Entrevistas

‘Difícil dizer se SAF veio para ficar’, diz Fred Bruno sobre possibilidade de clubes de futebol abrirem capital na bolsa

Ele conta sua relação com dinheiro, como tem investido seu patrimônio e suas perspectivas para o futuro, agora que se tornou pai

Fred Bruno conta sua relação com dinheiro. Foto: B3
Fred Bruno conta sua relação com dinheiro. Foto: B3

A paixão pelo esporte e pela comunicação mudou a carreira, a vida e até o nome de Bruno Carneiro, mais conhecido como Fred Bruno, de 35 anos. Ao B3 Convida, ele conta sua relação com dinheiro, como tem investido seu patrimônio e afirma que é cedo para avaliar o impacto do movimento dos clubes brasileiros de futebol de se tornarem empresas, chamadas Sociedades Anônimas do Futebol (SAF), com a possibilidade de abrir capital na bolsa de valores.

Ele teve uma vida simples, mas marcada por golaços. Em 2015, no canal Desimpedidos, o Brasil conheceu o talento e a força de Fred. Em 2021, ele se tornou pai com o nascimento do Cris.

Formado em jornalismo, Fred atuou como repórter de rádio e jogador de futsal até se tornar apresentador e influenciador digital na internet. Ele veio de uma família humilde, filho de mãe comerciante ambulante e pai metalúrgico. Mas ele fez de tudo para mudar essa realidade para sua família. Confira a entrevista.

B3 Convida: Clubes de futebol no exterior estão sendo listados em bolsa, como Juventus, Manchester United, Borussia Dortmund e Ajax. Aqui no Brasil os clubes estão virando SAFs, com mudança em toda a governança e estrutura, e o mercado tem entendido que essas empresas podem ser listadas na bolsa. Quantos torcedores não iam gostar de serem investidores dos seus times? Como você avalia o impacto disso?

Fred: Tem que ser um passo de maneira gradativa, porque tem outras questões que se precisa solucionar ao pensar neste tipo de investimento. Por exemplo, um clube está devendo R$ 200 milhões e continua contratando com tranquilidade. A maioria dos clubes têm dívidas e continuam comprando jogadores. Tem esse movimento das SAFs, mas nenhuma fez algo de sucesso até agora. Então, acho que é um passo difícil de dizer que as SAFs vieram para ficar, acho que é melhor esperar. Existem casos e casos. Vamos ver como vai ser o futuro daqui para frente.

B3: Como foi a reação dos seus pais ao trocar um emprego fixo por algo que era incerto?

Fred: Minha família veio de um histórico de dificuldade muito grande. Quando eu entrei no Desimpedidos eu tinha acabado de arrumar um emprego depois de passar dois anos desempregado, fiz uma série de freelas nesse tempo. Nesse emprego fixo, que era como repórter de rádio, eu ganhava até R$ 3 mil. Quando eu estava nesse emprego apareceu a oportunidade no Desimpedidos, mas o salário era menor, de R$ 1.500. Mas era o meu sonho. Então, imagina falar isso aos meus pais. Minha mãe trabalhou a vida inteira como comerciante ambulante e meu pai como metalúrgico. Eles nunca tiveram um salário de R$ 3 mil na vida. Eu tinha o salário mais alto da história da minha família e abri mão dele por um sonho. Felizmente deu tudo certo, mas no começo eles não entenderam muito não. Eles sempre me incentivaram na parte do talento, mas na hora do financeiro, eles ficaram receosos. Eu bati no peito e falei que poderiam confiar em mim.

B3: O que fez acreditar que daria certo?

Fred: Eu sempre acreditei no meu potencial e sempre trabalhei para isso. Em todos os empregos que passei na minha vida, eu me dediquei e trouxe alguma coisa que poderia me ajudar lá na frente, no meu sonho. Eu tinha essa certeza. Sempre tive facilidade em me comunicar com as pessoas e eu já estava formado em jornalismo. Não foi a primeira vez que abri mão do dinheiro para investir no meu sonho. Por exemplo, quando eu era estagiário, eu tive que escolher entre dois trabalhos: como assessor de imprensa no Einstein e outro como repórter de rádio. O primeiro pagava R$ 1.200 por mês, e na rádio era R$ 700. Eu escolhi a rádio porque eu sabia que eu lidaria muito mais com aquilo que eu sonhava.

B3: O que fez com o primeiro dinheiro que ganhou?

Fred: Eu fui ter carro agora quando meu filho nasceu. Eu tinha sonho de comprar uma casa para minha mãe, mas eu fui guardando dinheiro. A primeira coisa que fiz [com o primeiro salário] foi ir em restaurantes. De onde eu vim, eu não tinha acesso a isso. Meu pai se programava para levar eu e meu irmão uma vez por ano no MC Donald’s, no Dia das Crianças. Eu sei o que é passar necessidade.

B3: Quais são seus objetivos para os próximos anos?

Fred: Eu penso bastante no futuro, principalmente para meu filho. Meu primeiro objetivo era mudar a realidade da minha família. Agora, comecei a investir mais em mim, como viajar a lazer. Não quero ser uma pessoa que fica poupando a vida inteira e vai chegar aos 60 anos e não ter o mesmo vigor e saúde. A maior riqueza são as pessoas e as histórias que conheci no caminho. O dinheiro é só um número. Eu não transformo isso em conquistas materiais. Eu transformo em experiências e com as pessoas que eu amo. Eu guardo, mas também tenho um dinheiro investido para cuidar da minha aposentadoria. Na internet somos muito vulneráveis, nunca se sabe.

B3: Como você investe seu dinheiro?

Fred: A forma com que eu trato as pessoas não é pensando em um retorno financeiro, mas pensando como é meu caráter e meus princípios. O bônus disso é ter credibilidade, independente do ramo em que se trabalha. Tenho um perfil mais conservador. Uma parte do meu patrimônio eu arrisco, que não vai me comprometer. Eu tenho 21 funcionários, então tenho que ser mais conservador com meus investimentos porque preciso pagar esses 21 salários no final do mês.

B3: Você investe em esportes?

Fred: Não, mas eu falo brincando que ia comprar o Palmeiras. Meu investimento em futebol é mais em questões sociais, saúde mental e cuidar dos jogadores. Eles são exemplos para a juventude.

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