O que a recessão nos EUA significa para a sua carteira?
Crise na maior economia mundial pode gerar oportunidade no mercado de ações
Os Estados Unidos estão mesmo em recessão técnica. Pelo segundo trimestre seguido, o Produto Interno Bruto (PIB) da principal economia do planeta registrou queda.
Segundo dados divulgados pelo Departamento de Comércio do país, o PIB recuou 0,6% no segundo trimestre. Nos três primeiros meses do ano, a queda havia sido ainda maior – de 1,6%.
Não deixa de ser curioso o fato de que, mesmo em recessão técnica, os Estados Unidos seguem com indicadores de pleno emprego, o que acaba dificultando o combate à inflação ao manter o poder de consumo.
Segundo o Departamento de Trabalho do País, o número de pedidos de seguro-desemprego teve queda de 2 mil solicitações na semana encerrada em 20 de agosto, na comparação com o período anterior, somando 243 mil.
O número veio abaixo do projetado por parte dos analistas, que estimava algo na casa dos 255 mil pedidos.
Você sabia?
O cálculo do PIB dos EUA leva em consideração a base anualizada. Isso significa que os ajustes de variação do percentual foram aplicados a um ano inteiro. No Brasil, o IBGE divulga o PIB de forma diferente, informando alta ou queda comparativa em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
E meus investimentos, como ficam?
O investidor que busca informações de qualidade e está atento às oportunidades de aplicação não tem motivos para se desesperar. Em vez de se impressionar com os dados negativos, o mais importante neste momento é tentar compreender qual o tamanho e quanto tempo durará a desaceleração da economia norte-americana.
Só a partir disso é possível medir riscos, avaliar se eles se enquadram no seu perfil de investidor e pensar num horizonte de investimento que contemple seus objetivos.
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De olho nos juros
Nesta semana, os olhos e ouvidos dos investidores que tentam obter pistas sobre os próximos capítulos da novela juros versus inflação nos EUA se voltam para o Simpósio de Jackson Hole.
Trata-se de uma reunião anual do Banco Central americano para debater os rumos da economia global e saber quanto os BCs pretendem aumentar ou reduzir juros, seja para desaquecer ou estimular a atividade econômica e manter a inflação sob controle.
É ali que Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, o Banco Central americano, vai discursar na sexta-feira. A expectativa é que sua fala reforce a ideia de que novas altas de juros vêm por aí.
A próxima reunião do Fed acontece entre os dias 20 e 21 de setembro.
De março a julho, os Estados Unidos passaram por quatro elevações de juros, que, no período, levaram o intervalo de 0% a 0,25% para 2,25% a 2,5% ao ano.
E os juros no Brasil?
Enquanto isso, no Brasil, as coisas caminham numa direção diferente. Por aqui, o Comitê de Política Monetária do BC vem aumentando juros desde março do ano passado para tentar reduzir a inflação. Com isso, a Selic está no patamar de 13,75% ao ano. E, agora, os especialistas acreditam que o ciclo de alta deve ter fim em breve.
Mas, como a inflação insiste em dar sinais de resistência, um último aumento de 0,25 ponto percentual ainda é aguardado para a reunião de setembro.
Com a taxa básica de juros do País no atual patamar, investimentos em renda fixa, mesmo os mais conservadores, passaram a render um pouquinho mais.
Na prática, significa que aplicações que paguem 100% do CDI – indicador que costuma ficar bastante próximo da Selic –, dão retorno de mais de 1% ao ano.
É hora de comprar ações?
É em momentos como o atual, com a economia em queda em praticamente o mundo todo, que investidores com horizonte de longo prazo aproveitam para ir às compras na Bolsa.
Isso porque algumas empresas, mesmo lucrativas, com bons indicadores, bem administradas, com destaque em seu setor de atuação, estão com preço abaixo do valor considerado justo.
Nesse sentido, algo que o pequeno investidor pode (e deve) acompanhar para entender a dinâmica do funcionamento do mercado acionário são as estratégias de compra e venda dos principais gestores do mundo. Impossível não olhar, por exemplo, para os segmentos e companhias que estão atraindo o megainvestidor Warren Buffett.
Mesmo tendo desacelerado o ritmo de compras durante o segundo trimestre, a sua gestora, a Berkshire Hathaway, adquiriu US$ 6,2 bilhões em ações. Buffett elevou, entre outros, os investimentos em empresas como Apple e Activision Blizzard e reduziu suas posições em ações da General Motors, por exemplo.