Investir melhor

⁠10 principais erros cometidos por investidores iniciantes para não repetir

Não saber seu perfil de investidor e querer resultados rápidos são alguns dos erros mais comuns. Saiba como evitá-los

Élida Oliveira, especial para o Bora Investir
O número de investidores na Bolsa de Valores já cresceu mais de 80% desde 2020, de acordo com dados da B3. Em março, a soma era de 5,1 milhões de pessoas investindo em renda variável e 16,3 milhões em renda fixa.

Em busca de independência financeira, muitas pessoas têm investido parte de seus recursos. No entanto, investidores iniciantes podem cair em alguns erros que comprometem os resultados esperados. 

Esses erros podem ser cometidos tanto por investidores de renda fixa como de renda variável, afirma Ana Rosa Vilches, diretora administrativa da Abefin (Associação Brasileira dos Profissionais de Educação Financeira).

“Investidores de renda fixa podem sentir uma falsa sensação de segurança e acabar escolhendo opções inadequadas ou precisando resgatar antes do prazo, enquanto os de renda variável podem enfrentar perdas significativas devido à falta de preparo e estratégia”, diz a diretora.

Para não cometer esses equívocos, o ideal é sempre aprofundar seus conhecimentos financeiros, estudar as opções de investimentos e traçar metas para não cair na tentação de tomar alguma decisão precipitada.

Confira abaixo 10 principais erros e saiba como evitá-los.

1. Não saber o perfil de investidor

Um dos erros mais recorrentes entre investidores iniciantes é não saber qual é o seu perfil de investimento. Uma pessoa pode se considerar mais moderada ou arrojada, mas quando vem a primeira perda, fica assustada e quer rever os investimentos. Se fizer resgate antes do prazo, pode perder com um cenário que poderia vir a se estabilizar no futuro.

“Muitos iniciantes não fazem uma avaliação adequada de seu perfil de risco. Alguns tentam ousar para obter retornos mais altos, mas depois ficam nervosos com as flutuações do mercado. É essencial conhecer seu apetite por risco e alinhar seus investimentos a ele”, afirma Simone Carvalho, CEO do grupo Nano Capital.

Para evitar esse erro, é preciso ser crítico na autoanálise para saber o perfil de investidor, ponderando com frieza se o rendimento maior pode compensar a dor de cabeça de uma perda de patrimônio caso o investimento não alcance a valorização esperada.

2. Não conhecer os investimentos

Quem começa a investir pode ficar confuso com tantas opções e nomenclaturas. Há siglas e conceitos que precisam ser aprendidos, como por exemplo, as características e diferenças entre investimentos de renda fixa e variável, o que é liquidez, carência, vencimento, quando um investimento está protegido da inflação ou não, quais combinações de investimentos podem trazer maior segurança para a carteira como um todo.

“Investir sem entender os detalhes dos ativos é arriscado. Antes de aplicar seu dinheiro, estude os investimentos disponíveis, seus riscos e potencial de retorno. Contar com o apoio de um planejador financeiro faz toda a diferença nesse sentido”, diz Carvalho.

Além de estudar os investimentos disponíveis e contar com a ajuda de um profissional para fazer os investimentos, é possível buscar cursos gratuitos de educação financeira que vão trazer uma base maior de conhecimento para poder decidir com base em informações qualificadas. Diversas plataformas possuem textos e vídeos, alguns em formatos de aulas, e podem ser encontrados em sites da internet.

3. Não considerar os prazos de investimentos

Uma característica importante dos investimentos é o prazo atrelado a cada um dos ativos. Prazo é quando o investimento vai vencer e o retorno será creditado na conta do investidor. Aqui, o erro pode estar na busca por maior rentabilidade: quanto maior o prazo, maior o rendimento. 

Quem não se planeja para deixar o dinheiro naquele investimento pelo tempo total pode se submeter ao resgate antecipado, o que pode impactar a rentabilidade, afirma Ana Rosa Vilches.

A dica é ficar atento ao prazo de investimento e fazer uma análise sobre se será possível manter aquele recurso aplicado pelo tempo necessário. 

4. Não ter um diagnóstico financeiro

Ao começar a investir, é fundamental parar e analisar quais são as fontes de renda daquela pessoa ou família, quais são os principais gastos e quanto pode ser direcionado para os objetivos do investimento – e por quanto tempo.

