UBS conclui compra do Credit Suisse, na maior fusão bancária desde 2008
Grupo passa a administrar US$ 5 trilhões em ativos financeiros e se torna o maior gestor de patrimônio do mundo
O UBS Bank concluiu nesta segunda-feira, 12/06, a compra do Credit Suisse; É a maior fusão no setor bancário desde a crise financeira de 2008: a união criou um banco suíço gigante com um balanço patrimonial estimado em US$ 1,6 trilhão. O novo grupo financeiro passa a administrar US$ 5 trilhões em ativos financeiros, o que o coloca como o maior gestor de patrimônio do planeta.
O acordo entre as duas instituições foi anunciado em março, após uma forte crise de confiança que se abateu sobre o Credit Suisse. Na época, o banco divulgou um forte crescimento do endividamento, que atingiu US$ 3,37 bilhões (R$ 16,41 bilhões). A compra pelo UBS teve como pano de fundo uma forte influência de autoridades do governo suíço, que viram na transação uma oportunidade para evitar a contaminação do problema para outras instituições do país.
O presidente do UBS, Colm Kelleher, afirmou que está satisfeito com o fechamento do negócio em apenas três meses e que a transação reúne, pela primeira vez, dois bancos importantes para o sistema financeiro global. “À medida que começarmos a operar o grupo bancário consolidado continuaremos a ser guiados pelos melhores interesses de todas as partes interessadas, incluindo investidores”.
As duas instituições financeiras empregam juntas mais de 120 mil pessoas em todo o mundo. No entanto, o UBS já declarou que cortará empregos para reduzir custos.
Os dois bancos, segundo comunicado do UBS, vão operar de forma separada: o UBS AG e Credit Suisse AG. Cada um seguirá com suas subsidiárias e agências. No entanto, o Conselho de Administração e a Diretoria Executiva do UBS Group AG terão a responsabilidade geral pelo grupo consolidado.
Para Sergio P. Ermotti, CEO do UBS Group AG, a fusão terá um “alcance geográfico mais amplo e acesso a um conhecimento ainda maior”.
O que aconteceu com o Credit Suisse?
A fusão concluiu uma história de 167 anos do Credit Suisse, que nos últimos anos foi marcada por prejuízos bilionários. No ano passado, o banco, que ainda era o segundo maior da Suíça, começou a passar por um processo de reestruturação mal sucedido.
Um levantamento da TradeMap na época mostrou que a instituição perdeu US$ 10,6 bilhões em valor de mercado em um ano. Em março de 2022, o banco valia US$ 19,1 bilhões e um ano depois esse número já havia caído para US$ 8,5 bilhões, uma perda de 55,5%.
O estopim para que a crise se instalasse de uma vez na instituição financeira aconteceu após a quebra de dois bancos nos Estados Unidos por problemas de liquidez: o Silicon Valley Bank (conhecido como o banco das startups) e o Signature Bank (instituição com foco em criptomoedas). O caso reacendeu na memória dos investidores a crise financeira de 2008, que começou nos Estados Unidos e se alastrou para o resto do mundo.
Como começou a crise bancária?
Desde março de 2021, para conter a maior inflação em quatro décadas, o Federal Reserve (Fed) passou a promover um aperto monetário e subir a taxa básica de juros da economia.
Com os juros escalando na maior economia do mundo, a atratividade dos investimentos em ativos de risco diminuiu e houve uma migração para a renda fixa, principalmente títulos da dívida americana, os mais seguros do planeta. Com a falta de capital para gerir os negócios, as empresas passaram a retirar os seus depósitos dos bancos.
A saída de recursos levou a perda da rentabilidade dos títulos de várias instituições financeiras. Além da queda na rentabilidade dos investimentos, a pandemia e a inflação levou vários clientes a retirar suas economias do banco para pagar contas. Como parte dos bancos americanos não estava preparada para lidar com essa forte saída de recursos, se instalou uma crise que prejudicou o sistema bancário também na Europa.
Outro banco que sofreu e precisou ser comprado foi o First Republic Bank, que no começo de maio foi adquirido pelo J.P. Morgan.
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