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Fed sobe juros em 0,25 ponto percentual e sinaliza que alta ainda não terminou

Em meio à crise bancária, BC dos EUA segue no desafio de levar a inflação para a meta de 2%. Movimento veio em linha com o esperado pelo mercado.

O presidente do Banco Central dos Estados Unidos, Jerome Powell, em um púlpito em frente à bandeira dos EUA
O presidente do Fed, o Banco Central dos EUA, Jerome Powell. Foto: Divulgação

O Federal Reserve (Fed) elevou nesta quarta-feira, 22/03, a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual – para o intervalo entre 4,75% e 5%. O resultado veio em linha com o esperado pelo mercado e manteve o ritmo da última reunião, em fevereiro.

O mais novo aperto na política monetária americana levou os juros para o maior valor desde setembro de 2007, quando as taxas atingiram seu pico na véspera da crise financeira. A coincidência acontece em meio a uma crise bancária que ainda abala os mercados globais. Em relação a essa nova turbulência o banco central americano foi categórico: “o sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente”, disse o Fed, em comunicado.

Em uma entrevista coletiva após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que está empenhado em aprender lições em relação ao episódio envolvendo os bancos. Disse ainda que os programas do BC americano estão “atendendo efetivamente” às necessidades de liquidez e que os formuladores de políticas monitoram de perto a situação.

“Os eventos no sistema bancário provavelmente resultarão em condições de crédito mais apertadas, mas é muito cedo para dizer o quanto isso afetará a economia e como a política monetária deve responder”.

Para Powell, os problemas bancários podem equivaler a um aumento de juros ou mais, mas que isso não pode ser julgado neste momento. “A história mostra que se esses problemas não forem resolvidos podem minar a confiança de bancos saudáveis”, completou o presidente do Fed.

Foco na inflação

A decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve foi unânime e mostrou que o BC americano segue focado em reduzir a inflação para a meta de 2%. O comitê acredita que os preços podem escalar ainda mais, diante dos recentes problemas no sistema bancário. Por isso, não descarta altas adicionais.

“Antecipamos que algum endurecimento adicional pode ser apropriado para atingir uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo”, afirmaram as autoridades, em documento divulgado após a reunião.

Para o BC americano, o movimento deve resultar em novas restrições ao crédito para famílias e empresas e pesarão na atividade econômica. Entretanto, o Fed ressaltou que confia na economia e no sistema financeiro que “permanecem saudáveis o suficiente para resistir à série de colapsos bancários”.

Para o presidente do FED, a inflação em patamares elevados e o mercado de trabalho ainda forte impõem riscos para a política monetária. Jerome Powell disse ainda que as projeções de crescimento para este ano e para o próximo estão abaixo da tendência da economia.

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“As pressões inflacionárias continuam altas e o processo de reduzir a inflação para 2% tem um longo caminho a percorrer e provavelmente será acidentado. (…) O Fed espera que o crescimento moderado continue”, completou.

O economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, acredita que o Fed tomou a decisão certa ao elevar os juros diante de uma atividade econômica resiliente, um mercado de trabalho aquecido e uma inflação que ainda emite sinais de alerta.

“Os núcleos da inflação (preços de serviços, moradia e alimentos) continuam elevados. Há um processo de desinflação em curso que ainda é preocupante, pois não há sinais claros de convergência para a meta de longo prazo”.

Para o analista, o BC americano passa por um dilema triplo: controlar preços, manter a estabilidade do sistema financeiro e atenuar os choques sobre a atividade e o emprego. “Daqui para frente será importante acompanhar como a autoridade monetária irá reagir: aceitará uma inflação mais alta e dará prioridade ao sistema financeiro ou o contrário?”, questiona Sung.

O que esperar dos juros americanos daqui para frente?

O Federal Reserve projeta que a taxa de juros nos Estados Unidos deve terminar o ano em cerca de 5,1%. A estimativa segue inalterada em relação a dezembro do ano passado. Para 2024, a expectativa para os juros subiu de 4,1% para 4,3%.

Para a equipe da Suno Research, o cenário é praticamente o mesmo, com o término do ciclo de aperto monetário em 2023 e a taxa em torno de 5,25% ao ano.

O economista André Perfeito acredita que o FED encerrou o ciclo de alta dos juros hoje e que parte dessa decisão deriva do colapso no Silicon Valley Bank e dos problemas no Credite Suisse.

“Tanto o caso do SVB quanto do CS fizeram o trabalho sujo, por assim dizer, de altas adicionais na taxa básica de juros. Este poderia ser também um dos argumentos do Copom logo mais caso deseje iniciar um ciclo de cortes, afinal as condições de crédito estão mais apertadas hoje por conta de três aspectos: perspectiva de baixo crescimento; eventos adversos no mercado de crédito por conta da recuperação judicial de uma grande empresa varejista e das condições globais”.

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