Saiba como vai funcionar acordo entre governo e aéreas para oferecer passagens baratas
Azul, Gol e Latam se comprometeram a oferecer um número de bilhetes por ano a preços mais em conta. A medida começa em 2024. Passagens aéreas subiram mais de 35% no ano
Em meio a discussões para tentar oferecer passagens aéreas com preços de no máximo R$ 200, o governo e as três principais companhias aéreas do País anunciaram a primeira etapa do Plano de Universalização do Transporte Aéreo.
Pela iniciativa, as empresas se comprometeram a estabelecer um número de bilhetes por ano com valores mais acessíveis, desde que comprados com até 14 dias de antecedência da data da viagem. Os valores serão estabelecidos pelas companhias, já que o governo precisa preservar a política do setor, que tem liberdade de tarifas.
Dentro dessa cota de passagens mais baratas, as empresas aéreas também vão oferecer outros benefícios:
- inclusão de serviços de remarcação sem cobrança de taxa adicional;
- oferta de tarifas mais acessíveis para compras realizadas em determinados dias da semana;
- aumento no número de voos;
- ampliação da frota aérea.
A iniciativa começa a valer já em 2024. Segundo o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, o governo tem dialogado com as companhias para tornar o modal mais acessível a todos os brasileiros.
“A gente tem buscado alternativas para que possamos diminuir o custo da passagem aérea e, automaticamente, soluções que possam fortalecer mais o consumidor final. Para termos preços mais acessíveis aos brasileiros, é necessário um esforço coletivo e um diálogo constante”, afirmou.
Veja as medidas anunciadas por cada empresa aérea
AZUL
- Comercializar 10 milhões de assentos a até R$ 799 a partir de 2024;
- Marcação de assento e bagagem despachada para compras realizadas de última hora.
GOL
- A partir de 2024, vai disponibilizar 15 milhões de assentos com preço de até R$ 699;
- Promoções especiais e, com mais de 21 dias de antecedência, preços entre R$ 600 e R$ 800;
- Tarifas de assistência emergencial (80% de desconto).
LATAM
- Oferta de 10 mil assentos a mais por dia;
- Toda semana, vai oferecer um destino com tarifa abaixo de R$ 199;
- Mudanças no programa de fidelidade – sem validade para utilização;
- Manutenção do programa de desconto de 80% para tarifas de assistência emergencial.
Preços e custos de passagens em alta
As passagens aéreas já subiram 36,45% no acumulado entre janeiro e novembro deste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Se considerarmos o preço médio, apenas em setembro, o valor foi o maior desde março de 2009: R$ 747,66, segundo os últimos dados disponíveis pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Segundo as companhias, o preço do querosene de aviação (QAV), principal custo do setor, é o principal responsável pela alta na valor da tarifas. Neste ano, o litro custava em média R$ 3,64, ante R$ 2,22 em agosto de 2019.
Segundo o ministro de Portos e Aeroportos, o governo negocia a queda no preço do querosene de aviação, que representa 40% do custo das companhias.
“A gente teve um aumento no querosene nos últimos cinco meses. Criamos um grupo de trabalho envolvendo todos os ministérios e a Petrobras, para tentar buscar alternativas para reduzir o preço do QAV”.
Setor pede ações de longo prazo
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) afirmou que o atual cenário do preço de passagens aéreas no Brasil segue movimento semelhante ao dos demais mercados em todo o mundo.
Segundo a presidente da entidade, Jurema Monteiro, as medidas anunciadas “mostram a cooperação do setor aéreo com a agenda de democratização da aviação, mas é importante destacar que somente com ações estruturantes e de longo prazo o setor poderá efetivamente ter redução de custos, condição necessária para crescer e retomar suas condições de oferta”.
Voa Brasil começa em janeiro
Esse acordo com as companhias, anunciado pelo governo, não tem relação com o programa “Voa Brasil”, que vai oferecer passagens aéreas por até R$ 200 o trecho nos períodos de baixa temporada.
Segundo Silvio Costa Filho, as negociações com as empresas continuam, mas a iniciativa só deve ser lançada na segunda quinzena de janeiro.
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