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Caged tem resultado positivo, mas mostra desaceleração do mercado de trabalho

O saldo líquido de emprego formal foi positivo em 211.764 vagas em setembro

Carteira de trabalho, Caged. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
O Caged é o Cadastro Geral de Empregados e Desempregado. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Após a criação de 219.330 vagas em agosto, o mercado de trabalho formal registrou um saldo positivo de 211.764 carteiras assinadas em setembro, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta segunda-feira (30/10) pelo Ministério do Trabalho.

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O resultado do mês passado decorreu de 1.917.057 admissões e de 1.705.293 demissões. Em setembro de 2022, houve abertura de 278.023 vagas com carteira assinada, na série ajustada.

O mercado financeiro já esperava um novo avanço no emprego no mês e o resultado veio acima da mediana das estimativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast. No acumulado dos nove primeiros meses de 2023, o saldo do Caged já é positivo em 1.599.918 vagas. No mesmo período do ano passado, houve criação líquida de 2.179.740 postos formais.

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Expectativa de criar 2 milhões de vagas em 2023

Após a divulgação, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, manteve a projeção da pasta de terminar o ano com um saldo positivo de cerca de 2 milhões de vagas.

Na avaliação do ministro, apesar do ritmo de criação de vagas estar menor em relação ao ano passado, o cenário é positivo se comparado a outros primeiros anos de governos. “Eu vejo como número bastante positivo em relação aos demais períodos de início de ciclo”, disse Marinho, ponderando ainda que o final de 2023 pode ter características diferentes de outros anos.

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O ministro ainda avaliou que as medidas adotadas pelo governo podem ter maior impacto na geração de emprego no próximo ano. “A reorganização dos processos leva tempo maior que o nosso desejo, mundo real é mais lento que as vontades de governos”, respondeu em coletiva de imprensa.

Mercado vê desaceleração causada pelo aperto monetário

O economista Luca Mercadante, da Rio Bravo Investimentos, afirma que o números corroboram com a tendência de desaceleração do mercado de trabalho. “Vemos uma dinâmica parecida de desaceleração em todos os setores, embora serviços, como tem uma parcela maior de tamanho, acabe representando boa parte dessa dinâmica”, observa.

O principal motor dessa perda de fôlego, analisa Mercadante, é o efeito defasado do aperto monetário sobre a atividade econômica. Há, no entanto, um fator secundário. “Parte da atividade econômica mais forte veio que uma poupança criada ao longo do período de pandemia e que vem diminuindo aos poucos, sendo consumida. Parece que esse impulso adicional está acabando e isso deve refletir também no mercado de trabalho”, diz o economista da Rio Bravo.

O economista Rodolfo Margato, da XP Investimentos, também enfatizou a desaceleração. “A desaceleração gradual do emprego com carteira assinada se mostrou disseminada entre os setores, mas com destaque para o setor de serviços”, afirma.

Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, os dados do mercado de trabalho reforçam que os cortes de 0,50 ponto na taxa Selic estão “na medida”. “O Banco Central tem conseguido aliar o processo de desinflação com o mercado de trabalho ainda relativamente aquecido, ainda que o processo seja de desaceleração na criação de vagas”, avalia Agostini.

Entre os destaques do mês, Agostini chama a atenção para a geração líquida de 43.465 vagas no setor de comércio. “Já vemos um efeito – e que deve continuar à frente -, do processo de queda de juro e do programa Desenrola, que irão ajudar a retomar o consumo via crédito”, salienta.

*Com Agência Estado

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