Renda fixa

Selic a 11,75%: o que fazer com os meus investimentos?

O Copom reduziu em 0,5 p.p. a Selic, ao menor patamar em dois anos. Confira onde encontrar oportunidades de investimento com essa mudança

As opções mais conhecidas são fundos de investimento, ETFs, COEs e BDRs. Foto: Pixabay

Nesta quarta-feira (13/12), o Comitê de Política Monetária (Copom) voltou a reduzir a Selic em 0,5 ponto porcentual, para o patamar de 11,75%. Agora, a taxa básica da economia brasileira se encontra no menor patamar dos últimos dois anos. A redução nessa magnitude já era amplamente esperada pelo mercado. No entanto, os juros mais baixos podem levar a mudanças na estratégia de alocação de seus investimentos em renda fixa.

Confira a análise de especialistas para decidir, neste novo cenário, quais as melhores oportunidades de investimento de acordo com seu perfil de investidor e objetivos.

Renda fixa

Com a Selic em ritmo de queda, as oportunidades na renda fixa começam a rarear. Mesmo assim, é importante lembrar que o patamar ainda é elevado.

IPCA+: potencial de valorização na marcação a mercado

Para Christopher Galvão, analista de renda fixa da Nord Research, os títulos do tipo IPCA+, que pagam a variação da inflação mais um juro real sobre o valor aplicado, são os mais interessantes no momento.

“Os títulos IPCA+ são onde vemos as maiores possibilidades de marcação a mercado com a queda do juro real. Nesses ativos, já houve uma correção recente na marcação a mercado [com a queda nas expectativas de juros em novembro], mas não foram tão relevantes”, diz.

Além disso, os títulos ainda oferecem rentabilidade real acima da média: no Tesouro Direto, todos os vencimentos têm taxa real superior a 5% ao ano.

Porém, como esses papéis podem oferecer volatilidade ao longo do tempo, Galvão diz preferir vencimentos até 2035. “No Tesouro Direto, o título para 2045, mais sensível a oscilações, oferece um prêmio não tão diferente do vencimento 2035, por isso acredito que não compensa o risco a mais”, diz.

Segundo Igor Cavaca, head de gestão de investimentos da Warren, o mercado atualmente oferece taxas atrativas principalmente no médio e longo prazo, para aqueles investidores que possam abrir mão de liquidez e manter o capital alocado por mais tempo.

+ Como e por que diversificar investimentos com a renda fixa?

Prefixados perdem atratividade

Os títulos prefixados, por outro lado, vêm perdendo a atratividade, dizem os especialistas.

Para Cavaca, da Warren, esses papéis já precificam taxas muito parecidas com o que o mercado espera da trajetória dos juros. “Começamos a ver a relação risco e retorno menos atraente, com as movimentações nas taxas oferecidas ocorrendo de acordo com as sinalizações do BC”, diz.

Pós-fixados seguem na carteira dos mais conservadores

Mesmo com o cenário de queda da Selic, no entanto, os títulos pós-fixados, aqueles que acompanham a variação da taxa básica de juros, seguem como importante instrumento para investidores mais conservadores e para a parcela da carteira com maior liquidez.

André Meirelles, diretor de Alocação e Distribuição da InvestSmart, lembra que apesar da perspectiva de baixa, “o patamar de juros ainda é alto, por diferentes métricas”.

Crédito privado

Ainda falando na renda fixa, cabe um comentário sobre o mercado de crédito privado. Depois de um 2023 conturbado, a queda da Selic começa a aliviar as contas das empresas e com isso voltam a surgir mais oportunidades de investimentos nessa área.

“Uma alternativa para quem busca maior rentabilidade na renda fixa é sair de produtos de emissão bancária, com cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e ir para o crédito privado”, diz Meirelles, da InvestSmart.

Ele ressalta, no entanto, a necessidade de uma boa análise da saúde financeira da empresa emissora do título. “As empresas muito endividadas podem ter um alívio [com a queda da Selic], mas ainda têm balanços muito machucados”, diz.

Galvão, da Nord, também faz o alerta da seletividade na hora de escolher os papéis. “Saindo das emissões high grade [das empresas com score de crédito maior], há taxas interessantes, mas é preciso dosar. Se a empresa está oferecendo uma taxa maior, há um motivo. Pode valer a pena, mas é preciso fazer a análise”, diz.

+ Como equilibrar a renda fixa e variável durante a queda de juros

Renda variável

Para Meirelles, ainda que as taxas de juros permaneçam elevadas, em algum momento “as pessoas físicas vão começar a se perguntar onde está aquele torno de 1% ao mês”. Além das opções mais arriscadas na renda fixa, uma alternativa é a renda variável.

Com isso, a fatia de renda variável pode ganhar espaço em 2024. “O ano de 2023 foi muito complicado para os ativos de risco, mas com os movimentos dos bancos centrais aqui e nos Estados Unidos, isso acabou movimentando a dinâmica. Acreditamos que os eles vão ganhar mais cena nas carteiras”, diz Cavaca, da Warren.

Para quem aceita um pouco mais de risco, Meirelles sugere avaliar opções como os fundos imobiliários (FIIs) e os FIAgros. São produtos que reúnem características de renda fixa, com a distribuição mensal de dividendos, e de renda variável, por terem suas cotas negociadas na bolsa.

Além disso, há o investimento em ações. “Mas é preciso ter atenção e escolher os papéis, porque com o patamar atual, a Selic ainda  machuca bastante o resultado de algumas empresas, em especial as mais endividadas”, diz o diretor da InvestSmart.

Quer saber mais sobre educação financeira? Os conteúdos gratuitos do HUB de Educação Financeira da B3 podem ajudar!

Sobre nós

O Bora Investir é um site de educação financeira idealizado pela B3, a Bolsa do Brasil. Além de notícias sobre o mercado financeiro, também traz conteúdos para quem deseja aprender como funcionam as diversas modalidades de investimentos disponíveis no mercado atualmente.

Feitas por uma redação composta por especialistas em finanças, as matérias do Bora Investir te conduzem a um aprendizado sólido e confiável. O site também conta com artigos feitos por parceiros experientes de outras instituições financeiras, com conteúdos que ampliam os conhecimentos e contribuem para a formação financeira de todos os brasileiros.