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First Republic é o quarto banco a quebrar nos EUA em 2023; JP Morgan compra os ativos

JP Morgan vai garantir o acesso dos clientes aos depósitos. Transação, aprovada pelo órgão regulador americano, consolida expectativa de nova alta nos juros dos EUA esperada para quarta

A semana em que o mercado financeiro está com as atenções voltadas para a ‘Super Quarta’ – à espera das decisões de juros no Brasil, Estados Unidos e Europa – começou com a quebra de mais uma instituição financeira americana. Após problemas com depósitos desde o início do ano, o First Republic Bank (FRB), foi à falência nesta segunda-feira, 01/05.

O JP Morgan adquiriu a maior parte dos ativos e depósitos em um resgate liderado pelo Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC, órgão garantidor de crédito dos EUA) após o Departamento de Proteção Financeira e Inovação da Califórnia (DFPI) fechar o banco. A decadência do First Republic começou em março, após os clientes retirarem mais de US$ 100 bilhões em depósitos da instituição.

A quebra do FRB configura a segunda maior para um banco da história dos Estados Unidos. Desde o início do ano, além do First Republic, outras três instituições regionais americanas tiveram a falência decretada, o Silicon Valley Bank, Signature Bank e Silvergate Bank. Segundo as autoridades do país, apesar da dimensão dessas quebras, o sistema bancário dos EUA é considerado sólido. No entanto, os problemas têm reacendido o fantasma da crise global de 2008.

O acordo fará com que o First Republic receba US$ 173 bilhões em empréstimos, US$ 30 bilhões em títulos e US$ 92 bilhões em depósitos do credor falido. Entretanto não há detalhes sobre quanto o JP Morgan vai pagar nessa operação. Em comunicado, o JP apenas informou que “está apoiando o sistema financeiro dos EUA por meio de sua força significativa e capacidade de execução”.

“Nosso governo nos convidou e a outros para intensificar, e nós o fizemos. Nossa força financeira, capacidades e modelo de negócios nos permitiram desenvolver uma oferta para executar a transação de forma a minimizar os custos para o Fundo de Seguro de Depósito”, disse o banco em comunicado.

Segundo o DFIC, o custo para o Fundo de Seguro de Depósito será de cerca de US$ 13 bilhões. O órgão também informou que os 84 escritórios do First Republic em oito estados americanos serão reabertos como agências do JP Morgan e que todos os depositantes do First Republic se tornarão clientes do JP.

“Todos terão acesso total aos seus depósitos, que continuarão a ser segurados pelo FDIC, e os clientes não precisam alterar sua relação bancária para manter a cobertura do seguro de depósito até os limites aplicáveis”, afirmou em nota.

“A compra foi organizada pelo próprio governo americano, o que tirou o peso das costas do FDIC na medida em que reduziu chances de um maior contágio, mas a expectativa de desaceleração do crédito e, consequentemente, da economia também parecem ter se intensificado”, afirmou a equipe econômica da Guide Investimentos.

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A crise no First Republic

O banco com sede em São Franciso, na Califórnia, era especializado em ‘private banking’, ou seja, atende às pessoas mais ricas assim como o Silicon Valley Bank, que era focado em empresas de capital de risco.

Os problemas na instituição começaram, assim como em vários bancos americanos, com a escalada na taxa básicas de juros promovida pelo Federal Reserve para conter a inflação. Esse aumento prejudicou o valor dos títulos e empréstimos que o banco comprou quando as taxas estavam baixas. Isso levou os clientes a retirar dinheiro da instituição em busca de melhores rentabilidades.

A fuga de capital abriu uma crise de confiança. Em março, onze bancos dos Estados Unidos tentaram manter o FRB em pé, com um aporte de US$ 30 bilhões em novos depósitos. No entanto, a medida não foi capaz de conter a gota d´água do balanço do primeiro trimestre, quando o First Republic anunciou o corte de 25% da sua equipe.

Impacto nos juros

Os economistas acreditam que o banco central americano deve elevar mais uma vez a taxa básica de juros nesta quarta-feira, 03/05. As expectativas para mais um ajuste de 0,25 ponto percentual aumentaram diante da compra do First Republic pelo JP Morgan. Hoje a taxa dos EUA está entre 4,75% e 5% ao ano.

Para o Brasil, a expectativa dos analistas é que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a taxa básica Selic em 13,75% ao ano. Na Europa, a estimativa é que o Banco Central Europeu aumente suas três principais taxas de juros em 0,25 ponto percentual para conter a inflação ainda persistente.

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