Conhecer a situação financeira e estimar quanto tempo ela se manterá estável são dicas importantes para começar a investir, porque o tempo poderá ditar os investimentos de acordo com os prazos de cada um. Isso é essencial para evitar resgates antes do prazo, afirma Vilches.

5. Não ter reserva de emergência

A reserva de emergência é um recurso destinado para casos que não estão previstos, como gastos com saúde, perda de renda causada por desemprego ou mudança de área, entre outros pontos.

Ela é primordial para quem está começando a investir porque vai evitar que o investidor tire recursos de seus ativos a cada imprevisto que acontecer. 

“Imprevistos são comuns e sem uma reserva, o investidor pode ser forçado a resgatar investimentos, perdendo juros e, em alguns casos, parte do capital investido devido a impostos e taxas”, afirma Vilches.

A sugestão é destinar uma soma referente ao valor que cubra os gastos mensais relativos a seis meses ou um ano de despesas. Esse montante pode estar em um investimento de liquidez diária, ou seja, algo que possa ser recuperado no mesmo dia, sem precisar esperar compensação.

6. Não diversificar

Diversificar significa investir em classes diferentes de ativos com o objetivo de proteger o patrimônio. Assim, se um investimento não estiver indo bem por algum contexto específico da economia, outro se manterá estável ou no lucro, por estar alheio a essa influência.

Mesmo dentro da renda fixa, há flutuações diferentes para cada investimento. Conhecer as opções pode ser a chave para manter o equilíbrio. “Diversificar sem entender os ativos pode ser tão arriscado quanto não diversificar”, alerta Vilches.

7. Não ter constância

Investir um pouquinho todo mês pode garantir para o investidor iniciante a tão sonhada renda extra. Segundo Carvalho, não é preciso ter grandes somas para começar a investir. A CEO afirma que, em muitos casos, é melhor investir regularmente, ainda que em quantias pequenas, do que investir grandes somas esporadicamente.

“A constância é fundamental para o crescimento do patrimônio”, afirma Carvalho.

Dessa forma, o investidor poderá investir em ativos que estão com boa performance em diversos momentos, em vez de colocar todas as fichas em escolhas feitas a partir de análises esporádicas.

8. Querer retorno rápido

Investir requer equilíbrio, calma e muita informação de mercado para poder alocar o patrimônio em ativos que vão trazer retorno. Quando o investidor iniciante entra no mercado querendo retorno rápido, ele pode se dar mal. 

Para Vilches, o erro está em fazer alocações desproporcionais em ativos de alto risco, em busca de ganhos rápidos. O mercado de renda variável segue caminhos menos previsíveis e o investidor pode perder recursos se não conhecer onde está investindo.

9. Não ter estratégia 

Fazer investimentos aleatórios e não alinhados com os objetivos financeiros são erros comuns entre investidores iniciantes. Para evitar isso, é preciso ter uma estratégia de investimentos para alcançar as metas individuais do planejamento financeiro de cada um.

Para traçar essas estratégicas, Vilches dá algumas recomendações:

  • Identificar sonhos e objetivos: Fazer uma lista de tudo que almeja pode facilitar na hora de definir claramente os sonhos, o prazo para alcançá-los e quanto é possível poupar para cada um, diz a diretora da Abefin.
  • Conhecer os investimentos de curto, médio e longo prazo: Isso ajuda a escolher produtos financeiros adequados para cada horizonte de tempo, diz ela.
  • Acompanhar a economia do país: É importante entender a variação dos juros e escolher produtos financeiros adequados para cada objetivo.

10. Se deixar influenciar pelo mercado

É importante que o investidor siga as notícias sobre economia no Brasil e no mundo, mas isso não quer dizer que ele precisa mudar seus investimentos a cada sobe e desce da Bolsa. 

Carvalho lembra que o mercado é volátil, e os movimentos de curto prazo podem gerar ansiedade em quem não está acostumado a ver essas flutuações. Além disso, tomar decisões baseadas em emoções ou tendências pode ser prejudicial para os investimentos, segundo Vilches.

A dica é manter o foco nos objetivos a longo prazo. “Investir é uma maratona, não uma corrida de curta distância”, afirma a CEO.

Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3.