7 fatos ou frases que resumem a economia e o mercado na última semana
PIB do Brasil acima do esperado foi abafado por problemas políticos do governo. Semana teve ainda desemprego estável, alta na gasolina e acordo para o teto da dívida dos EUA
“O agro é Pop!”. O bordão que ficou conhecido nos últimos anos traduz o crescimento de 1,9% da economia no 1º trimestre de 2023. A agropecuária respondeu por 80% do avanço no Produto Interno Bruto brasileiro, puxado pelas safras recordes de soja, milho e maior abate de bovinos e frango.
A semana seria perfeita para o governo se não fossem as trapalhadas na articulação política da MP dos ministérios. Em uma ‘Liradependência’ – em referência ao presidente da Câmara, Arthur Lira, verdadeiro responsável pela vitória do executivo – o governo precisou liberar R$ 1,7 bilhão em emendas parlamentares. Caso a matéria não passasse, as pastas voltariam à configuração do governo anterior. A conturbada passagem do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, por Brasília também deixou rastros de indignação e, pior, violência física a jornalistas no Congresso.
Os combustíveis estiveram em destaque nesta semana, com a adoção da alíquota única do ICMS sobre a gasolina para todos os Estados. Para o consumidor ficou o aumento nos preços na maioria das unidades da federação. Rombo também no caixa do governo, que deve perder R$ 2 bilhões com o programa para impulsionar a indústria automobilística, prevista para sair na semana que vem.
Nos Estados Unidos, a novela do acordo para a elevação do teto da dívida do governo acabou “in love”. Assim como a entrega do Imposto de Renda que terminou na quarta-feira. Nesta semana também começou o tão esperado Mês dos Namorados. Será um bom momento para falar de finanças do casal? O resumo da semana do B3 Bora Investir te conta!
1) “NÓS ESTAMOS JÁ HÁ ALGUM TEMPO DIZENDO QUE O CRESCIMENTO DESSE ANO VAI BATER 2%” (Fernando Haddad, ministro da Fazenda)
A declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, marcou a semana em que o crescimento de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no 1º trimestre de 2023 surpreendeu os economistas do mercado. Para o ministro, essa é uma “oportunidade muito boa” para o país reduzir juros. A Selic está em 13,75% ao ano.
O bom resultado da economia brasileira foi puxado pelo agronegócio que cresceu 21,6%, maior valor desde 1996. A safra recorde de soja, o aumento da produção de milho, e alta do abate de bovinos e de frango impulsionou o resultado do setor. Segundo o IBGE, a agropecuária respondeu por quase 80% do crescimento da economia brasileira nos primeiros três meses do ano.
Apesar do impulso extraordinário, analistas apontam que a demanda doméstica continua fraca. Houve desaceleração no Consumo das Famílias (de 0,6% para 0,2%), queda da indústria (-0,1%) e um setor de serviços que cresce a taxas abaixo de 1% (em abril subiu 0,6%). Se soma a essa quadro a queda da Formação Bruta de Capital Fixo (-3,4%), que são os investimentos, e o tombo de 7,1% nas importações – o que mostra uma fraqueza da atividade doméstica.
A indústria brasileira é uma das mais impactadas por essa queda na demanda. O setor recuou 0,6% em abril, na comparação com o mês anterior, segundo a Pesquisa Mensal da Indústria feita pelo IBGE. As principais influências negativas vieram de alimentos, máquinas e equipamentos e veículos automotores. Essas duas últimas atividades muito impactadas pelo aperto monetário.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva celebrou o resultado da economia brasileira. Segundo um levantamento da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) com 34 países, o Brasil teve o terceiro maior crescimento do PIB no 1º trimestre.
Apesar das comemorações no campo econômico, a semana foi muito difícil para o governo brasileiro. Na terça-feira, 30/05, jornalistas foram agredidos no Palácio do Itamaraty por seguranças do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e por agentes a serviço do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência brasileira.
Maduro se reuniu com o presidente Lula para assinar um Memorando de Entendimento em matéria agroalimentar e um segundo documento sobre mecanismo de supervisão da cooperação bilateral. Lula foi duramente criticado não só por receber o venezuelano como por classificar o encontro como “histórico“.
Nos 45 minutos do segundo tempo o parlamentou aprovou a medida provisória (MP) da organização básica dos ministérios do governo Lula. O texto correu risco de perder validade. Após a aprovação, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que o governo “terá que andar com suas pernas” a partir de agora.
2) DESEMPREGO ESTABILIZA E MERCADO FORMAL DESACELERA
No mercado de trabalho, a taxa de desemprego no país ficou estável em 8,5% no trimestre encerrado em abril, a menor desde abril de 2015. Apesar da manutenção, o Brasil ainda tem 9,1 milhões de brasileiros desempregados.
A queda da taxa de participação, que mede quantos brasileiros estão buscando emprego, e a resiliência do setor de serviços são os responsáveis pela manutenção da desocupação em patamar baixo neste início de ano, mesmo com os juros fortes. A explicação é do economista do Ibre/FGV, Daniel Duque, em entrevista a colunista do jornal ‘O Globo’, Miriam Leitão. Vale a leitura!
Em relação apenas aos empregos com carteira assinada, o mercado de trabalho brasileiro registrou a abertura de 180 mil vagas em abril – queda de 12,4% em relação ao mesmo mês do ano passado (205,4 mil). Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. Segundo economistas ouvidos pela CNN Brasil, o Caged mostra um emprego formal ainda resiliente, mas com uma ponta de desaceleração.
