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Prévia do PIB recua 2% em maio, mas mercado projeta crescimento da economia em 2023

IBC-Br veio bem abaixo da expectativa dos analistas. No Focus, mercado elevou a previsão de crescimento do PIB brasileiro para 2,24%

Os serviços tiveram um papel fundamental no resultado positivo da economia em 2022.

A semana começou com a divulgação de dois panoramas importantes para a economia brasileira. O IBC-Br, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), e o boletim Focus, publicado às segundas-feiras e essencial para o investidor corrigir ou confirmar estratégias.

O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) caiu 2% em maio na comparação com abril, segundo o Banco Central (BC) publicou nesta segunda-feira, 17/07. Essa é a maior queda da prévia do PIB desde março de 2021, quando foi registrada retração de 3,6%.

O resultado de maio veio abaixo da mediana das estimativas dos analistas, que apontavam estabilidade. Em abril, o IBC-Br tinha registrou crescimento de 0,81%.

Na comparação com maio do ano passado, o nível de atividade econômica apresentou alta de 2,15%. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o avanço é ainda maior: 3,61%. Em 12 meses, a prévia do PIB subiu 3,43%, índice considerado mais estável que a medição mensal.

O economista-chefe da Valor Investimentos, Piter Carvalho, explica que essa queda em maio foi puxada por dados mais amenos do agronegócio, diferente do que foi visto no primeiro trimestre. “Entramos agora em um período de entressafra e o peso da atividade agrícola não deve ser tão forte. O país deve voltar a ver números mais robustos no final do ano”.

Variação do IBC-Br

Desempenho dos setores

Em maio, dois dos três setores da economia brasileira tiveram resultados positivos, mas muito baixos. O pior desempenho veio do varejo, que recuou 1%. Na contramão veio o setor de serviços, que mais emprega no país e cresceu 0,9%, seguido pela indústria, que subiu 0,3%.

Importante lembrar que o setor industrial segue em queda de 0,4% no acumulado dos primeiros cinco meses do ano.

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“Esses setores sofrem com os juros altos. A indústria vem cambaleando e já não contrata. O governo tenta dar estímulos, mas os resultados não são instantâneos. É preciso fazer algo nesses próximos três anos, porque o resultado vem no longo prazo”, explica Piter Carvalho.

Para o economista André Perfeito, muito provavelmente o PIB do segundo trimestre será negativo. “O resultado ruim vai cair no colo do Banco Central e o Copom terá mais uma pressão sobre a mesa para cortar os juros fortemente”.

Economia deve crescer 2,24% em 2023

Os economistas do mercado financeiro projetaram um crescimento maior da economia brasileira em 2023 em relação à estimativa da semana passada. Os dados constam no boletim Focus, publicado hoje pelo Banco Central.

Pelas estimativas, o Produto Interno Bruto deve avançar para 2,24%, ante 2,19%. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país num determinado período.

A melhora na perspectiva para a atividade econômica ainda acontece na esteira do forte avanço de 1,9% no PIB brasileiro no primeiro trimestre. O resultado foi puxado pela agropecuária, que avançou 21,6% no período: a maior alta desde o quarto trimestre de 1996.

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O economista-chefe da Valor Investimentos explica que essa expectativa ainda está longe do potencial de crescimento do PIB brasileiro. No entanto, a guinada de juros em vários países para conter a inflação tem feito as economias avançarem menos.

“A gente vê um baixo crescimento chinês, dos Estados Unidos e da Europa, que sofrem com aperto monetário. O Brasil também reflete o que acontece lá fora. Assim, dificilmente o país vai crescer acima disso, ainda mais que somos exportadores de commodities. Se lá fora ninguém se desenvolve, o país exporta cada vez menos”, conclui Piter.

Para 2024, a previsão de crescimento do PIB também subiu de 1,20% para 1,30%. Para 2025, subiu de 1,80% para 1,88%.

Expectativas de inflação ficam no mesmo patamar

Depois de oito semanas consecutivas de redução, os economistas ouvidos pelo Boletim Focus mantiveram a expectativa de inflação para este ano em 4,95%.

Mesmo assim, a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) segue acima do teto da meta perseguida pelo BC, que é de 4,75%. A meta (3,25%) pode oscilar até 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Na semana passada, o IBGE divulgou que, em junho o Brasil registrou uma deflação de 0,08%. O resultado levou o acumulado de 12 meses para 3,16%, abaixo do centro da meta. A queda foi puxada pelos menores preços nos grupos Alimentação e bebidas (-0,66%) e Transportes (-0,41%).

Para 2024, a projeção do mercado financeiro para o IPCA foi mantida em 3,92%. Para 2025, caiu de 3,60% para 3,55%. Importante lembrar que o Comitê de Política Monetária (Copom) está de olho na redução do IPCA em prazos mais longos.

Apesar das estimativas estarem abaixo de 4%, elas seguem superiores à meta perseguida pelo BC, que é de 3% para os dois anos. A meta será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.

Selic deve fechar o ano em 12%

O mercado financeiro manteve a projeção para a taxa básica de juros no fim de 2023 em 12%. Atualmente, a Selic está 13,75%, o maior patamar em seis anos e meio.

A expectativa dos economistas é que haja uma redução de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Copom em agosto.

Para o fim de 2024, a estimativa para a Selic ficou estável em 9,5% ao ano; e em 9% em 2025.

Dólar

A estimativa para a moeda americana no fim de 2023 ficou estável em R$ 5. Para 2024, reduziu de R$ 5,06 para R$ 5,05 entre uma semana e outra. Para 2025, permaneceu em R$ 5,15.

IBC-Br x PIB

O cálculo do Índice de Atividade Econômica e do Produto Interno Bruto são diferentes.

O indicador do Banco Central incorpora as estimativas do setor de serviços, indústria e agropecuária, além dos impostos. Contudo, não considera o lado da demanda, que é incorporado ao cálculo do IBGE. A ótica da demanda inclui dados de consumo das famílias, do governo, investimentos, exportações e importações.

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