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Para onde vai o dólar? É hora de comprar?

Nas últimas duas semanas o sobe e desce do dólar mexeu com as expectativas de quem deseja viajar ou busca um ponto de entrada para investir na moeda americana. E agora?

Nas últimas duas semanas o sobe e desce do dólar mexeu com as expectativas de quem deseja viajar ou busca um ponto de entrada para investir na moeda americana (seja via fundos que aplicam lá fora ou BDRs) e criar a reserva de valor da sua carteira de aplicações.

Entre os dias 10 e 12 de abril a moeda americana recuou de R$ 5,07 para R$ 4,90. Pouco tempo depois subir novamente até que, no dia 19, voltou ao seu patamar atual, a cotação de R$ 5,07.

Diante desse cenário vem a clássica pergunta: ainda é um bom momento para comprar o dólar? A moeda americana pode se valorizar ainda mais? Segundo especialistas, a projeção é de que a moeda termine o ano no atual patamar ou acima dele, podendo chegar a R$ 5,30. Ou seja, na opinião de Antonio van Moorsel, estrategista-chefe da Acqua Vero Investimentos, é hora de comprar, sim.

Por que o dólar caiu?

Segundo Moorsel, o sobe e desce da moeda foi pontual e causado por uma euforia do mercado ante a apresentação do esqueleto do novo arcabouço fiscal.

Quando o texto foi enviado ao Congresso, na semana passado, já foi possível ver alguns detalhamentos que diminuíram as expectativas do mercado em relação às novas regras fiscais. Isso fez com que a moeda retomasse ao seu nível anterior.

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Andre Perfeito, economista-chefe da Necton, também aponta que a fala do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que não deveria cortar a Selic tão cedo colaborou para a valorização da moeda americana. “Com os juros alto, a bolsa sofre e o real se deprecia”.

O economista mantém a projeção de corte da Selic em junho e de taxa em 2023 em 12,5%. Na sua visão, quando a taxa começar a de fato cair, o dólar já terá se corrigido. “Portanto, vejo espaço para o dólar voltar a ganhar alguma força ao longo do segundo semestre, chegando ao fim do ano em R$ 5 mais uma vez”.

Por que o dólar está valorizado?

A valorização da moeda americana ante o real acontece por diversos fatores, internos e externos. O movimento de apreciação do dólar começou logo após a quebra do Silicon Valley Bank (SVB), que fez o Fed reduzir o ritmo de alta dos juros no país, analisa Moorsel, da Acqua Vero.

Em contraste, o Banco Central brasileiro reiterou o seu rigor, dizendo que apenas irá reduzir a Selic quando as expectativas de inflação estiverem ancoradas às metas. Essa diferença entre as duas políticas monetárias torna o Brasil mais atrativo para o investidor estrangeiro. Como resultado, a atração de mais dólares ao país desvaloriza a moeda americana por aqui e, portanto, o câmbio se valoriza.

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Além de maior possibilidade de rendimentos, já que a Selic permanece alta, o investidor estrangeiro também é atraído ao Brasil pelo choque de oferta promovido pela Opep, que valoriza os preços do petróleo e beneficia as petroleiras brasileiras. Por fim, a recuperação da China, principal parceiro comercial do Brasil, também tende a impactar de forma positiva as empresas brasileiras exportadoras de commodities.

O que pode mudar as expectativas sobre comprar o dólar? O BC resolver iniciar o corte da Selic mais cedo do que o esperado pelo mercado, o Fed aumentar os juros de forma mais intensa ou houver maior esclarecimento sobre de onde virá a receita do governo para cumprir as regras previstas no arcabouço fiscal. Fora esses pontos, a tendência é de que a moeda americana se mantenha valorizada ante o real até o final do ano.

Como comprar dólar?

Tanto no caso de uma viagem de férias como no de uma aplicação financeira para proteger o patrimônio a recomendação é que a compra seja feita aos poucos, diz Moorsel, da Acqua Vero.

“Podem haver novas quedas pontuais como a da semana passada. Esses momentos são oportunidade de compra. É importante ter a consciência que dificilmente vai acertar a crista onda, ainda mais em um cenário turbulento como o atual. Portanto, com compras parciais, é possível obter um preço médio interessante”.

O estrategista recomenda dolarizar investimentos. “Somos uma economia emergente, enquanto os Estados Unidos é a maior economia do mundo. Ter uma parte do patrimônio dolarizado é uma questão de segurança patrimonial”.

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