Objetivos financeiros

Por que as mulheres devem se tornar investidoras? 


Francine Mendes

@francinemendes

Francine Mendes Gregori é Fundadora e CEO da FemFintech ELAS QUE LUCREM (EQL). Economista formada pela UFSC e especialista em educação financeira para mulheres, mestre em Psicanálise do Consumo pela Universidad Kennedy, Presidente do comitê de Insurtech da Abranet e autora do livro ‘Mulheres que Lucram’, o 4o livro mais vendido de finanças do Brasil.


Prazer, vou ensinar você a começar a investir! Meu nome é Francine Mendes Gregori, sou economista, mestre em psicanálise de consumo, autora do livro Mulheres que Lucram, CEO da Femfintceh Elas que Lucrem. 

Trabalho há 20 anos no mercado financeiro e ajudo as mulheres a conquistarem sua independência financeira e autonomia através de investimentos.

Para você, o que é ser independente? 

Existe uma vasta literatura sobre o que é independência, para mim é ter investimentos que gerem fluxo de caixa para comprar nossa liberdade, sem precisar vender nosso tempo e nossas convicções.  

Se você não nasceu rica, precisa cobrar certo valor por seu tempo, engolir alguns sapos e suprimir muitas escolhas para financiar um certo lifestyle. 

Tal conceito é também atribuído ao gênero oposto, portanto, qual a razão de as mulheres terem menos dinheiro e serem mais propícias à dependência? 

Nós consumimos mais de 70% de tudo que é produzido no mundo, curiosamente, mais de 70% do dinheiro está na conta bancária dos homens

Precisamos voltar algumas casas em nosso tabuleiro social para falar sobre isso.

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Entenda o significado subjetivo do dinheiro 

A descoberta mais surpreendente do meu mestrado em psicanálise, trata-se do significado subjetivo do dinheiro. No dicionário da “boa moça”, o conceito foi revestido de um outro viés, ou seja, dinheiro é igual ao desejo do outro por ela. 

Quando um homem deseja uma mulher, não é necessariamente esta como objeto natural que está sendo desejada (isso é instinto), mas o ideal socialmente e culturalmente construído – a mulher amada é aquela desejada por outros desejos.

Essa retórica, adverte que nós precisamos ser escolhidas e protegidas, portanto, devemos investir nesse ideário de bem estar social creditando na conta bancária alheia o nosso tempo de graça ou quase de graça, enquanto nossos reais desejos, são debitados da nossa conta bancária emocional.

Em sua percepção cara leitora, o saldo da conta está negativo ou positivo para nós? 

Se precisamos ser escolhidas, a aparência importa, consumo deliberado de coisas, ideias, serviços se faz presente. E claro, a desvalorização de outras mulheres nos deixaria em posição favorável. 

Tal conveniência desperta o poder dos “homens” já que a eles direcionamos mais nosso valioso capital humano, leia-se dinheiro subjetivo – trocamos cuidado, atenção e adulação ao sexo oposto, por sensação de amparo e libertação do mal que nos fizemos acreditar existir. 

Somos ensinadas que não precisamos de dinheiro objetivo para incrementar nossa conta bancária, mas de um provedor que nos deseje,  afinal de contas, é o dinheiro desse que nos protege.

Recebemos educação fragilizada de nossas mães que reproduziram de suas genitoras esses ensinamentos meramente porque aprenderam dessa forma. 

De geração em geração, fomos treinadas a servir a sociedade, em contrapartida, para garantir nossa segurança, precisamos sacrificar nossos ímpetos e cultivar bons costumes em prol da satisfação do outro. 

Aprendemos ainda que o casamento e a maternidade são veículos potentes de ascensão social.  

O que essa educação tão natural quanto frágil nos ensina?

Cabe a nós mulheres distribuir dinheiro subjetivo, sem contrapartida; nossa remuneração é alicerçada na avaliação parcial do outro sobre nossos serviços, esperamos reconhecimento, enquanto nos submetemos a um ciclo inacabado de dependência emocional e financeira. 

Afinal de contas, o que desejamos nós mulheres? Simples, o que nos ensinaram a desejar –  ter segurança e um amor que nos proteja. E é aí que mora o perigo. 

Na ânsia de querer corresponder o que eles querem de nós, ainda casamos por dinheiro, não valorizamos nossa hora, fazemos de graça ou quase de graça, não cuidamos dos nossos sonhos como cuidamos dos outros.

Construímos ambições espartanas e nos conformamos com o preço da nossa hora abaixo do valor. O preço emocional e financeiro está alto para nosso gênero. 

Quando criamos uma vida querendo nos proteger de todos os lados, tomamos mais riscos. O final dessa  história para a maioria das mulheres não é romântico: terminamos sem dinheiro e sem amor. 

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Aprenda a admirar sua conta bancária

Afinal, é fundamental entender o que fazem com o dinheiro que também nos pertence. Portanto, devemos nos tornar independentes, não para ter poder sobre os homens, mas sobre nós mesmas. 

É maravilhoso ter nossa família estruturada, devemos confiar nos outros, mas ser vigilantes. Até num relacionamento tranquilo, pega bem investir em você da forma correta, comprar produtos financeiros da mesma forma que compra batons, bolsas, blusas e sapatos – é um jeito sábio de investir o dinheiro. 

Na plataforma Elas que Lucrem (EQL) nós caminhamos juntas por esse universo. No fundo, muitos homens também querem segurança, e ter por perto, mulheres que trazem suporte na mesma medida que recebem.  

Se você chegou até aqui, seja bem-vinda!

É nesse espaço que sua independência vai acontecer!