Queda da Selic à vista? É hora de investir no Tesouro Prefixado?
O mercado já projeta cortes da Selic no segundo semestre. Mas a preferência tanto da casa de análises Nord como do Santander é por títulos Tesouro IPCA+.
Por Marília Almeida
Nesta quarta-feira, 3/5, o Comitê de Política Monetária (Copom) decide mais uma vez o rumo da Selic. A expectativa é de que a taxa de juros seja mantida em 13,75%. Contudo, o mercado já projeta cortes no segundo semestre. Nestes momentos, os títulos prefixados dão mais rendimentos aos investidores do que o Tesouro Selic. Com a queda dos juros à vista, é hora de investir nestas aplicações?
Para especialistas, depende. A preferência tanto da casa de análises Nord como do Santander é por títulos Tesouro IPCA+. Mas a Blackbird Investimentos acredita que pode ser, sim, a hora de adicionar um pouco desses títulos à carteira de investimentos.
Christopher Galvão, analista de renda fixa da Nord, argumenta que o risco retorno do Tesouro Prefixado não é tão convidativo quanto o do pós-fixado indexado à inflação. “Para o prefixado ter um bom rendimento, depende de uma melhora no ambiente econômico e uma queda consistente dos juros futuro. Já o Tesouro IPCA+ terá um bom desempenho não necessariamente por conta de uma melhora no cenário”.
Ele cita como exemplo o momento em que o ex-presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, pressionou a Selic para baixo, indo contra o direcionamento econômico, em 2012. “Naquela época houve uma queda de juro real sem que houvesse melhora do cenário econômico, o que levou a inflação para cima”.
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A Nord acredita que possa haver uma queda ‘forçada’ dos juros novamente. “O próximo presidente do BC, que será escolhido pelo presidente Lula, pode atuar dessa forma”, diz Galvão. O presidente Lula vem reiterando críticas sobre o atual nível da Selic.
Uma queda da Selic antes do tempo indicado aumentaria inflação, o que beneficiaria os títulos indexados ao índice de preços, conclui Galvão. “Portanto, é melhor investir nestes títulos agora do que nos prefixados”.
Os analistas do Santander, em relatório, apontam que continuam a preferir o Tesouro IPCA+ principal vencimento 2035. “A razão para não escolhermos o prefixado, por ora, é porque as taxas de juros reais seguem atrativas ao oferecerem retornos de “inflação + 6% ao ano”, aponta Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora.
Apesar dos últimos relatórios Focus do BC sinalizaram uma pausa na deterioração das expectativas de inflação para longo prazo, os riscos de tramitação do novo arcabouço fiscal, possível alteração das metas de inflação, e a Reforma Tributária exigem ainda alguma cautela de alocação, complementa Peretti. “Dito isso, ainda preferimos o risco/retorno dos indexados à inflação do que os prefixados”.
Sharon Halpern, sócia e private banker da BlackBird Investimentos, pondera que, ainda que a inflação não tenha cedido, o investidor que não aplicar em prefixados agora pode perder uma janela de entrada para travar uma taxa maior por mais tempo. “Recomendamos investir em prefixados tanto via Tesouro como por meio de títulos de crédito privado. A janela vem fechando, mas ainda está atrativa”.
Atualmente, as taxas pagas pelo Tesouro Prefixado variam de 11,72% a 12,18% ao ano, conforme o vencimento. Já o Tesouro IPCA+ pode pagar o índice de preços mais uma taxa que varia de 5,7% a 6%.
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