IPCA, IGP-M, INPC, IPC: conheça os índices de inflação do Brasil
Cada um dos indicadores de inflação atende a uma necessidade do mercado
Por Guilherme Naldis
A inflação se instala quando um grupo de produtos ou serviços registra aumento do seu valor de venda durante determinado período. Para que essa alta dos preços seja medida com precisão, é preciso que um índice de preços seja calculado.
Um exemplo é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que vira e mexe é tema do noticiário econômico. Mas, além dele, existem indicadores que medem preços em determinado setor da economia e segmento de consumo, ou usam técnicas de apuração diferentes.
Em comum, todos mensuram a velocidade com a qual os preços crescem e decrescem. Para calculá-los, economistas e estatísticos registram os preços de um grupo de produtos observados em um recorte de tempo e região. O tempo pode variar de uma semana a um ano, enquanto a região pesquisada pode ser um bairro ou o país.
Depois que os dados são recolhidos, passam por uma série de tratamentos e cruzamentos entre si e é extraída a média de preço de cada item. A diferença entre o preço atual e o observado na medição anterior dirá se houve inflação, deflação ou desinflação.
Bora entender como os principais indicadores funcionam!
IPCA, a inflação das inflações
O IPCA é a medida oficial de inflação do Brasil. Elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice é a principal referência para a construção da política econômica do Brasil.
O indicador serve tanto para o Ministério da Fazenda se balizar na sua atuação quanto para o Banco Central avaliar o nível de preços do país e decidir o que fazer com a Selic, a nossa taxa básica de juros. Para o BC, este medidor de preços é particularmente importante, visto que o IPCA é utilizado como referência das metas de inflação.
Além disso, o indicador é acompanhado de perto por economistas, setores do governo e a iniciativa privada. Afinal, é o IPCA quem melhor capta a situação do poder de compra do país, visto que é o índice com maior abrangência.
IPCA-15
Normalmente, o IPCA é coletado entre os dias 1° e 30 de cada mês de referência. Mas, para atender a algumas necessidades mais imediatas do mercado, existe o IPCA-15. Sua principal diferença é a publicação, que acontece mais cedo: o IPCA-15 é uma prévia do IPCA, cujo período de coleta vai do dia 16 do mês anterior ao 15 do mês de referência. Via de regra, a divulgação dos dois acontece sete dias após o fim da pesquisa, para dar tempo de bater todos os números e estudá-los.
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Como o IPCA é calculado?
Em geral, os dois IPCAs são bem parecidos: ambos medem o preço de uma cesta de consumo representativa para famílias com renda de um a 40 salários mínimos, em 13 áreas geográficas. São elas: as regiões metropolitanas de Belém (PA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS), além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia (GO) e Campo Grande.
E meus investimentos com a inflação?
O IPCA é o indexador dos títulos da dívida pública, como o Tesouro IPCA+.
Além disso, grande parte dos investimentos de renda fixa estão ligados ao IPCA, sejam eles pré ou pós fixados, dado que uma variação maior que a do indicador é referência de rentabilidade.
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) também é divulgado pelo IBGE e abrange a mesma região que os IPCAs. A diferença é que o INPC aborda, somente, a cesta de consumo das famílias com renda mensal entre um e cinco salários mínimos.
Por isso, o objetivo deste indicador é corrigir a inflação por poder de compra das faixas sociais, mensurando as variações de preços na população com menos condições financeiras, mais sensível à inflação.
IPC-Fipe
Elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo (USP), o Índice de Preços ao Consumidor do Município de São Paulo (IPC-Fipe) é dedicado à capital paulista e abrange a cesta de consumo da população que recebe entre um e 10 salários mínimos.
Este é um dos índices de inflação mais antigos do país e começou a ser computado em 1939, quando a prefeitura paulistana o criou.
Apesar de parecer específico, o indicador da Fipe não passa despercebido pelos economistas, visto que a cidade é a maior economia do Brasil e o que acontece nela tende a afetar o restante do País.
É importante detalhar que, por conta dessa diferença metodológica, é natural existir resultados distintos entre os índices. Como cada instituição tem uma abrangência e uma técnica de produção, apuração e refinamento dos dados, os resultados podem divergir entre si.
Indicadores setoriais de inflação
Cada setor da economia possui órgãos em suas associações comerciais ou dentro do próprio governo para mensurar os custos de produção, compra e venda das suas mercadorias. Por isso, existem indicadores setoriais específicos, dedicados a medir a inflação de um grupo reduzido de matérias primas e bens que dizem respeito a um setor.
Alguns deles são o Índice de Custo da Tecnologia da Informação (ICTI), calculado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Índice de Preços ao Produtor (IPP) do IBGE e o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre outros.
IGP
O Índice Geral de Preços (IGP) da FGV é uma média ponderada de outros três índices: o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), também da FGV, e o IPC-A, do IBGE.
O IGP foi concebido para ser uma medida abrangente do movimento de preços no Brasil e envolver não só as diferentes atividades da economia como, também, etapas distintas do processo produtivo.
Este índice possui algumas variações de tempo: a mais antiga, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), é coletado como o IPCA, entre os dias 1° e 30. Depois foi criado o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), cuja coleta é do dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês de referência. Já o IGP-10 começa a ser pesquisado no dia 11 do mês anterior à publicação e acaba no dia 10 do mês de referência.
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