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Mercado financeiro hoje: Bolsa família fora do teto, PEC e Orçamento Secreto 

O cenário externo positivo pode ajudar os mercados locais em meio às incertezas internas

Os índices futuros em Nova York e as bolsas europeias sobem nesta manhã de segunda, 19/12, em uma recuperação modesta após as robustas perdas da semana passada, quando foram pressionadas por temores de que aumentos de juros levem a economia global a uma recessão. 

O humor dos investidores melhorou, após o índice de sentimento das empresas da Alemanha subir de 86,4 pontos em novembro para 88,6 pontos em dezembro, marcando seu terceiro ganho mensal consecutivo. Mas o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, disse hoje que a instituição não sabe quando irá parar de aumentar suas principais taxas de juros e que as medidas de aperto monetário tomadas até agora ainda não são suficientes.

Na Ásia, as bolsas caíram em meio a preocupações com a covid na China e de que a economia global entre em recessão, após o americano Federal Reserve (Fed), o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra (BoE) aumentarem suas principais taxas de juros em 50 pontos-base e sinalizarem que 2023 trará mais aperto monetário.

Bolsa Família e o teto dos gastos

Por aqui, o cenário externo positivo pode ajudar os mercados locais em meio a reações à determinação do STF sobre o pagamento do Bolsa Família. Isso porque o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou em despacho publicado na noite deste domingo que o dinheiro público utilizado em programas sociais de renda básica, como o Auxílio Brasil, que voltará a chamar Bolsa Família, não está inscrito na regra do teto de gastos. Ele também garantiu a legalidade de se pagar o benefício por meio da abertura de crédito extraordinário, sem necessidade de mudança constitucional.

 A decisão, na prática, oferece uma saída para o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), manter o pagamento de R$ 600 no futuro Bolsa Família mesmo sem conseguir aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da transição.

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Além de analisar a abrangência da medida judicial, os investidores ficam no aguardo do julgamento do orçamento secreto pelo STF, com votos dos ministros Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes, e do anúncio de novos ministros. Diante das incertezas fiscais, parte do mercado financeiro já começa a projetar que uma queda da Selic – atualmente em 13,75% ao ano – deve ocorrer apenas em 2024.

Ibovespa na última sexta

A Bolsa do Brasil (B3) fechou o pregão da última sexta-feira, 16/12, em queda de 0,85%, aos 102.855 pontos. Na semana, o Ibovespa acumulou queda de 4,34%. Na mínima, o índice bateu nos 102.248 pontos. As maiores baixas vieram das ações de empresas de varejo – mais sensíveis aos juros. 

O dólar comercial fechou em queda de 0,40% ante o real, em movimento que destoou do exterior, cotada a R$ 5,29. Na semana, o dólar subiu 0,93%.