3) GASOLINA: NOVO ICMS ELEVOU OS PREÇOS EM TODO O PAÍS
A semana também foi marcada pela nova alíquota fixa do ICMS sobre a gasolina em todo o Brasil. O tributo passa agora a ser cobrado com um valor fixo de R$ 1,22 por litro em todos os Estados. Antes, o imposto era calculado sobre uma porcentagem do preço, entre 17% e 23%, e cada unidade da federação tinha um valor diferente.
Segundo um levantamento da Leggio Consultoria, a mudança vai encarecer o preço do combustível em 22 estados e no Distrito Federal. Apenas Alagoas (-0,6%), Amazonas (-1,7%) e no Piauí (-2,2%) poderá haver queda. Esse aumento já chegou nas bombas em São Paulo, Belo Horizonte e no Espírito Santo.
O colunista do Jornal da TV Cultura e presidente do Instituto Combustível Legal, Emerson Kapaz, explicou que o motivo da alíquota única é simplificar a tributação e reduzir perdas tributárias que eram acrescentadas ao preço final da gasolina.
4) PROGRAMA PARA BARATEAR CARROS DEVE SAIR NA SEMANA QUE VEM
O ministro da Fazenda afirmou que o programa para impulsionar a indústria automobilística, com os incentivos para carros populares, foi remodelado e deve ser anunciado pelo presidente Lula na próxima segunda-feira, 05/06. Segundo Haddad, o impacto fiscal das desonerações, ficará abaixo dos R$ 2 bilhões e está “mais do que compensado” de forma integral do ponto de vista da arrecadação.
Pela proposta já divulgada, o governo vai baixar impostos federais, como IPI e Pis Cofins, para que ocorram descontos no preço final dos veículos entre 1,5% (mínimo) e 10,96% (máximo). A medida valerá apenas para carros com valor de até R$ 120 mil. O secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, afirmou que o programa será “emergencial” e de “curto prazo”.
Com 166,3 mil unidades, a venda de automóveis e comerciais leves caiu 4,86% em maio na comparação com o mesmo mês de 2022, segundo a Bright Consulting. Essa desaceleração reflete a decisão do consumidor que decidiu esperar o programa entrar em vigor.
A equipe econômica do governo avalia incluir no pacote incentivos à renovação da frota de caminhões. O assunto vem sendo tratado pelos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e já foi apresentado ao presidente Lula.
Para quem for esperar o programa do governo, o B3 Bora Investir fez a conta de quanto o consumidor vai pagar a menos nos financiamentos com a redução de preços.
5) “ESTE ACORDO É UMA BOA NOTÍCIA PARA O POVO AMERICANO E PARA A ECONOMIA” (Joe Biden, presidente dos Estados Unidos)
Após meses de negociação, saiu o acordo para a elevação do teto da dívida dos Estados Unidos. A aprovação veio na quarta-feira pela Câmara e na quinta pelo Senado. A lei suspende o teto da dívida de US$ 31,4 trilhões por dois anos, o que libera o governo a gastar acima da sua capacidade.
A medida também impediu um calote histórico, caso a proposta não fosse aprovada até segunda-feira. Para conseguir o acordo, o governo dos Estados Unidos precisou fazer concessões aos republicanos liderados por Kevin McCarthy, presidente da Câmara, que pressionava Biden para reduzir gastos públicos.
Na quarta-feira, o Livro Bege do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, trouxe a análise que a economia dos EUA começou a dar sinais de arrefecimento. A interpretação veio num momento em que as contratações começam a perder força e a inflação cresce a um ritmo menor do que nos meses anteriores.
O ponto é que a situação da atividade econômica se tornou tão complicada, que dois dias depois desse diagnóstico o Departamento do Trabalho americano informou que os EUA criaram 339 mil novos empregos em maio de 2023. O resultado veio bem acima do projetado pelo mercado, que esperava uma abertura de 190 mil vagas.
Para analistas, os dados mistos do Payroll acrescentam doses de incerteza antes da reunião de junho do Fed, que vai definir os juros nos EUA. Segundo economistas, mesmo com o mercado de trabalho ainda aquecido, o Comitê de Política Monetária (Fomc) pode optar por uma interrupção momentânea no ciclo de alta de juros.
6) IMPOSTO DE RENDA: “ACABOU, ACABOU”
Terminou nesta semana o prazo de entrega da Declaração do Imposto de Renda para Pessoa Física 2023, ano-calendário 2022. Mais de 41,5 milhões de contribuintes enviaram a declaração para a Receita Federal. A partir de agora, quem não entregou, pode pagar uma multa de 1% ao mês, com limite máximo de 20% do valor do imposto de renda. A multa mínima é de R$ 165,74.
O primeiro lote de restituição começou a ser pago nesta semana. Serão distribuídos cerca de R$ 7,5 bilhões (um recorde em volume de dinheiro para um único lote) entre 4,1 milhões de contribuintes que preenchem os requisitos das prioridades para receber o benefício primeiro.
E agora vem aquela pergunta: o que fazer com a restituição? Para quem está no vermelho, o pagamento das contas deve ser prioridade, diz Fernando Lamounier, diretor de novos negócios da Multimarcas Consórcios.
7) ‘LOVE IS IN THE AIR: MÊS DOS NAMORADOS
Começou o Mês dos Namorados, e este pode ser um bom momento para falar sobre finanças com o parceiro e definir objetivos em comum. O B3 Bora Investir conversou com o Gustavo Cerbasi, planejador financeiro e autor do best seller “Casais inteligentes enriquecem juntos”.
Para o especialista, uma conta conjunta poderia facilitar o processo de investimento. Isso porque, na sua visão, um casal deve investir separadamente para a conquista de objetivos privados e conjuntamente para objetivos compartilhados.
Para saber ainda mais sobre investimentos e educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3.