Como fica a rentabilidade do Tesouro IPCA+ e Prefixado com a alta da Selic?
Analistas explicam em quais títulos veem mais oportunidades
Após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em elevar a Selic em 0,25 ponto porcentual, para 10,75% ao ano, as taxas oferecidas pelos títulos do Tesouro Direto tiveram leve aumento na manhã desta quinta-feira (19/09).
“A decisão estava bastante precificada, minha visão é que foi positivo o BC deixar a porta bem aberta para os próximos passos”, afirma Mauro Orefice, Portfolio Manager da B.Side Wealth Management. Sobre o movimento das taxas hoje, ele diz ser “um ajuste muito pontual”, e não espera grandes movimentações nos próximos dias.
Mesmo assim, Orefice diz ver boas oportunidades nos títulos prefixados e atrelados à inflação. Confira.
Tesouro prefixado de curto prazo
Segundo Orefice, os títulos prefixados de prazo mais curto, entre 1 ano e meio a 2 anos oferecem um bom ponto de entrada nesse momento. Nesta manhã, o Tesouro Prefixado para 2027 tem taxa de 11,91%.
Hoje, a Selic está em 10,75% ao ano. Segundo ele, a maior parte do mercado projeta mais duas elevações de 0,25 p.p. da taxa neste ano – o que levaria a Selic a 11,25%. Portanto, como a taxa prefixada está mais elevada do que isso, pode ser uma boa oportunidade.
Há, contudo, risco de o cenário piorar e levar o Copom a acelerar o ritmo de altas ou estender o ciclo de aperto monetário. Por isso, para prazos maiores, Orefice sugere cautela. “Mesmo quem quiser comprar e carregar [até o vencimento], a comparação com o Tesouro Selic pode machucar muito”, diz. Isso porque, se o BC elevar a taxa acima dos 11,91% precificados agora, o Tesouro Selic pode render mais do que o Prefixado no longo prazo.
Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, destaca ainda que hoje, houve uma elevação mais acentuada nas taxas de curto prazo, na comparação com as de médio e longo prazo. Segundo ele, esse movimento foi motivado por dois fatores. Em primeiro lugar, a leitura mais hawkish do comunicado, já que “o Copom deixou aberta a possibilidade de subir a Selic em 0,5p.p. e aumentou as chances de a Selic terminar o ciclo acima de 12%”. Em segundo lugar, ele vê uma “maior confiança dos investidores no controle da inflação no futuro”.
Tesouro IPCA+ segue atrativo
“Particularmente, acho que o IPCA+ é a melhor opção”, diz Orefice. “Apesar de também ser volátil, o IPCA+ com juros reais acima de 6% é muito mais confortável [do que o prefixado]”.
Isso porque esse tipo de título oferece proteção mesmo se o cenário mudar – tanto para um de inflação e Selic mais altos quanto para uma inflação e juros mais baixos.
“Hoje, a gente vê os títulos atrelados à inflação como uma excelente proteção contra a perda do poder de compra ao longo do tempo para o investidor”, afirma Antonio Sanches, analista de alocação da Rico. “Então esses títulos continuam muito importantes e acabam trazendo uma taxa bastante atrativa no momento”. As melhores oportunidades, na análise da Rico, estão nos títulos de 4 a 6 anos.
Além disso, Sanches alerta que são raras as vezes em que os títulos do Tesouro IPCA+ oferecem rentabilidade real acima de 6% ao ano.
“Lembrando que é sempre importante nesses títulos que o investidor alinhe o investimento dele com o horizonte de investimento esperado, ou seja, com que ele alinhe o vencimento do título para quando ele deseja realmente resgatar esse investimento, porque ao longo do tempo esses títulos vão sofrer o efeito da marcação a mercado, o que pode fazer com que ele tenha prejuízo”, alerta Sanches.
Por outro lado, Orefice vê boas oportunidades na marcação a mercado no futuro. “Não vejo a taxa indo para 7% ou 8%, então pode ter uma marcação a mercado se houver um fechamento da curva [redução da parcela prefixada do IPCA+]”, explica Orefice. “Se tem um papel de 20 anos e houver um fechamento de 1% na taxa, isso representa uma alta numa ordem de 20% no preço do papel”.
Pós-fixado para quem quer liquidez
Esse cenário positivo para os títulos prefixados e indexados à inflação não significa que o Tesouro Selic não tem espaço na carteira. “Principalmente para quem precisa de liquidez, e carregar caixa com essa taxa atual de juros é super confortável”, diz Orefice.
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