Por que o filme da Barbie fez as ações da Mattel dispararem?
Com a estreia do filme da Barbie nesta quinta-feira, 20/07, as ações da Mattel saltaram 15,25% em um mês
Por Guilherme Naldis
Basta abrir qualquer rede social para se deparar com ele. O frenesi com o filme da Barbie não está só entre os fãs da boneca como, também, nos anúncios de diversas marcas. O resultado foi a valorização de 15,25% das ações da Mattel no último mês em razão do marketing ostensivo para a estreia do longa-metragem.
E não é pra menos: a empresa, que está listada na Nasdaq, tem apostado todas as suas fichas na produção. O orçamento para o longa foi de US$ 100 milhões, e a expectativa de vendas de ingressos, já na estreia, é de US$ 80 milhões. Ou seja: a Mattel estima que o investimento quase se pague já no primeiro dia de exibição.
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Por isso, a estratégia tem sido reforçar a divulgação do filme na mídia e nas marcas associadas. “Além disso, tem muita gente com esperança na companhia, baseado no seu braço de filmes porque ela tem marcas muito fortes que vão além da Barbie”, explica Bea Aguilar, analista financeira CNPI.
Novos negócios da Barbie
O lançamento não deve gerar receitas só nos cinemas, mas em várias frentes de atuação da empresa. O filme da Barbie deve fomentar a venda de mais bonecas, que somam quase U$ 1,5 bilhão da receita da Mattel, mais de 20% do total.
Assim, o principal braço de atuação da Mattel deve ser fortalecido, após uma queda expressiva durante a pandemia de Covid-19. A empresa tem sofrido com a inflação e os juros altos já que, como tudo está mais caro, brinquedos acabam sendo preteridos.
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“Por isso, o mercado tem visto com bons olhos a mudança de estratégia de negócios da Mattel, consolidada pela criação da Mattel filmes”, diz Aguillar. Para ela, é importante que a companhia diversifique suas receitas para, em momentos de crise econômica como o atual, conseguir manter o fluxo de caixa.
A entrada no ramo audiovisual, entretanto, ainda não é o negócio principal da companhia. “Então é difícil imaginar que eles mudem o rumo das ações no curto e no médio prazo”, ressalta.
Ganhos adicionais
Além de vender ingressos e bonecas, a Mattel já está registrando um incremento no seu caixa ao ter vendido os direitos autorais da Barbie para a Warner, que está produzindo o longa.
Além disso, a companhia ganha, e muito, ao fazer colaborações com outras marcas, como a Gap, a Zara e a Airbnb, que estão fazendo campanhas promocionais baseadas no filme.
“Quando a gente pensa que existem outras marcas que podem ser exploradas da mesma forma, não só com o filme, mas com as vendas decorrentes de brinquedos e as receitas paralelas de direitos autorais, a empresa tende a se beneficiar muito”, afirma Aguillar.
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A concorrente Hasbro acabou surfando a onda da Mattel e também subiu, ainda que menos. Entre junho e julho, a alta acumulada é de cerca de 3,5%. A empresa, que lançou o longa-metragem de Dungeons & Dragons em abril deste ano, teve bons resultados nas bilheterias e subiu na rebarba da Mattel, com o entendimento de que a estratégia de levar os brinquedos às telas tem dado certo.
“Mas a gente só vai ver se essa entrada no mercado cinematográfico funciona no médio prazo, quando o projeto Barbie começar a recolher frutos, e os outros 14 projetos cinematográficos começarem a andar”, conclui Aguillar.