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“Brasil é reconhecido por ter feito dever de casa na política monetária”, diz Campos Neto

Presidente do Banco Central também afirmou que efeitos dos desastres naturais na produção devem trazer volatilidade aos preços dos alimentos

Roberto Campos Neto, presidente do BC. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
No evento ‘2023 Milken South Florida Dialogues’ em Miami, Campos Neto falou principalmente da agenda de inovações do Banco Central brasileiro. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a afirmar nesta quarta-feira, 22/11, que a autoridade monetária brasileira foi uma das pioneiras no aperto dos juros para baixar a inflação.

“O Brasil é reconhecido por ter feito o dever de casa na política monetária. (…) O país fez um trabalho de subida de juros bastante rápido e bastante cedo, o custo tende a ser menor para a sociedade. Na definição de pouso suave, o Brasil foi um dos melhores resultados”.

Campos Neto também disse que os juros “ficaram bastante altos”, mas o patamar foi necessário para “estabilizar esse processo” de alta da inflação. As declarações foram dadas no café da manhã organizado pela Frente Parlamentar pelo Livre Mercado, em Brasília.

Em relação aos países desenvolvidos, o dirigente do BC afirmou que essas nações ainda estão num processo de alta dos juros para conter a escalada dos preços. Enquanto no mundo emergente, a sequência de queda das taxas acontece de forma “mais saudável e sustentável”.

“O Brasil é um país emergente e a gente precisa fazer melhor o dever de casa ou vamos sofrer com falta de liquidez. Vemos pela primeira vez uma saída grande de recursos da China”, exemplificou.

Ontem em uma entrevista, Campos Neto ressaltou que o Banco Central vai continuar reduzindo os juros em 0,5 ponto percentual nos próximos dois encontros do Comitê de Política Monetária. “Com a inflação baixando, as taxas reais de juros sobem e há espaço para reduzir os juros e continuar no campo restritivo.”

Alimentos em alta, Petróleo estável

O aumento dos efeitos de desastres naturais sobre a produção de alimentos foi citado pelo presidente do BC como um impulsionador da inflação.

“Preço de alimentos tem oscilado bastante, olhando para frente dá para dizer que a volatilidade de alimentos vai ser grande”, alertou.

Já em relação ao Petróleo no mercado internacional, Campos Neto disse que os preços têm resistido aos conflitos no Oriente Médio.

“A parte de petróleo estabilizou, mas tivemos uma volatilidade recente por conta de conflitos. O preço do petróleo está resistindo, mas mostra que não há movimento de queda do petróleo à frente”, disse.

Diante desse cenário, o dirigente voltou a repetir que há dúvidas sobre quais itens devem ajudar no processo de desinflação no mundo.

Risco fiscal

Em diversas declarações recentes, Roberto Campos Neto tem afirmado que o quadro de piora das contas públicas no país “não tem relação mecânica” com a política monetária”. Entretanto, disse que é preciso ter novas medidas de arrecadação para atingir a meta fiscal.

“O arcabouço fiscal foi muito positivo, é importante insistir. (…) O problema de gasto estrutural brasileiro precisa ser endereçado em algum momento”, completou. O presidente do BC também voltou a dizer que dúvidas sobre o cumprimento das metas fiscais, podem trazer incertezas tanto pelo lado monetário, quanto pelo inflacionário – o que “aumenta o prêmio de risco”.

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