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Copom eleva Selic em 1 p.p., a 13,25%, e mantém sinalização de mais uma alta da mesma magnitude

Decisão já era esperada pelo mercado após indicação de altas da Selic na última reunião do comitê

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou nesta quarta-feira, 29, um aumento da Selic em 1 ponto porcentual. Assim, a taxa básica de juros do País vai a 13,25% ao ano. Além de ser amplamente esperada pelo mercado, a decisão segue a sinalização da última reunião de 2024.

O comunicado divulgado hoje manteve o guidance de mais uma alta de 1 ponto porcentual para a próxima reunião do colegiado. “Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação.”

No comunicado, o comitê ressaltou o cenário desafiador nos Estados Unidos, com incertezas sobre os próximos movimentos do Fed (Federal Reserve). A autoridade monetária norte-americana decidiu hoje pela manutenção dos juros na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano, mas não seu sinais claros sobre as próximas decisões. Além do cenário externo, o Copom destacou a resistência da inflação no Brasil.

“O ambiente externo permanece desafiador em função, principalmente, da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, o que suscita mais dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes”.

Em relação ao cenário doméstico, o comitê afirmou que o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo. “A inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação e novamente apresentaram elevação nas divulgações mais recentes”.

Essa foi a quarta alta seguida da Selic. A taxa está no maior nível desde setembro de 2023, quando também estava em 13,25% ao ano. A decisão foi unânime entre os nove integrantes do colegiado na primeira reunião de Gabriel Galípolo como presidente do BC. 

Repercussão do mercado: sem novidades

Analistas destacaram que pouco foi modificado no comunicado, na comparação com o anterior. “O comunicado que acompanhou a decisão não trouxe grandes mudanças em relação aos anteriores, e, com isso, manteve o tom mais duro e cauteloso”, destacou Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos . “O ponto mais importante é que o Copom manteve o guidance dado anteriormente para a reunião de março, repetindo que uma alta adicional de 100bps deverá acontecer”, completou.

Ainda em relação ao guidance, Luis Cezário, economista chefe da Asset 1, avalia que a comunicação foi adequada. “Afinal, dar sinalização sobre qual seria a decisão mais provável para duas reuniões à frente é uma estratégia pouco comum”, ressalta. “Ela fez sentido na reunião de dezembro para facilitar a transição para o início do mandato do Galípolo na presidência do Banco Central e indicar que o aperto monetário teria continuidade. Agora, é sensato que o Copom queira ter mais flexibilidade pra observar os dados e reagir aos eventos que ocorrerão até maio. Até lá, muitas coisas podem acontecer”. 

Lucas Constantino, estrategista-chefe da GCB Investimentos, também interpretou o comunicado de forma positiva, uma vez que o texto ressaltou os principais pontos de preocupação externos e internos à inflação – com destaque à deterioração do quadro fiscal e das expectativas futuras – e reforçou o compromisso do Bacen no controle da inflação, indicando a necessidade de uma política monetária mais contracionista na atual conjuntura. 

Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, destacou que o cenário se deteriorou no último trimestre. No último relatório Focus, divulgado pelo BC na segunda-feira, a mediana das expectativas para a inflação em 2025 passou de 5,08% para 5,50%. “Com a expectativa de inflação totalmente desacordada, acreditamos que os juros precisam ir para 15,50%, para efetivamente começar a ter impacto na atividade econômica, no mercado de trabalho e, consequentemente, na inflação”, disse Moreira.

Por fim, Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, destacou a mudança na descrição dos riscos baixistas. “Ele (o comunicado) veio com uma projeção de inflação na parte mais baixa das expectativas de mercado, retirou o plural da sinalização sem dar a entender que alta é o movimento mais provável em maio. A sensação que fica é que a autoridade monetária já está pensando nas defasagens de política monetária”, apontou. 

Balanço de riscos

Em relação à resistência da inflação, o Copom citou alguns riscos que podem influenciar a política monetária. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se: 

  1. uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado;  
  2. uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e  
  3. uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.  

Entre os riscos de baixa, ressaltam-se:  

  1. impactos sobre o cenário de inflação de uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada; e  
  2. um cenário menos inflacionário para economias emergentes decorrente de choques sobre o comércio internacional e sobre as condições financeiras globais.  

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