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IPCA de agosto: Inflação volta a acelerar e atinge 0,23%

A inflação do Brasil medida pelo IPCA de agosto teve alta conforme previsto pelo mercado, ainda que em grau menor

Apesar de parecidos, os termos inflação, deflação e desinflação significam fenômenos econômicos distintos, que o IPCA-15 mede. Foto: Adobe Stock

A inflação oficial do Brasil avançou 0,23% entre julho e agosto deste ano. Segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa superou os 0,12% do período anterior. Ainda assim, o dado foi bem recebido pelo mercado, que projetava alta de 0,28%, de acordo com a mediana recolhida pela Bloomberg. 

No acumulado de 12 meses, a alta do IPCA foi de 4,61%. O número está dentro da faixa de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), do Banco Central, para este ano, que vai de 1,75% a 4,75%. A taxa superou a inflação registrada em agosto de 2022, quando houve deflação de 0,36%. 

Apesar da alta dos preços, o dado desta terça-feira, 12/09, está em linha com as projeções do mercado. Segundo Rachel de Sá, economista-chefe da Rico, a nova alta já era esperada.

Recepção do IPCA de agosto 

Ela explica que, ao mesmo tempo que alguns itens da cesta surpreenderam positivamente, com maior deflação ou desinflação do que o esperado, outros tiveram altas acima das expectativas. 

O preço dos combustíveis teve um desempenho pior do que o esperado, em razão das mudanças na políticas de preços da Petrobras, ao passo que itens de higiene pessoal e perfumaria não subiram tanto quanto o esperado.

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“Do ponto de vista das pessoas, alguns preços podem assustar, como a energia elétrica que subiu bastante, devido ao desconto da Usina de Itaipu no mês passado. Neste mês não houve desconto, então já era esperada a reversão”, exemplifica.  

Alta inflacionária já estava no preço

O analista da Empiricus, Matheus Spiess, explica que o resultado foi positivo na medida em que, mesmo demonstrando inflação, atendeu ao que o mercado havia projetado. Na média, foi até melhor. 

“Parte dessa aceleração é reflexo da deflação do ano passado ano passado, que já estava na conta do mercado que viu o movimento como natural”, afirmou.

Automóveis e combustíveis no IPCA de agosto

Os gastos com Transportes passaram de um aumento de 1,50% em julho para uma elevação de 0,34% em agosto. O preço do automóvel novo aumentou 1,71%, e os combustíveis subiram 0,87%, com destaque para a gasolina, que teve uma alta de 1,24%. O óleo diesel subiu 8,54%, enquanto recuaram os preços do etanol (-4,26%) e do gás veicular (-0,72%).

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“O destaque foi para os carros novos, com o final do programa de incentivo do governo, combustíveis, em razão dos aumentos da Petrobras, e a energia elétrica”, afirma Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master

Expectativas para o Copom

Não há consenso sobre como o IPCA de agosto deve ser interpretado pelo Banco Central. Para Spiess, da Empiricus, os números retomam a possibilidade de um corte de 0,75% na Selic nas próximas reuniões. 

“O ambiente ainda é muito incerto, então não há muita certeza do que pode acontecer com a política monetária. Não é trivial, mas caso os dados se mantenham na tendência atual, a possibilidade de uma alta mais enérgica nas reuniões depois de setembro aumenta”, afirma. 

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, afirma que o número somente confirma “o plano já estabelecido pelo BC – de cortar a Selic em 0,50% a cada reunião até o final de 2023”.

Na visão dele, o indicador comportado não muda as perspectivas da trajetória do juro. “A média dos núcleos tinha arrefecido, mas eles voltaram a subir. O que mostra que a inflação não está tão sob controle assim”, diz. No acumulado de 12 meses, a queda dos núcleos foi de 5,62% em julho para 5,22% no mês passado.

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