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Quase metade dos inadimplentes tem dívidas em atraso a mais de 90 dias

Em março, quase 80% das famílias brasileiras estavam endividadas. De cada 100 consumidores, 45 tinham contas em atraso a mais de três meses, aponta a CNC

Dívidas, inadimplência. Foto: Adobe Stock
O resultado apresenta uma melhora na comparação com as dívidas do ano passado. Foto: Adobe Stock

A parcela das famílias brasileiras com contas em atraso acima de 90 dias atingiu em março o maior patamar em um ano. Apesar do aumento das renegociações, 45% dos consumidores estão sem pagar as suas dívidas por mais de três meses. É o que revela a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O resultado apresenta uma piora na comparação com fevereiro (44,2%) e com março do ano passado (44%). Segundo a economista da CNC, Izis Ferreira, a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano e o crédito mais restrito – principalmente para linhas mais baratas – tem pesado para os brasileiros que já estão endividados.

“Quem tem dívidas atrasadas, acumuladas de meses anteriores, acaba com maior dificuldade de pagá-las, pois, com os juros mais altos, o valor da dívida aumenta mais ao longo do tempo”, afirma.

A coordenadora da pesquisa explica ainda que a alta na proporção de consumidores com dívidas atrasadas por mais de três meses mantém aceso o alerta para a necessidade de renegociações. Principalmente em um ambiente onde a qualidade dos recursos que estão sendo contratados é a pior possível.

“As concessões de crédito, neste momento, estão concentradas e avançando no crédito rotativo de curto ou curtíssimo prazo – como cheque especial e cartão de crédito, sendo estas as que apresentam os juros mais elevados do mercado”.

Segundo o Banco Central, as concessões feitas pelas modalidades de cheque especial, cartão de crédito rotativo e cartão parcelado – as três linhas com as maiores taxas de juros – responderam por um terço de todos os empréstimos feitos com recursos livres no sistema financeiro em fevereiro.

Comprometimento da renda

O comprometimento da renda dos brasileiros com dívidas caiu para 29,9% dos rendimentos em março. É o menor patamar desde fevereiro de 2020, antes da pandemia. No entanto, o consumidor ainda gasta, em média, R$ 299 com o pagamento de dívidas.

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Entre as famílias de menor renda (até três salários mínimos), elas dedicam 30,9% da sua renda para pagar contas em atrasos. “O Bolsa Família com valores maiores e as contratações formais de pessoas com menor nível de escolaridade têm auxiliado as famílias de menor renda no pagamento de dívidas”, explica Izis Ferreira.

Já entre os mais ricos (cinco a dez salários mínimos) o valor está em 29,4% da renda. Os que ganham mais de dez salários mínimos, estão com 27% comprometidos.

Estabilidade no endividamento

O primeiro trimestre de 2023 mostrou uma estabilidade no patamar de endividamento das famílias brasileiras. No entanto, os números permanecem muito elevados. O mês de março terminou com 78,3% das famílias endividadas, mesmo índice de fevereiro. Desse total, 17,1% consideravam-se “muito endividadas” e 11,5% afirmaram que não terão condições de pagar seus compromissos.

“O endividamento dos consumidores vem apontando moderação desde outubro, cresceu entre janeiro e fevereiro, com orçamentos apertados pelas despesas típicas do início do ano, e encerrou o trimestre em estabilidade”, explicou Izis Ferreira.

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