Petrobras perde R$ 41 bilhões em valor de mercado em uma semana; entenda
Petrobras anunciou proposta para rever sua política de indicações de executivos e conselho
Em menos de uma semana, a Petrobras viu o seu valor de mercado derreter na Bolsa do Brasil (B3). Em apenas um pregão, o desta segunda-feira, 23/10, as suas ações despencaram mais de 6%.
O resultado desastroso veio após a companhia informar que aprovou a revisão de seu estatuto social. A medida visa alterar a política de indicação de cargos da alta administração e do conselho fiscal, além de criar uma reserva de remuneração de capital.
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Segundo analistas do mercado financeiro, a primeira medida pode abrir brechas para uma ingerência política na companhia. Já a segunda, pode levar a uma menor distribuição de dividendos nos próximos anos
A estatal, que atingiu o seu recorde histórico na última quarta-feira, 18/10, ao fechar em R$ 525,1 bilhões, viu seu valor de mercado cair para R$ 483,4 bilhões ontem. Os dados são consultor financeiro, Einar Rivero.
“Essa redução é equivalente ao valor de mercado de empresas, como Sabesp ou Prio. No pregão de 23 de outubro, a Petrobras teve uma queda adicional de R$ 32,3 bilhões, o que equivale ao valor de mercado da Engie Brasil”, explica.
Importante pontuar que as alterações ainda não começaram a valer, pois precisam ser aprovadas em assembleia geral extraordinária, a ser convocada.
Mudança pode driblar Lei das Estatais
O risco para a governança corporativa da Petrobras foi o principal entrave encontrado pelos analistas nessa proposta de alterações no estatuto social.
O receio é que o texto elimine restrições para a indicação de membros à alta cúpula da companhia, o que facilitaria indicações políticas e ingerência na empresa.
Atualmente a Petrobras segue a Lei das Estatais para a indicação dos seus executivos. Aprovada em 2016, a lei estabelece as seguintes exigências para o preenchimento dos cargos de diretoria:
- Profissionais precisa ter experiência na área de atuação;
- Formação acadêmica compatível com o cargo;
- Indicado não pode ter atuado como Ministro, Secretário de Estado ou participado da estrutura decisória de partido político nos últimos 36 meses.
Em nota, a companhia informou que a proposta tem por objetivo alinhar o estatuto à Lei das Estatais. Disse ainda que seu estatuto faz referência (artigo 21), aos requisitos determinados pela lei.
“O objetivo é tão somente manter o estatuto social da Petrobras atualizado, quaisquer que venham a ser as decisões judiciais sobre o tema. (…) Não há qualquer redução nas exigências em relação à Lei das Estatais, pois o estatuto social continua a fixar o cumprimento total da Lei das Estatais nas indicações”, disse a companhia em nota.
Para o analista de equity da Guide Investimentos, Mateus Haag, a exclusão de vedações da Lei das estatais é preocupante, pois “indicações políticas não favorecem o quadro técnico dos executivos. O risco de ingerência aumenta”.
Os analistas do Goldman Sachs também veem possíveis ingerências na empresa. “A proposta deixa espaço para a indicação de indivíduos politicamente expostos para cargos de gestão”, disseram em nota.
Reserva de remuneração de capital da Petrobras
Em relação a criação da reserva de remuneração, investidores temem que a proposta possa reduzir o potencial para futuros pagamentos extraordinários de dividendos. O analista da Guide Investimentos discorda.
“A criação da reserva tem como objetivo garantir contabilmente que a Petrobras consiga pagar os dividendos estabelecidos em sua política de remuneração. Portanto, pouco preocupante”, conclui Mateus Haag.
Já os analistas do Goldman Sachs afirmaram que a proposta “aumenta as incertezas em nossa projeção para o pagamento de um potencial dividendo extraordinário”.
Segundo a agência Bloomberg, quatro dos 11 membros do Conselho de Administração, que representam os acionistas minoritários, votaram contra a proposta.
Mercado hoje
Na manhã desta terça-feira, 24/10, as ações da Petrobras operavam em alta. Os papéis preferenciais e ordinários subiam 1,07%.
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