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First Republic Bank recebe aporte de US$ 30 bi, mas mercado vê ajuda com desconfiança

Onze grandes bancos dos EUA agiram para resgatar a instituição que enfrenta queda nas ações e saques em massa. Juros altos também turvam o cenário bancário internacional

O aporte de quase US$ 30 bilhões para resgatar um dos maiores bancos dos Estados Unidos, o First Republic Bank (FRB), tem sido visto com desconfiança pelo mercado financeiro mundial. A enxurrada de dinheiro é um esforço para impedir o pânico crescente após duas falências bancárias recentes – o Silicon Valley Bank e o Signature Bank.

Um depósito não segurado de US$ 5 bilhões no FRB já foi realizado, por cada um dos bancos, JPMorgan Chase, Citigroup, Bank of America e Wells Fargo, segundo o comunicado conjunto enviado pelas instituições. O Morgan Stanley e o Goldman Sachs estão entrando com US$ 2,5 bilhões cada, enquanto cinco outros bancos contribuíram com US$ 1 bilhão cada.

Apesar da pesada ajuda dos conglomerados bancários americanos, as ações do First Republic Bank voltaram a operar em queda nesta sexta-feira, 17/03, e marcam a pior semana da história da instituição. Os papeis despencavam 17% no pré-mercado – com desempenho pior que outros bancos regionais. Em cinco dias, o tombo chega a 60%.

Em uma declaração conjunta, os onze bancos e a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, afirmaram que o resgate ao FRB mostra uma força do sistema bancário americano. “Esta demonstração de apoio de um grupo de grandes bancos é muito bem-vinda e demonstra a resiliência do sistema bancário”.

Entenda a crise

Após a falência do banco das startups, grandes instituições financeiras americanas – como o First Republic – começaram a sofrer com a retirada de dinheiro por vários investidores de médio porte. A solução conjunta encontrada, para evitar um colapso ainda maior, foi a injeção de recursos.

O entrave mais imediato pode ter sido resolvido, mas os economistas discutem se esse aporte será suficiente para salvar o FRP. O banco – conhecido por atender ricos executivos de tecnologia, em empréstimos de alto risco e sem garantias – ainda precisa lidar com um ambiente de negócios mais difícil e taxas de juros altas.

Para tentar acalmar os investidores, a secretária do Tesouro dos EUA – em depoimento ao Congresso – afirmou que o sistema bancário americano e sólido. “Os americanos podem se sentir confiantes de que seus depósitos estarão lá quando precisarem deles”, disse Janet Yellen.

 Diante de toda essa crise, apenas nesta semana, o Federal Reserve (Fed) – banco central americano – emprestou o equivalente a US$ 165 bilhões aos bancos.

Relembre

As ações da First Republic foram duramente atingidas pela turbulência no setor bancário que começou na semana passada, após o Silicon Valley Bank ter a falência decretada. O banco americano das startups não conseguiu honrar o pagamento de aplicações, após uma corrida dos clientes para resgatá-las. Houve também uma falha na tentativa de levantar o capital da instituição.

No domingo, 12/03, outro banco que estava prestes a entrar em colapso, o Signature Bank, também foi tomado por controladores para garantir aos clientes o saque dos seus recursos.

Na quarta-feira, 15/03, foi a vez da ações do Credit Suisse despencaram diante das preocupações com a saúde financeira da instituição. A crise no segundo maior banco da Suíça teve seu ápice depois que seu principal acionista, o Saudi National Bank, descartar a injeção de mais liquidez na instituição.

Os investidores acreditavam que mais um aporte do SNB daria um novo fôlego ao banco suíço. Pesou também na forte desvalorização as falhas no controle de relatórios financeiros. O Credit Suisse, então, foi forçado a garantir um socorro de mais de US$ 50 bilhões pelo seu próprio banco central.

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