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5 títulos isentos de IR que podem render mais que o Tesouro IPCA+

Especialistas destacam que o investidor deve olhar para as taxas, a rentabilidade e seu apetite ao risco antes de investir

O Tesouro IPCA+ ganhou destaque nos últimos meses por entregar um ganho real (acima da inflação) maior do que 6% ao ano. Investidores que querem encontrar rentabilidades ainda mais altas sem sair da renda fixa muitas vezes buscam os títulos isentos de imposto de renda. Mas antes de investir, é preciso avaliar as taxas, a rentabilidade e entender se título é adequado para seu perfil de risco. Para especialistas, as opções são variadas e incluem títulos como CRIs, CRAs, LCIs, LCAs e debêntures incentivadas.

Os ativos isentos de IR enchem os olhos de qualquer investidor. Porém, o cuidado a ser tomado antes de investir é verificar a taxa do retorno e avaliar se o ganho a mais compensa o maior risco de crédito.

“Se você procurar CRAs e CRIs, eles vão estar pagando mais do que esses títulos [do Tesouro IPCA+], porque quanto maior o risco, maior tem que ser o seu possível retorno”, explica Rodrigo Salvador, planejador financeiro pela Planejar e sócio da HCI Invest. Ou seja, para atrair os investidores, o título precisa pagar um prêmio acima do Tesouro Direto para compensar o risco que se toma ao aplicar recursos nesses produtos financeiros, segundo Salvador. 

Atualmente, há três vencimentos disponíveis para o Tesouro IPCA+: 2029 (com rentabilidade real de 6,22%), 2035, (+6,10%) e 2045 (+6,20%) – as taxas foram verificadas no dia 9 de setembro. Ele leva o nome de IPCA por acompanhar a variação da inflação oficial, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que acumula alta de 4,50% em 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O retorno oferecido ao investidor no momento da compra é garantido apenas se ele mantiver esse título até o seu vencimento. Caso contrário, ele pode contrair prejuízos ao resgatar antes do prazo e ter o valor corrigido pela marcação a mercado. Isso vale para os títulos indexados à inflação ou prefixados, sejam eles emitidos pelo governo ou por agentes privados.

Vale lembrar, também, que em fevereiro deste ano a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mudou as regras para quem investe em LCIs, LCAs, CRIs e CRAs, que restringiu o lastro para as emissões desses títulos.

Como comparar os títulos?

Para fazer a comparação dos títulos, Salvador recomenda uma ponderação em relação às taxas oferecidas por ambos. “O primeiro passo é não seguir apenas a taxa, porque você pode cair em uma armadilha. Para quem está começando, a melhor coisa a se fazer é ir na parte de renda fixa do banco ou da corretora e olhar os produtos. Veja os títulos públicos e busque por empresas que você já conhece e que tenham uma estrutura mais sólida”, observa.

Ele ainda sugere ao investidor analisar o quanto o Tesouro oferece como pagamento para um prazo semelhante e comparar com o valor oferecido pelas empresas.

Ao comparar um Tesouro IPCA + com uma debênture incentivada, Gabriel Tossato da Silva, especialista em alocação e fundos do Ágora Investimentos, ressalta a diferença entre os títulos. O primeiro é emitido pelo governo e, portanto, traz mais segurança, enquanto o segundo é emitido por empresas e oferece mais riscos. Porém, ele aponta alternativas.

“O investidor pode fazer isso sozinho em uma corretora e diversificar em diferentes papéis, ou pode investir em um fundo de debêntures incentivadas, em vez de fazer análise de crédito de cada empresa e acompanhar o resultado dessas empresas, e trabalhar a diversificação entre setores, você pode investir via fundo com diversificação.”

Por que um título IPCA +?

Simone Albertoni Faganello, especialista de investimentos em renda fixa do Ágora Investimentos, destaca a importância de proteger sua carteira da inflação. Segundo ela, uma carteira diversificada que tenha esses ativos atrelados ao IPCA tende a ter retornos maiores. Além disso, ela destaca que “o carrego do retorno do IPCA é muito positivo, ainda mais em patamares de juros como os de hoje. Você ganha a variação da inflação e algo a mais acima dela”, afirma.

Outras alternativas além do Tesouro IPCA + seguem no radar, como LCIs, LCAs, CRIs, CRAs e debêntures incentivadas. No entanto, especialistas alertam para o investidor analisar o seu apetite ao risco, o prazo de vencimento e quanto o papel paga cada taxa de retorno.

LCI e LCA

Os dois são formas que as instituições financeiras têm para captar recursos e financiar determinados setores. A Letra de Crédito Imobiliário (LCI) tem como destino de investimento os empreendimentos imobiliários. Já a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) destina-se ao setor do agronegócio. As duas são emitidas por bancos. Um detalhe importante é que as LCIs e LCAs contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), para investimentos de até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira.

CRI e CRA

O Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), assim como LCI e LCA, são isentos do IR. Eles são emitidos por securitizadoras e têm como lastro valores que uma empresa tem a receber no futuro pela venda dos seus produtos e serviços. Os CRIs e CRAs não são garantidos pelo FGC.

Debênture incentivada

Uma debênture é uma dívida emitida por uma empresa. No caso das debêntures emitidas para financiar projetos de infraestrutura, os rendimentos são isentos de IR para pessoas físicas. Elas também não são protegidas pelo FGC.

Por isso, os especialistas recomendam cautela na hora de escolher os produtos financeiros e sugerem que o investidor observe atentamente qual é o seu apetite a risco, objetivo financeiro e qual prazo espera para cada investimento. Assim, apenas a isenção do IR pode não valer a pena se não considerar na balança todos esses fatores.

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