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Como ficam os investimentos de renda fixa com a Selic a 13,75%

Última reunião do Copom manteve a taxa básica de juros; títulos pós-fixados devem ser os mais valorizados

Livro do Comitê de Política Monetária em cima da mesa
A manutenção da taxa Selic mantêm a atratividade dos investimentos de renda fixa. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A nova reunião do Copom realizada ontem, dia 26/10, manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75%. Trata-se de uma manutenção do indicador, que está no mesmo patamar desde agosto.

A decisão do Banco Central traz consequências a investidores e até para quem não está no mercado financeiro. Abaixo, os comentários de André Massaro, professor da B3 Educação.

Juros altos beneficiam a renda fixa?

A manutenção da taxa Selic mantêm a atratividade dos investimentos de renda fixa, de acordo com o professor. “Mesmo sem novos aumentos, os juros continuam altos no Brasil. Esse quadro só beneficia uma categoria de pessoas, que são os investidores de renda fixa, sobretudo os com títulos pós-fixados”, explica Massaro.

Entre tais títulos, estão alguns do Tesouro Direto, como os atualmente disponíveis Tesouro Selic 2025 e Tesouro Selic 2027. O investimento mínimo para o primeiro é de R$ 123,38 e, para o segundo, de R$ 122,73.

Segundo o site oficial do Tesouro Direto, os títulos pós-fixados pela Selic são ideais para composição de uma reserva de emergência e para objetivos de curto prazo, já que possuem vencimento próximo (2025 e 2027).

Outro investimento de renda fixa, o Certificado de Depósito Bancário (CDB) pode ser valorizado com a manutenção da Selic. Em sua categoria pós-fixada, o CDB é atrelado à taxa DI, que acompanha de perto a Selic. Hoje, a taxa DI está em 13,65%. Também há CDBs indexados pela Selic.

A nova decisão do Copom também afeta os investimentos de renda variável: “o dinheiro que está na bolsa é um só; logo, se há um deslocamento de recursos para a renda fixa, é de se esperar que a renda variável seja menos procurada. Com a Selic em 13,75%, as ações e FIIs terão dificuldade de competir com os juros pagos a investidores por meio da renda fixa”, afirma o professor da B3.

Massaro também explica que a menor procura pela renda variável não quer dizer que a bolsa terá desempenho ruim, mas é um fator que pode “segurar” as altas expressivas do Ibovespa, principal índice da B3 e composto por ações.

Por que a taxa de juros foi mantida no mesmo patamar?

“A mensagem da última reunião do Copom é clara”, observa Massaro, “o Banco Central não vê necessidade de aumentar os juros”. Uma vez que a Selic é aumentada quando é preciso controlar a inflação – já que juros altos inibem o consumo e, por consequência, freiam o aumento dos preços -, a mais recente decisão do Copom indica estabilidade tanto na inflação quanto na economia como um todo.

+ Inflação controlada: como os Bancos Centrais definem as taxas de juros?

Entretanto, Massaro alerta que a Selic continua alta, levando em conta o histórico do indicador.

“Quando falamos de juros, pensamos em ciclos de alta e ciclos de baixa. A manutenção da Selic pode indicar que o ciclo de alta está chegando ao fim, o que não quer dizer que já estejamos vivendo um ciclo de baixa”, explica Massaro.

Segundo o professor da B3, ainda não há evidências de um ciclo de baixa dos juros. “Para que isso aconteça, a inflação precisaria cair, mas ainda não há sinalização de que isso vá acontecer tão cedo.”

Uma vez que o Brasil é um país com alto número de endividados, a manutenção da Selic pode afetar diretamente parcelas da população que tomam empréstimos. “A Selic é a taxa básica de juros, isso quer dizer que ela é a mínima possível; então, quando um banco ou empresa de crédito cede empréstimos, seus juros serão maiores que a Selic”, alerta Massaro.

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