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Tesouro Educa+: quando vale a pena? Compare com outros investimentos

Veja as vantagens e desvantagens do novo título do Tesouro Direto em relação a outras aplicações financeiras.

O Tesouro Educa+ foi lançado no início deste mês como uma forma prática e de baixo custo para planejar a poupança para a educação dos filhos, seja uma faculdade, um intercâmbio e até um ensino médio particular.

O funcionamento do título é similar ao do Tesouro Renda+, lançado em janeiro e que já registra R$ 1 bilhão de aplicações, feitas por 52 mil investidores. A principal diferença entre os dois é o prazo de recebimento da renda a partir dos recursos acumulados e o prazo de vencimento dos títulos.

No Educa+ o intuito é criar uma reserva para ter uma renda mensal por um período de cinco anos, prazo máximo de um curso superior. Essa reserva pode se iniciar quando a criança nasce, ou seja, costuma durar 18 anos. O título mais longo do Educa+ tem prazo de 23 anos, pois somente vence após toda a renda ser distribuída ao longo dos cinco anos, além dos 18 dedicados à formação da reserva.

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No Educa+ o investidor não paga nenhuma taxa sobre a renda até o limite de quatro salários mínimos, ou seja, o valor atual de R$ 5.280. A partir dessa faixa salarial é cobrada uma taxa de 0,10% ao ano sobre o excedente.

O ´título é indexado ao IPCA e segue a tabela regressiva do Imposto de Renda, assim como outros títulos do Tesouro. Quanto mais tempo você manter o dinheiro aplicado no título, menos imposto irá pagar. A menor alíquota, de 15% sobre o rendimento, é cobrada após dois anos de investimento.

Mas como o novo título do Tesouro deve ser comparado a outros investimentos para quem tem esse objetivo financeiro? O que deve ser ponderado na escolha do investidor? Veja abaixo as vantagens e desvantagens do título em relação a outras aplicações financeiras.

CDBs, LCIs e LCAs

Se comparado a CDBs, LCIs e LCAs, o Educa+ se sobressai no quesito praticidade e custos, aponta a planejadora financeira Márcia Dessen. “Não existem CDBs no mercado por prazos tão longos. Então, o investidor precisará ficar reaplicando o dinheiro, e a todo momento que o título vencer incidirá o imposto conforme o prazo de aplicação, o que irá afetar parte do capital ao longo do tempo”.

Além disso, enquanto no Educa+ o objetivo financeiro é definido, investir para a educação do filho por meio de títulos de renda fixa pode fazer com que o dinheiro aplicado para o objetivo seja misturado a outros, o que dificulta a visualização do quanto de dinheiro já foi aplicado e quanto ainda precisará ser investido para que a meta seja atingida. “Essa é uma fortaleza do novo título”, diz Dessen,

Tesouro IPCA+

Ambos têm o mesmo indexador (IPCA) e a mesma tabela de impostos. Mas, diferente do Educa+, que é isento de taxa de custódia caso os títulos sejam levados até o vencimento, no Tesouro IPCA+ é cobrada uma taxa equivalente a 0,20% ao ano (apenas o Tesouro Selic é isento de taxa caso a aplicação seja menor do que R$ 10 mil. Acima desse valor é cobrada uma taxa apenas sobre o excedente).

Se os títulos do Educa+ não forem levados até o vencimento, é cobrada uma taxa de custódia proporcional conforme o tempo, o que ainda pode mantê-lo competitivo em relação a títulos do Tesouro IPCA+ em prazos acima de 7 anos:

Prazo até saída (anos)Taxa sobre valor de resgate (a.a)
0 a 70,5%
7 a 14 anos0,20%
Acima de 14 anos0,10%
Vencimento0%

A planejadora financeira Márcia Dessen aponta que na comparação entre ambos os títulos, o Educa+ ganha pela praticidade. “A renda será distribuída mensalmente por cinco anos, e continuará a ser corrigida. No Tesouro IPCA+, ela será resgatada de uma só vez, ou será necessário gerenciar os títulos conforme eles forem vencendo”.

Fundos de previdência

Os fundos de previdência são imbatíveis no quesito tributário para investimentos aplicados por mais de 10 anos. Neste período o imposto incidente é equivalente a 10%. No novo título do Tesouro Direto, a menor alíquota é de 15%.

Além disso, Luciana Seabra, sócia da Indê Investimentos, aponta que a tabela progressiva dos planos de previdência é isenta do pagamento de imposto renda até R$ 2.112 atualmente. “Ainda que esteja trabalhando em um estágio, é provável que o valor que o estudante receba não extrapole essa renda”.

Seabra aponta que existem fundos de previdência que podem distribuir renda durante o período determinado. Ela destaca ainda a possibilidade de deduzir as contribuições ao PGBL do imposto pago pelos pais. “Essa característica pode permitir muita economia ao longo de todo o prazo do investimento”.

Contudo, em qualquer fundo de previdência privada é cobrada uma taxa de administração. Caso ela seja de 1% ao ano, em 15 anos corresponderá a 15% do capital investido, enquanto no Educa+ ele será isento de taxas. “É muito dinheiro deixado na mesa”, diz Dessen.

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A planejadora financeira ressalta que a alíquota do tributo recai apenas sobre o rendimento das aplicações, diferente da isenção de outras taxas, que recaem sobre todo o capital investido. “A menor tributação não é suficiente quando se compara ao baixo custo do título caso a estratégia seja levada a cabo até o final. Se o fundo cobrar uma taxa baixíssima, de 0,5% ao ano, já será maior do que a diferença paga em imposto”.

Contudo, essa comparação só é válida caso seja considerado um fundo de investimento tão seguro quanto o título do Tesouro, que seja de renda fixa e invista em títulos públicos, por exemplo. No caso de fundos multimercado ou de ações, é necessário colocar uma potencial maior de rentabilidade na conta, diz Marília Fontes, sócia da casa de análises Nord. “Um investimento com um prazo longo, como o da educação dos filhos ou netos, permite tomar mais risco, pois minimiza o risco de oscilações de curto prazo”.

Seabra aponta que é sempre recomendável diversificar a carteira no caso de investimento. “Hoje temos fundos de previdência bons e ativos, com taxas de administração e valor de investimento mínimo inicial baixo. O investidor pode até usar uma parte do investimento no título, caso queira proteger mais uma parte dos recursos, mas também pode colocar parte do dinheiro em um fundo previdenciário”, aconselha.

“O ideal é resgatar aos poucos o dinheiro de forma que durante todo o período do investimento seja atingida a alíquota de 10% ou pelo menos a de 15%, que incide após oito anos de investimento, que é a mesma que seria paga no título do Tesouro”.

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