A corretora em que invisto foi comprada. E agora?
Observe as novas regras da plataforma, fique atento às novas taxas de corretagem e termos de negociação
Por Rogério Piovezan
O ano começou marcado pela fusão da fabricante e varejista de calçados Arezzo&Co (ARZZ3) e o Grupo Soma (SOMA3), considerada uma das maiores operações deste porte nos últimos 13 anos, com faturamento estimado em torno de R$ 12 bilhões. Mas as fusões podem ir além de empresas tradicionais do mercado de capitais e também podem atingir as corretoras de investimentos, o que gera impactos pontuais aos investidores que possuem uma conta na instituição, segundo especialistas.
Isso é mais comum do que parece. Em abril do ano passado, por exemplo, as corretoras Faros Private e a Messem Investimentos comunicaram uma fusão das duas para criar uma nova corretora chamada Fami Capital, com R$ 65 bilhões sob custódia e mais de 50 mil clientes.
Devo me preocupar?
Ao investidor com uma conta na corretora que acaba de ser comprada, a consultora financeira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Carol Stange, explica que é natural se sentir apreensivo, mas que esse tipo de transação pode trazer mais oportunidades do que desafios.
“Em primeiro lugar, é fundamental verificar se haverá alguma mudança nas condições de seus investimentos. Muitas vezes, quando uma corretora é adquirida, a nova empresa mantém as mesmas condições e benefícios para os clientes, ao menos inicialmente, para garantir uma transição suave”, afirma.
Apesar de não gerar consequências diretas, o investidor deve ficar atento às possíveis mudanças futuras nos custos, taxas de corretagem ou nas regras da plataforma de negociação. “Portanto, fique atento às comunicações da corretora e revise os novos termos e condições para evitar surpresas desagradáveis.”
Para André Massaro, educador de finanças pessoais, não acontece nada ao cliente, a princípio. Mas quando a corretora acaba sendo incorporada à empresa compradora — quando as duas passam por uma fusão, por exemplo —, acontecem algumas mudanças pontuais ao cliente.
“O que muda é que ele [investidor] passa a ser cliente de outra corretora. Normalmente ele é comunicado dessa transição e deve receber novos dados de acesso. Os ativos, dinheiro, saldo, custódia, tudo isso é transferido e normalmente não há nenhuma perda no caminho”, observa.
Quais são os benefícios?
Stange destaca que existem diversas melhorias que podem surgir a partir da fusão das corretoras. “A nova empresa pode investir em tecnologias mais avançadas, oferecer mais produtos de investimento, ou até mesmo proporcionar um atendimento mais eficiente ao cliente. Essas melhorias podem beneficiar diretamente você, proporcionando uma experiência de investimento mais robusta e diversificada. Além disso, a aquisição pode ser um sinal de que a corretora está sólida e preparada para crescer, o que pode aumentar a sua confiança na instituição”, ressalta.
Outra situação, no entanto, pode ocorrer em relação ao cadastro do investidor. “O cliente pode ter conta nas duas [corretoras]. Ele poderá manter as duas, de forma independente. As corretoras aceitam ter duas contas com o mesmo CPF, ou as duas contas são fundidas em uma só”, diz Massaro.
E as desvantagens?
Como nem tudo são flores, algumas desvantagens podem aparecer no caminho. Stange lembra que o investidor deve ficar atento a todos os detalhes, sejam prós ou contras, e destaca que esse momento de transição não é motivo de preocupação, e sim de atenção e de análise cuidadosa sobre seus recursos.
“A transição pode causar interrupções temporárias no serviço, como mudanças no acesso à sua conta ou na forma de realizar operações. Além disso, a cultura e as práticas da nova administração podem diferir daquelas com as quais você está acostumado, o que pode exigir um período de adaptação. Em casos mais extremos, se a nova empresa não atender às suas expectativas ou necessidades, você pode considerar a transferência dos seus investimentos para outra corretora“.
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