazo foram selecionados quando, na realidade, eles buscavam liquidez no curto prazo. Além disso, algumas aplicações ofereciam baixos retornos em relação ao risco que carregavam.

Quais os problemas aqui, que acabaram levando a essa situação?

Assessores de corretoras ou gerentes bancários não são consultores de investimento. Eles não possuem todas as informações necessárias para recomendar investimentos que se adéquem às suas necessidades. Além disso, muitas vezes são remunerados com base nos produtos em que você investe, podendo haver conflito de interesses.

O erro primordial, nesse caso, foi considerar o assessor como um consultor, além de aceitar recomendações sem entendê-las plenamente. É como assinar um contrato de suma importância para sua vida financeira sem ler suas cláusulas.

Erro #3: Investir sem olhar para o mercado

A sensação de ver seu patrimônio crescendo pode ser realmente empolgante. Porém, não se deixe levar apenas pelo número que aparece na tela. Vou contar a história do Carlos para exemplificar isso.

Carlos, ao olhar para sua carteira de investimentos, percebia um aumento constante em seu patrimônio. Ele estava feliz, pois sabia da importância de investir, tinha um plano de se aposentar em 15 anos e, ao ver seu dinheiro rendendo, sentia que estava no caminho certo para alcançar seu objetivo.

Parece o cenário que todos desejam, concorda? Mas, quando observamos mais detalhadamente, notamos que seus investimentos tinham um retorno inferior ao que podia ser encontrado no mercado, inclusive, seu retorno estava abaixo do CDI (uma referência de rentabilidade). 

Carlos considerava a debênture em que havia investido como o melhor investimentos de sua carteira, já que ela apresentava a melhor rentabilidade. Mas até mesmo ela, rendia menos do que o CDI. 

Ele ficava satisfeito ao comparar suas escolhas entre si e perceber que seu patrimônio crescia. Mas é importante ressaltar que ele estava olhando para o seu retorno sem comparar com o que podia encontrar no mercado, gerando uma visão bastante limitada.

Isso mostra que considerar apenas o rendimento dos seus investimentos de forma isolada é um equívoco. É essencial compará-lo com outras opções de investimento semelhantes (com o mesmo nível de risco), ou com índices relevantes. 

Essa é uma forma de garantir que seu retorno esteja realmente atingindo seu potencial máximo. Não fazer esta comparação gera uma visão distorcida devido à falta de informação. 

Se seu dinheiro está crescendo, isso é ótimo, mas será que está crescendo o suficiente para superar a inflação, por exemplo? 

No caso específico de Carlos, ao comparar os produtos em que ele investia com outros de mesmo risco, ficou claro que ele poderia ter feito escolhas melhores, com maiores retornos, o que fizemos durante sua consultoria. 

O resultado? Ele mudou seus hábitos financeiros e passou a investir com mais segurança e retornos superiores, sempre com uma visão comparativa ao mercado.

Essas são algumas histórias que revelam armadilhas que podem prejudicar seu sucesso financeiro. Pode ser que você já tenha agido como algumas dessas pessoas, mas não sabia que estava errando! A boa notícia é que sempre há tempo para corrigir!