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Como cuidar dos pais na velhice? 7 dicas para se preparar financeiramente

Idosos que tenham um plano de saúde e recebam aposentadoria pelo INSS podem exigir cuidados adicionais caso se deparem com uma doença prolongada ou tenham mobilidade reduzida

Mesmo idosos que tenham um plano de saúde e recebam aposentadoria pelo INSS podem exigir cuidados adicionais caso se deparem com uma doença prolongada ou passem a ter mobilidade reduzida. Nestes casos, os filhos podem ter de complementar os recursos necessários para aumentar o bem-estar de seus entes queridos. Entenda como se preparar financeiramente para cuidar dos pais na velhice!

Esse é um cenário que exige preparo financeiro da família, especialmente das novas gerações, diz Nilton Molina, presidente do Instituto de Longevidade. “Enquanto na geração de quem tem 40 anos cada mulher tinha quatro filhos no Brasil, para quem tem 20 anos essa proporção caiu para 1,7. Na região Sul do país, essa proporção já é menor do que 1. Ou seja, o ônus de cuidar dos pais aumentou ou não pode mais ser compartilhado“.

Para o especialista, isso é algo dramático para as finanças, pois torna necessário que apenas uma pessoa tenha recursos suficientes para se sustentar, educar os filhos e ainda cuidar dos pais no futuro. “Ter muitos filhos era segurança de que haveria cuidado no futuro. Agora isso acabou”.

7 dicas financeiras para cuidar dos pais na velhice

Vanessa Wanessa Guimarães, sócia da HCI Invest e planejadora financeira certificada pela Planejar, aponta que o problema é ainda maior porque os filhos demoram mais para sair de casa, o que afeta o patrimônio dos pais, que ainda por cima irão viver mais. “A pressão sobre esses provedores é maior e demanda planejamento financeiro o mais cedo possível de forma a investir e aproveitar ao máximo os benefícios dos juros compostos”.

Apesar do cenário desafiador, os especialistas apontam que é possível se preparar para proporcionar um maior bem-estar aos pais no período de inatividade. Acompanhe 7 ficas para cuidar dos pais na velhice com mais tranquilidade:

1. Contrate um seguro de vida com foco em doenças graves

Ter um plano de saúde não basta para todos os cuidados que uma doença grave pode demandar. Para exames especializados, cuidadores, tratamentos e outras despesas que podem ser necessárias existem os seguros de vida com foco em doenças graves, como derrame, infarto e câncer.

Muita gente tende a pensar em seguros de vida apenas em caso de morte. Mas existem diversas coberturas que podem ser usadas em vida, diz Guimarães. “Quanto mais cedo a proteção for contratada para os pais, mais barata será, já que o titular será mais jovem e saudável. Alguns planos não fazem uma reclassificação etária: apenas reajustam os valores pelo IPCA”.

A recomendação, diz a planejadora financeira, é contratar a proteção com corretores de seguro de grandes seguradoras, e evitar produtos bancários. “O processo de aquisição da proteção nas seguradoras é mais transparente. Geralmente ele leva 15 dias para ser concluído, mas consegue mensurar qual o risco do segurado e evitar que fique sem coberturas no futuro por desconhecimento ou pagar por um produto barato que não irá atendê-lo”.

2. Insira os pais como dependentes no Imposto de Renda

Já cuida de seus pais? Aproveitar benefícios tributários pode diminuir ao menos em parte essas despesas.

É possível incluir na declaração do Imposto de Renda pais, avós e bisavós que tenham recebido rendimentos, tributáveis ou não, de até R$ 22.847,76 no ano-base da declaração do imposto.

O limite anual de dedução do imposto por dependentes é de R$ 2.275,08. Contudo, é necessário verificar se incluir o dependente vai diminuir ou elevar o imposto a pagar. A inclusão vale para idosos com pouca ou nenhuma renda fora o valor recebido pelo INSS.

3. Faça uma previdência privada para os pais

Uma boa forma de criar uma reserva financeira para os pais que não têm condições de pagar por ela é investir em fundos de previdência privada. Isso porque a aplicação pode ser convertida em renda para o idoso no futuro.

Guimarães, da Planejar, aponta que a liberação do dinheiro aos poucos é especialmente recomendada no caso de pais que tiveram uma vida financeira conturbada. “Dessa forma, permite maior controle das despesas com o objetivo de garantir qualidade de vida por mais tempo”.

Se o filho tiver de contribuir para um plano de previdência para os pais, pode estender o uso dessa reserva financeira para si mesmo em caso de morte precoce dos beneficiários ou nos casos em que o valor não tenha sido totalmente utilizado.

4. Realize contribuições ao INSS para seus pais

Sua mãe é dona de casa e acha bobagem ou não consegue realizar contribuições ao INSS? Faça as contribuições por ela.

Molina, do Instituto de Longevidade, aponta que mesmo ante os riscos de mudança nas regras da aposentadoria pública no futuro, o benefício ainda é “o melhor plano de previdência que existe”. Isso porque o recurso é recebido até o momento da morte do segurado, em um cenário de aumento da expectativa de vida.

A média de benefícios pagos pelo INSS nos últimos dois anos foi de R$ 2.500. Pode parecer pouco, mas receber o valor durante 30 anos significa poupar R$ 500 mil.

5. Calcule eventuais custos com saúde

Nem todos os custos com saúde na velhice podem ser cobertos por um plano de saúde ou seguro de vida com foco em doenças graves. Um idoso com mobilidade reduzida pode querer continuar morando em sua própria casa. Neste caso, pode precisar de um cuidador.

O valor do serviço é relativo e dependerá muito de cada região, mas é bom tê-lo em mente na hora de projetar qual a renda futura que o plano de previdência privada deverá gerar, diz Guimarães.

6. Considere gerar renda com o patrimônio pessoal

No caso de idosos e filhos que não se planejaram para gastos com saúde e tenham um imóvel, pode ser interessante vendê-lo e aplicar o valor.

Com a renda mensal gerada por esses investimentos, pode ser possível pagar um aluguel e arcar com outras despesas. “É claro que a situação exige desapego. Mas os benefícios são claros: gerar maior bem-estar”, diz a planejadora.

7. Desmistifique o ‘asilo’

Colocar os pais em empreendimentos voltados para a terceira idade, com estrutura médica e de lazer, os antigos ‘asilos’, pode parecer cruel para muita gente. Mas, comum em países desenvolvidos, eles vêm se modernizando no Brasil. “É necessário mudar a ideia de que asilos são tristes e representam abandono”, diz Guimarães.

É importante considerar a opção porque ela pode ser mais econômica do que criar uma estrutura de cuidados em casa. “Todos os custos com cuidadores, terapias e atividades físicas são divididos entre os idosos que vivem no mesmo local”.

Mas a opção precisa ser confortável para todos os envolvidos, reforça Guimarães. “Ela vale para o idoso que se sente incomodado em morar com os filhos, genros ou noras e se sinta mais à vontade convivendo com pessoas da mesma idade. Vai depender do perfil de cada um. Afinal, cuidar dos pais na terceira idade não deve se resumir a questões financeiras, mas também deve se estender a respeitar vontades”.

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