Mercado financeiro hoje: ata do Copom mantém tom duro e deve guiar mercado
Na visão do economista do BTG Pactual, Álvaro Frasson, ata diminui significativamente as probabilidades de cortes de juros em maio e, em menor medida, em junho
As atenções locais se voltam para a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária da semana passada, às 8h. Em sua última reunião, o Copom manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano e redigiu um comunicado duro.
Entre as justificativas para manutenção da taxa, o órgão do BC citou a deterioração do ambiente externo, causada por episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa; e o processo de normalização da política monetária, que prossegue na direção de taxas restritivas de forma sincronizada entre países.
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O Copom mencionou ainda um conjunto de indicadores divulgados desde a última reunião, que segue corroborando o cenário de desaceleração do crescimento; e a inflação ao consumidor, que continua elevada.
Na visão do economista do BTG Pactual, Álvaro Frasson, a ata manteve o tom duro do comunicado. “Isso diminui significativamente as probabilidades de cortes de juros em maio e, em menor medida, em junho”.
As preocupações em relação ao cenário de crédito de fato preocupam os membros do Comitê, mas o Copom separa a estabilidade financeira e controle de inflação em dois instrumentos. Portanto, dissocia a redução da taxa Selic de uma deterioração das concessões de crédito, observou o economista.
Agenda do dia
Além das repercussões da ata do Copom, os investidores monitoram os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento). Ambos participam de um debate sobre a reforma tributária na Marcha dos Prefeitos, em Brasília, às 14h. O compromisso acontece em meio à indefinição de data da apresentação do novo arcabouço.
Lá fora a presidente do BCE, Christine Lagarde, discursa às 10h15 e o vice-presidente de supervisão do Fed, Michael Barr, testemunha em comitê do Senado às 11h. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, fala no Comitê de Seleção britânico às 11h. Nos EUA, é esperado o índice de confiança do consumidor de março, às 11h.
No exterior
Investidores têm dúvidas sobre o ritmo de recuperação da China diante da queda anual de 22,9% no lucro industrial do país no primeiro bimestre. O movimento foi bem maior do que o declínio de 4% visto ao longo de 2022.
Houve diminuição das preocupações de contágio dos recentes transtornos no setor bancário. Contudo, os investidores seguem em busca de sinais de dirigentes de BCs sobre os próximos passos da política monetária.
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Em testemunho mais cedo, o presidente do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey, disse não acreditar que os recentes transtornos envolvendo bancos estejam causando estresse no país.
As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta terça-feira por causa de um alívio em temores relacionados ao setor bancário e uma reavaliação da recuperação da China após um tombo no lucro industrial no primeiro bimestre deste ano.
O índice Hang Seng subiu 1,11% em Hong Kong. O japonês Nikkei teve alta de 0,15% em Tóquio. O sul-coreano Kospi avançou 1,07% em Seul. Na China continental, o Xangai Composto caiu 0,19%.
No Brasil
O enfraquecimento das bolsas americanas, após dois dias de ganhos, deve pesar no Ibovespa. Contudo, um leve ganho do petróleo pode amenizar os ajustes e também o impacto nas ações da Petrobras.
Os investidores devem focar na ata do Copom. O Comitê deixou claro no documento que o novo arcabouço fiscal é importante para o canal das expectativas, mas que sua simples apresentação não tem relação mecânica com a queda de juros.
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Adicionalmente, o Copom deu recados aos bancos públicos dizendo que as políticas públicas e privadas de crédito precisam ser sensíveis à taxa básica de juros – ou seja, que a utilização de crédito subsidiado enfraquece a potência da política monetária e, portanto, tarda o ciclo de corte de juros, analisa Frasson, do BTG.
*Com informações da Agência Estado