Organizar as contas

Como posso comprar um iPhone 15 só com meus investimentos?

Apesar do preço alto, é possível bancar um iPhone 15 desde que haja o planejamento financeiro adequado

Fotografia dos novos modelos do iPhone 15
Os novos modelos de iPhone 15, anunciados na última terça-feira (12) pela Apple

A Apple revelou o modelo dos seus novos iPhones e o preço, como sempre, chocou: o modelo básico custa a partir de R$ 7,3 mil; o Plus, a partir de R$ 8,3 mil; o Pro não sairá por menos de  R$ 9,3 mil, enquanto o Pro Max tem preço inicial de R$ 10.999,00. A versão com mais armazenamento do modelo mais caro pode chegar a R$ 13 mil.

Os preços salgados se justificam para alguns fãs da marca, enquanto outros consumidores acham um absurdo. Ainda que o preço pareça proibitivo para muitas pessoas, o Bora Investir tem boas notícias: é possível, sim, encaixar um celular novo e caro no orçamento

Segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, a compra precisa ser muito bem avaliada conforme o perfil do consumidor e sua condição financeira. Veja:

Em vez de parcelar, guarde 

Como a Apple mantém uma rotina anual de lançamento dos seus novos dispositivos, é possível poupar durante um ano inteiro para se preparar para a compra. “Além do alívio de não ver parcelas eternas ocupando o limite da sua fatura, quem se planeja para comprar, paga menos”, diz Antonio Sanches, analista da Rico

Além dos descontos à vista, de cerca de 10%, que podem ser oferecidos para os pagamentos por boletos ou Pix, reservar o dinheiro com antecedência e investi-lo faz com que o valor seja reduzido. Afinal, o investimento vai render e gerar mais grana por si só.

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O especialista fez uma simulação de alguém que se planejou por dois anos para comprar um novo celular, investindo a uma taxa de 1% ao mês. Neste caso, seriam necessárias aplicações mensais de R$ 467 para atingir o valor à vista do aparelho de maior preço, de R$ 12.599,10. Veja:

24 aportes mensais Valor acumuladoRendimentoSaldo total
R$ 467,00R$ 11.210,22R$ 1.388,88R$ 12.599,10
Fonte: Rico

Neste caso, seria necessário poupar R$ 11.210,22 ao longo de 24 meses para comprar um aparelho que custa R$ 13.999,00. O desconto sai por conta dos rendimentos de seus investimentos.

Sem investir o pagamento à vista sairia pelo valor cheio de R$ 12.599,10 e, para quem decidir parcelar, o desembolso seria de R$ 13.999,00. Ou seja: quem escolheu o parcelamento desembolsou R$ 2.788,78 a mais, valor 24,8% superior ao de quem investiu.

Onde investir para comprar um iPhone 15?

Sanches afirma que os investimentos de curto prazo destinados ao consumo de algum produto ou serviço precisam de liquidez, ou seja, a velocidade com que você consegue sacar seu dinheiro investido. 

“Quando você está planejando uma compra de curto prazo, essa é uma das características mais importantes, já que pode surgir uma promoção a qualquer momento com pagamento por PIX ou boleto e você vai precisar de acesso rápido a esse dinheiro”, afirma.

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Ele destaca a importância da previsibilidade do ativo: no longo prazo, a renda variável tem boa rentabilidade. No curto, nem tanto, dada a volatilidade. Por isso, a recomendação de Sanches é dar preferência a investimentos de renda fixa, com vencimento entre um e três anos.

Vale a pena comprar um iPhone 15?

Segundo a planejadora financeira da SuperRico, Paula Bazzo, depende. Isso porque o uso do celular varia com o cliente. Enquanto algumas pessoas veem o equipamento como uma ferramenta de trabalho, outras só a usam para fins pessoais.

“Muitos dos motivadores da compra tem a ver com comportamentos e interesses pessoais: aquilo que traz significado para a pessoa. É importante distinguir o que é o bem de consumo, cujo produto se extingue por si só, como o celular: que tem uma vida útil”, afirma.

Outra coisa são os bens que compramos pensando numa ampliação de renda, como um celular que vai proporcionar alguma facilidade tecnológica para trabalho, segundo explica Paula. “Isso vai me ajudar a produzir mais e trazer mais renda para o meu negócio. Nesse caso, o desembolso tem um viés completamente diferente do consumo pelo consumo”. 

Mas Bazzo reforça que não há nenhum problema comprar um lançamento caro, desde que o consumidor tenha condições para fazer a compra e ela não afete seu orçamento. Afinal, cada um utiliza seus recursos da forma que achar melhor para as coisas que achar mais interessante. 

“Mas, financeiramente, sempre existe a possibilidade de comprar um equipamento equivalente, em relação a funcionalidades e performance, com um custo mais acessível de uma versão anterior”, afirma.

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Qual a hora certa de trocar de celular? 

Existem muitas razões para querer trocar de telefone. Do ponto de vista da funcionalidade do aparelho, o ideal é comprar um novo quando o atual está com a bateria ruim, enfrentando lentidão para abrir e rodar aplicativos ou quando as atualizações já não se encaixam no sistema operacional.

Por isso, é preciso considerar a utilização do celular e se ele atende às necessidades do usuário. Afinal, pode ser que o novo modelo nem seja tão novo assim. “Geralmente, o lançamento não traz uma novidade tão grande a ponto de justificar um desembolso tão significativo. Às vezes, depois de um ano, você vai ter acesso a tudo isso com um preço bem melhor”, diz.

Ainda assim, ela ressalta que cada caso é um caso. No caso do iPhone, os melhoramentos, ainda que sutis, podem fazer diferença para determinados grupos já que o celular é uma ferramenta de trabalho de muitas pessoas. 

Além das situações objetivas, há as subjetivas, que tem a ver com o perfil do usuário. Neste caso, Bazzo recomenda cautela: “está tudo bem em gostar da última tecnologia da vanguarda ou buscar status pelo aparelho mais novo. Desde que, é claro, a preferência não ultrapasse o limite do bolso”, conclui. 

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